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Eduardo Guimarães: A quem interessa desagregar a blogosfera?
por Eduardo Guimarães, no blog da Cidadania
Luis Nassif teve uma atitude corajosa e humilde ao assumir um erro que fatalmente cometeu ao transformar em post o comentário de um leitor seu que inseriu na blogosfera um termo que, até então, só os mais versados na luta das mulheres por igualdade conheciam: “feminazi”. A partir desse episódio, produziu-se uma trama cada vez mais intrigante.
Nassif errou, demorou a corrigir o erro e, assim, teve que assumir e deixar para o público o julgamento sobre se deve ou não ser desculpado, já que não matou ninguém nem pregou opressão das mulheres, ainda que tenha dado espaço a uma caricatura de um movimento necessário como o dessas que tanto sofrem ainda em pleno século XXI.
Mas o que me preocupa não é isso. O que me levanta suspeita é a quem interessaria prolongar uma discussão tão tremendamente estéril que, como primeira conseqüência, já causou uma baixa de expressão em um movimento que se autodenominou “blogosfera progressista” por decisão de mais de 300 blogueiros de todas as partes do país que se reuniram em agosto em São Paulo e que votaram – eu disse que VOTARAM – por se autodenominarem “progressistas”.
Nassif não quer mais nada com o peixe. E não é o único blogueiro de projeção nacional a não querer. Não cito quem são os outros porque não lhes tenho autorização, mas garanto que são aqueles que atraíram para a blogosfera o público que ela auferiu por serem pessoas de projeção pública, jornalistas de renome que tiveram boa intenção e se ferraram por isso.
No começo, pensei que tudo fosse só produto de quatro tipos de pessoas que declararam guerra não só ao Nassif, mas à comissão organizadora do 1º Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas. A saber:
1 – Os que esperavam lucrar mais com o Encontro inserindo-se em um grupo fechado que acreditavam existir, mas que jamais existiu – a comissão organizadora do encontro dos blogueiros progressistas foi constituída episodicamente e, ao fim do evento, decidiu-se que nos próximos seria renovada.
2 – Militantes e não militantes de boa-fé e que ficaram legitimamente contrariados com o erro claramente involuntário cometido por Nassif – estes, ativeram-se a criticar Nassif e só a ele e de forma educada.
3 – Desafetos antigos do Nassif que aproveitaram seu tropeço para acertarem velhas contas consigo, em uma atitude covarde e desleal, e que chegam ao ponto de escrever textos imensos culpando-o pelo sofrimento de todas as mulheres só porque publicou o malfadado post.
4 – Os contrariados com a escolha dos blogueiros que entrevistaram Lula, que não se conformaram por não estarem entre os escolhidos e que não entenderam como nasceu esse encontro e, por isso, não entenderam tal escolha.
Vale explicar uma coisa: a primeira pessoa a lançar uma proposta informal de uma entrevista de blogueiros com Lula foi Eduardo Guimarães há mais ou menos uns dois anos.
Acontece que descobri ter um leitor assíduo que trabalhava no Palácio do Planalto e que um dia me procurou para me convidar a tomarmos um café e batermos papo. Fui ter com ele e, durante o papo, abordei possibilidade que já tinha comentado com amigos como Rodrigo Vianna, Luiz Carlos Azenha, Conceição Lemes, Renato Rovai e Altamiro Borges, entre outros, de o presidente conceder uma entrevista à blogosfera.
Como de costume, comecei a “agitar”. Falei com mais pessoas, tais como, por exemplo, alguém que era sempre bem recomendado inclusive pelo Nassif, um acadêmico e blogueiro de Minas chamado Idelber Avelar.
Convidei todos para uma reunião em meu escritório, da qual todos disseram que participariam. Entretanto, só compareceram o Altamiro e o Rodrigo porque os outros tiveram problemas para comparecer.
Meu leitor que trabalhava no governo me disse que deveria encaminhar uma proposta à Secom, pois achava que ela poderia frutificar devido à vontade do presidente Lula de incentivar o surgimento e a consolidação das mídias alternativas.
Contudo, como não tinha experiência de manter interlocução com governos, fui deixando o assunto pra lá até que acabei não encaminhando nada à Secom.
Lá pra junho deste ano, se bem me lembro, o Miro (Altamiro Borges) convocou uma reunião no restaurante paulistano Sujinho para discutirmos idéia sobre a qual o Azenha sempre falava, de os blogueiros com maior notoriedade se empenharem para dar espaço aos blogueiros ainda pouco conhecidos que estavam surgindo e que tinham ideologias e posições políticas próximas, ainda que desiguais.
Durante aquele jantar, formou-se o embrião da comissão organizadora do encontro de blogueiros que o Azenha pretendia que fosse igual ao que contou com o apoio de Barack Obama durante a última campanha eleitoral à presidência dos EUA.
Mas como fazer para realizar esse encontro? Dificilmente muitos blogueiros de outros Estados poderiam arcar com despesas de avião, hotel, refeições em restaurantes etc. Havia que conseguir recursos, organizar a relação das pessoas que viriam etc.
Azenha e Paulo Henrique Amorim, que num segundo momento juntou-se a nós, não hesitaram em tirar do bolso três mil reais cada um. Azenha, particularmente, sempre tentou dar notoriedade aos blogueiros que estavam chegando – primeiro, através do Sivuca e, depois, através de uma seção que criou em seu blog que chamou de Palanque, se bem me lembro.
Mas era pouco dinheiro o que doaram Azenha e PH e os outros não tínhamos condição de imitá-los. Então, eu, a Conceição Lemes, o Altamiro Borges e a Conceição Oliveira saímos a campo em busca de recursos. Particularmente, fui um dos que mais doações de 3 mil reais conseguiu.
Fomos a empresas, a sindicatos e, a duras penas, juntamos recursos para o evento.
Nada disso teria sido possível sem o apoio do Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé, presidido pelo Miro, pois a estrutura que se montou para dar transporte, hospedagem e alimentação a centenas de pessoas, só tendo uma organização como essa por trás.
Ao fim do encontro, em jantar de avaliação da obra que cometêramos, o Rovai comunicou que levara adiante a idéia que abandonei e que recebera um parecer positivo da Secom. Para dar ainda mais força à associação de blogueiros progressistas que surgira, decidimos que assim nos apresentaríamos durante a entrevista.
Como o encontro de blogueiros nasceu em São Paulo e o governo queria representantes de outros Estados, convidamos o Cloaca, o Túlio Vianna, o Altino Machado, o Leandro Fortes, o Pierre Lucena e o José Augusto (Amigos do Presidente Lula). Azenha, PH e Nassif abriram mão de participar em favor deles e criamos mais “vagas” do que pretendíamos, para dez blogueiros.
Eu mesmo não pretendia participar. Tinha que viajar para a Argentina a trabalho porque devido à campanha eleitoral deixei meu ganha-pão de lado e as empresas que represento estavam me cobrando queda nas vendas. Além do que, alguma coisa me dizia, desde 2 anos antes, que haveria uma comoção entre os que ficassem de fora.
O Rovai e uma pessoa que não posso nominar – e que foi decisiva para eu rever minha decisão de não comparecer – pediram-me encarecidamente que desse um jeito de participar da entrevista. E até por eu ter vários leitores no governo, incluindo o ministro Franklin Martins.
Enfim, contei essa história para que todos entendam como surgiu esse grupo que se autodenominou “progressista” e que teve tal denominação aprovada por expressiva maioria dos 300 blogueiros do Encontro de agosto, e como logramos extrair do Palácio do Planalto a entrevista que o presidente Lula nos concedeu.
Contudo, há uma figura que me levantou suspeita nesse espantoso caso “feminazi”. O tal de Idelber Avelar, com quem só falei uma vez até hoje. Ele aproveitou para acertar alguma conta antiga com Nassif e ainda envolveu gente que não publicou post nenhum divulgando o termo doentio, os blogueiros progressistas.
Qual o interesse desse sujeito? Quem ele pensa que é para apontar o dedo para gente que nem conhece e fazer acusações sobre nada? E o que é pior: de forma covarde e esquizofrênica, sem dar nomes aos bois e baseado apenas em suas idiossincrasias. A quem interessa, pois, desagregar uma blogosfera progressista da qual até o governo Lula reconheceu a relevância?
PS meu, Eduardo Guimarães: o Nassif só cometeu um erro imperdoável, de não ter citado a jornalista Conceição Lemes, que o PH bem chamou de “a alma” do encontro dos blogueiros e que já produziu as melhores reportagens da blogosfera brasileira no Viomundo. Mas devido ao assédio que Nassif vem sofrendo, é compreensível.
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