Se voltar a chover a culpa será do “Sofá”, de novo.
Saiu no Jornal da Tarde:
Metade dos piscinões está tomada pelo lixo
- 7 de junho de 2010 |
Felipe Oda e Pedro Marcondes
Cinco meses após o prefeito Gilberto Kassab (DEM) determinar a limpeza dos 19 piscinões da capital, oito dos 18 equipamentos a céu aberto – o 19º, no Pacaembu, zona oeste, é subterrâneo – estão sujos. Na época, uma vistoria da Prefeitura detectou problemas de manutenção nos reservatórios do Bananal, na zona norte; Cedrolândia, zona oeste; Jabaquara, zona sul; e Oratório, Caguaçu, Limoeiro e Aricanduva V, na zona leste. Os contratos com quatro empresas responsáveis pela limpeza do Bananal e Cedrolândia foram cancelados e Kassab também notificou os encarregados pelo serviço nos demais piscinões. Além disso, a Prefeitura também atribuiu ao longo período de chuvas em São Paulo o mau estado de conservação dos equipamentos. “Ninguém vai encontrar um piscinão brilhando nesta época do ano”, disse à época o coordenador de drenagem da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, Domingos Gonçalves, em entrevista ao JT.
Para o professor de saneamento e instalações hidráulicas Francisco José de Toledo Piza, a chuva não pode ser usada como desculpa pela falta de manutenção. “Todo equipamento público precisa de manutenção constante. A limpeza não pode ser realizada apenas no período de estiagem”. De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), a capital registrou neste ano 51 dias sem chuva. Na semana passada, a reportagem percorreu todos os equipamentos a céu aberto e verificou que a promessa de limpeza não foi cumprida nos piscinões Aricanduva III, Aricanduva V, Bananal, Cedrolândia, Guaraú, Jabaquara, Jardim Maria Sampaio e Oratório.
No entanto, por meio de nota, a pasta de Coordenação afirma que os serviços de manutenção foram ou serão realizados nos locais. Não é o que dizem os moradores da Rua Batista Fergusio, na Vila Cardoso Franco, zona leste, vizinhos do piscinão Oratório. “Limpeza mesmo só no começo do ano. Depois … Dá uma olhada no estado do piscinão. É um esgoto, um lixão e não um piscinão”, afirma o caixa de supermercado Antonio Maria de Santos, de 57 anos.
O lixo acumulado também indica a falta de manutenção no reservatório Jardim Maria Sampaio, no Campo Limpo, zona sul. Moradores da Rua Jorge Arida, vizinha do local, dizem que a última limpeza foi há três meses. “O cheiro, quando carregam os carros com o lixo, é muito forte”, diz a estudante Sandra Regina da Cunha, de 23. Além disso, os vizinhos dos reservatórios sujos sofrem com mosquitos, ratos e a insegurança. “A sujeira traz mosquitos e ratos. Fora o matagal que é esse piscinão (Aricanduva II). De noite dá medo da escuridão”, diz a dona de casa Valquiria Alves, de 26.Para o consultor em geologia de engenharia e geotecnia Álvaro Rodrigues dos Santos, pelos problemas que trazem, os piscinões não podem ser considerados a solução para as enchentes. “O piscinão é uma alternativa, mas não deve ser tratada como a principal. O modelo dos equipamentos é um atentado urbanístico, além de ser contra a saúde pública.” Para Santos, a Prefeitura deveria combater a impermeabilização do solo e estimular a construção de pequenos reservatórios residenciais e comerciais. “A Prefeitura deve parar de trabalhar sobre as consequências e focar os esforços nas causas das enchentes.”
Nem todos os piscinões são criticados por seus vizinhos. Caso do Rincão, na Penha, zona leste, que tem uma estrutura de lazer que agrada aos moradores. “É um equipamento integrado ao desenho urbano, como deveriam ser os outros. É preciso pensar nos piscinões além da função de reter água”, afirma o urbanista Valter Caldana.
Colaborou Bruno Ribeiro
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