Alguém topa iniciar um movimento por reforma política?
Quem colocou o cachorro na cadeira? |
Buscarei ser didático para explicar a(s) escolha(s).
Isso se chama política de coalizão. Significa que um Partido para chegar ao poder, ou ainda, para exercê-lo, exceto quando tem maioria de vereadores, deputados ou senadores, é obrigado a compor o governo com lideranças de outros partidos. O PT elegeu 11 dos 55 vereadores (20%). Precisará de 28 para aprovar qualquer projeto (50%+1). Sejam planos de carreira, integração da educação infantil, construção de 172 creches, 55 mil moradias do Minha Casa Minha Vida, Profuncionários para profissionais de apoio à educação, investimento em metrô, redução de ISS para empresas nas periferias, Bilhete Mensal, ou reajuste de servidor. Essas lideranças de outros partidos normalmente são ou representam aquelas eleitas pela população. Não foram eleitas necessariamente com o objetivo ou a bandeira de aprovar os projetos do Prefeito eleito, mesmo se estabelecendo como liderança pelo voto da população.
Sem uma cultura política, ou melhor, com uma cultura anti-política, os motivos para se votar em alguém são os mais diversos, geralmente distintos dos interesses da cidade. Por exemplo, apesar do Tripoli do PV ter sido liderança do governo Kassab, o que a princípio indicaria ser oposição a Haddad, ele foi o mais votado da cidade com 132.313 votos por causa de um projeto de hospitais para cães em uma cidade em que o descaso com a saúde humana é patente. Parte da população preocupada com os bichinhos estaria representada na Câmara, mas seu candidato será secretário do verde e meio ambiente na prefeitura petista. Para mim, isso é mais chocante do que a escolha do Netinho. Mas como o Tripoli não frequenta o TV Fama ou as páginas da Contigo, talvez não mereça o destaque que eu acho que merecia sua nomeação.
Netinho de Paula do PCdoB, por sua vez, teve 50.698 votos simplesmente porque é um famoso e continua a ter muitas fans, mesmo batendo em mulher e em quem tentar fazer graça com ele. Apesar do seu histórico, sua escolha parece mais coerente já que a Vice Prefeita eleita é do seu partido e presumo a adesão intrínseca ao programa de governo, diferentemente de Tripoli.
Também dói supor que por conta de 1 minuto e meio a mais de propaganda diária (necessários para eleger um candidato que tinha 3% em fevereiro quando a maioria não sabia quem esteve à frente do MEC nos anos anteriores), teremos um Secretário do PP de Maluf. O ex-governador e ex-prefeito mantém sua força política após os 497 mil votos obtidos em 2010, pelo fato de existirem ainda, pelo menos meio milhão de paulistas malufistas de carteirinha e também porque os heróis e justiceiros de plantão no jornal nacional não o condenaram, apesar dos bilhões na Suíça e de estar na lista da Interpol.
Haddad vai precisar ainda, do PSB, e por isso, Eliseu Gabriel será secretário, nome ao qual não aponto restrições. A filha do Temer do PMDB será secretária pelo apoio de Chalita no 2º turno e porque o PMDB é um dos maiores partidos mesmo sem eleger para o executivo nenhum cargo importante nas últimas duas décadas. Isso porque é o partido que mais se beneficia de políticas de coalização da direita à esquerda, não importando partido ou projeto no poder. A filha do falecido Dr. Pinotti, secretário de educação na curta permanência de Serra, também estará no governo. Mesmo as escolhas de nomes dentro do PT se dão pela lógica eleitoral. Ou seja, Haddad não teve 100% dos votos e o PT não tem a maioria da bancada. Parece ironia, mas o governo Haddad representará bem a vontade popular incluindo na sua composição as lideranças bem votadas. Ao menos será para executar o plano de governo eleito pela maioria, ainda que a maioria do eleitorado não tenha lido o plano de governo. Se há contradições nessa miscelânea e heterogeneidade, nada mais é do que a expressão das urnas.
Aceita-se o fato?
Não. De maneira alguma!
Espero que as pessoas fiquem de fato indignadas com as políticas de aliança e coalizão que até o PSOL passou a adotar depois de assumir capitais. É o fato desse sistema político e eleitoral que despolitiza, não representa e corrompe, e que merece uma reação forte. Mas que não seja apenas para usá-la como subterfúgio ou pretexto de desconstruir o PT, querendo lhe atribuir a responsabilidade pela realidade da estrutura político-partidária no Brasil. O papinho furado de anti-petista oportunista é muito chato. É desculpa para fazer oposição sem assumir siglas ou responsabilidade. O povo que votou no Serra prefere não revelar o voto para não ter que explicar, dentre tantas coisas, porque seu candidato procurou o apoio de Maluf tantas vezes antes de Lula e Haddad. Mais fácil é descer o pau no PT. Assim como fez Serra, na falta de proposta, desconstrua o adversário. O mais interessante é que, até hoje, eu somente ouvi propor mudanças, os petistas, como Paulo Teixeira ou o próprio Lula, assim como outros parlamentares da campo popular democrático como Erundina, que querem pautar a reforma política. Será que os indignados com as composições políticas querem mesmo mudar isso?
Desde de que criei meus blogs em 2010, postei inúmeros artigos sobre reforma política. Falo para as paredes ou para os meus amigos blogueiros progressistas. Não vejo uma manifestação sequer no Facebook defendendo o financiamento público de campanha para retirar o capital privado das eleições que alimenta e retroalimenta os esquemas de corrupção e de caixa 2. Não lembro de uma discussão nas redes sociais, exceto pelos blogs progressistas sobre o voto em lista para que as pessoas deixem de votar no palhaço, no “rouba, mas faz”, no vereador do cachorrinho ou no candidato do programa de televisão, e sejam obrigadas a escolher um partido para compor as cadeiras dos parlamentos em torno de um programa de governo. Ninguém quer saber se seria importante ou não o voto distrital. Enquanto isso, as Câmaras, Assembleias, Congresso e Senado permanecem cheios de representantes de ruralistas, igrejas, canais de televisão, grandes corporações, empreiteiras, eleitos pelo povo graças ao poder econômico, mas sem nunca representá-los. Prontos a vender sua ideologia política por cargos, emendas ou em espécie mesmo. Estarão eles por mais décadas barrando qualquer discussão de reforma democrática, porque isso eliminaria suas carreiras políticas e seu ganha-pão. Quem os deveria pressionar nas ruas ou mesmo nas redes sociais, não manifesta real indignação. Calam-se até a conveniência da expiação de bodes ou o oportunismo dos discursos difamatórios e desconstrutivos. Eu me disponho a contribuir para realizarmos um grande debate sobre reforma política e eleitoral na rede. Alguém mais topa?
Eu topo, Serginho, mas não faço parte de redes sociais.
ResponderExcluirNo entanto, acho saudável ter este espaço que você criou, para discutir esta e outras questões de nosso interesse.
Vale aqui, então, não é?
Quanto a este tipo de provocação, contrariando o que ensina a prudência política, às vezes é oportuno refutar, sim, como você fez no presente caso, que é, para além das provocações, uma boa oportunidade para uma esclarecedora discussão, que pode arrancar da inércia reprodutora de parasitismos e preconceitos, sempre tão nocivos à emancipação da consciência política coletiva.
Boas palavras as suas.
Assino embaixo.
Oi, Suely! Fico feliz com sua participação. Além das redes sociais a ideia é que possamos realizar debates. Vamos tentar organizar um para o ano que vem. Colocarei aqui no blog, assim que acontecer. Um grande abraço!
ExcluirSerginho, vai aí uma contribuição de leitura para a questão que você propôs discussão:
ResponderExcluirhttp://www.cartacapital.com.br/politica/reforma-politica-o-que-esta-em-jogo/
Vale conferir
Já tive acesso a esse texto e o divulguei no Facebook. É o tema que precisamos encarar.
ExcluirEntão vamos lá!
ResponderExcluirConte comigo.
Mas não se esqueça de me avisar, certo?
Eu não tenho Facebook, lembra-se?
Só um Feetbook, já bem surrado...