quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A GREVE CONTINUA

Publicado em terça-feira, 30 de agosto de 2011

 

Os trabalhadores foram unânimes. Diante de mais um ato de desrespeito do Prefeito Kassab, cerca de quatro mil servidores presentes em assembleia decidiram pela continuidade da greve. A proposta do governo foi a mesma apresentada no dia 18 de agosto. Reajuste de 11,23% a partir de 2012 e apenas para quadros da saúde. Isso significa que em 2011 o reajuste é ZERO.

Passeata dos funcionários da PMSP na Rua São Bento, centro de São Paulo, dia 30 de agosto.

Os trabalhadores da saúde presentes ficaram indignados. Agentes de Apoio, AGPPs e Especialistas, ou seja, o nível básico, médio e universitários dos quadros gerais da Prefeitura ficam sem nada. São mais de 25 mil trabalhadores da ativa e aposentados.  Os servidores ficaram revoltados e decidiram dar continuidade ao movimento de greve e envolver mais colegas neste dia 31 de agosto. Também neste dia às 13 horas, os comandos de greve eleitos nas unidades estarão reunidos no Sindsep para se organizarem. Dia 1º de setembro, às 10 horas em frente ao Gabinete do Prefeito haverá nova assembleia para avaliar o movimento.

Foi atendida pela SEMPLA uma comissão constituída pela diretoria do Sindsep e por representantes dos trabalhadores presentes. A comissão chegou a sugerir que o governo parcelasse os 39,7% que a PMSP nos deve desde 2005, como já fez com a Educação e GCM que tem reajustes anuais superiores a 10%. Depois de conversar com o Secretário Rubens Chammas por vinte minutos, os representantes do governo voltaram para a sala de negociações dizendo que era impossível atender nossas reivindicações. Pediram para suspender a greve e deixar a conversa para setembro. Um absurdo. Todos sabemos que dinheiro há. O valor dos imóveis explodiram em São Paulo, e a PMSP ganha com cada compra e venda. Os impostos aumentaram. Tem inspeção veicular todo ano sobre uma frota cada vez maior, além da indústria da multa. Enquanto isso, o Kassab não teve dúvidas ao transferir 600 milhões do nosso dinheiro para empreiteiras faturarem com o Estádio de Itaquera.

Kassab está pagando (0%) para ver. Os trabalhadores do serviço funerário pararam e o governo tenta ameaçá-los. Cada vez mais revoltados já deram o recado:  a greve continua. O pessoal do verde e meio ambiente está parado e pelas mãos deles estão paradas as aprovações de processos importantes para Kassab, como os das obras de acesso viário ao campo de Itaquera para a Copa de 2014 e do pólo de desenvolvimento do bairro, o monotrilho do Metrô (linha 2 verde) trecho Oratório/Cidade Tiradentes, e o túnel Roberto Marinho que ligará Águas Espraiadas à Imigrantes. A Secretária de Finanças parou, incluindo os trabalhadores da Praça de Atendimento, sendo que dia 31 é o último dia para o munícipe parcelar impostos (PPI). Os aposentados saíram de suas casas e trabalhadores do Esporte, bibliotecas, zoonoses, subprefeituras, Secretaria de Habitação e unidades de saúde pararam de trabalhar para estar no ato e saíram de lá mais mobilizados para a continuidade e ampliação da greve. Vários hospitais que pararam parcialmente decidiram que vão ampliar a greve. Chega de humilhação! Agora, Kassab, que já declarou na internet que está preocupado com a greve, tem mais motivos para não dormir. O Prefeito está descobrindo o que estamos dizendo desde o início do ano: Sem funcionário público, a cidade para!

As paralisações do 1º semestre arrancaram do governo:

• Reajuste de 13,43% no piso dos professores;

• Criação de piso para gestores e apoio da educação;

• Incorporação dos pisos da Educação mediante reajuste de 13,43% em 2014;

• Extensão das Gratificações de Atividade (GAs) do nível básico e médio para os trabalhadores do Serviço Funerário e do Iprem;

• Extensão da GDAS para Assistentes Sociais do Iprem;

• Criação da GDACD para Bibliotecários e profissionais de Educação Física;

• Aumento do piso mínimo de R$ 545,00 para R$ 630,00, somando-se os padrões e todas as gratificações.

Em 21de junho, os trabalhadores aceitaram suspender a greve para que o governo analisasse novamente a pauta dos trabalhadores.A demora foi de quase dois meses para ser apresentada a seguinte proposta:

Saúde

• Pagamento mensal desde janeiro de 2011 dos 20% do PPD retidos para o final do ano;

• Elevação do PPD de 30% para 60% sobre o padrão, somente para os profissionais de nível Superior da Saúde;

• Reajuste dos padrões do QPS em 11,23% para estatutários e celetistas, somente a partir de janeiro de 2012;

• Encaminhamento imediato do PCCS das Autarquias Hospitalares (pronto desde 2009) com pagamento retroativo a agosto de 2009.

Serviço Funerário e Iprem

• Estender a Gratificação de Atendimento ao Público (GAP) aos AGPPs que atendem ao público;

• Concurso para sepultadores e motoristas ainda este ano.

Sobre a Mudança da Lei salarial

• O governo irá constituir um Grupo de Trabalho intersecretarial para discutir a lei salarial.

Sobre capacitação

• O governo está ampliando a rede de capacitação através de cursos EAD (a distância);

• Programa de promoção à saúde do servidor, voltado para a GCM e Zoonoses, para realização de exames e palestras.

Prevendo que o movimento tende a crescer, o governo resolveu começar a abrir o cofre. Porém, nossas perdas já ultrapassaram os 39,7% apresentados no início do ano e ainda temos cerca de 25 mil trabalhadores, ou seja, 17% dos servidores permanecerão sem previsão de reajuste. Por isso, os trabalhadores entenderam como uma afronta do governo Kassab a apresentação de uma proposta, que mais uma vez busca dividir a categoria, não recupera as perdas acumuladas e adia o pagamento para 2012. Durante mais de três exaustivas horas de negociação o sindicato insistiu na contraproposta de:

• Ampliação dos 11,23% de reajuste proposto à saúde para 39,7%;

• Extensão dos reajustes a todos os demais trabalhadores que estão sem proposta de reajuste;

• Retroatividade dos reajustes para a data base de 1º de maio de 2011;

• Extensão das gratificações (GDA, GA, PPD) para todos os trabalhadores das carreiras, autarquias, funções e lotações correspondentes que foram excluídos do recebimento de todas elas;

• Extensão do reajuste de 30% para 60% do padrão no PPD para todos os profissionais do nível básico e médio da saúde;

• Extensão da GAP para as Autarquias Hospitalares e HSPM.

SIGA AS ORIENTAÇÕES DO SINDSEP

1) Organizem reuniões e assembleias nos locais de trabalho e comuniquem ao Sindsep para que seja feita a divulgação;

2)   Elejam comissões para organização da mobilização e da greve na unidade;

3) Colem adesivos e cartazes de divulgação do movimento, distribuam o material;

4  Não aceitem provocações e ameaças de chefe. Todas as decisões deverão ser conjuntas. Não tomem decisões isoladas;

5) O direito de paralisação, de protesto, de greve é previsto na Constituição Federal, não aceitem nenhuma intimidação;

6) Discutam com a comissão eleita a distribuição da carta aberta à população explicando os motivos da paralisação;

7) Organizem desde já a unidade para participar da continuidade greve;

8) A comissão deve buscar o contato com o sindicato para tirar dúvidas e realizar encontros de organização. Sem luta não há conquista. -- SINDSEP --

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Servidores de São Paulo decidem manter greve

Portal Vermelho

30 DE AGOSTO DE 2011 - 19H02

Os cerca de 50 mil servidores de São Paulo, que inclui Serviço funerário, Saúde e parte do setor administrativo, decidiram manter a greve após reunião com administração municipal, durante à tarde. Desde a manhã de terça-feira, 30, os funcionários da prefeitura paulistana cruzaram os braços. A categoria reivindica 39% de reajuste.

Segundo o Sindsep (Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de SP), desde 2009 esses setores não tiveram seus salários corrigidos com base na inflação. Sérgio Antiqueira, diretor do Sindsep, reforça a posição de greve. “Infelizmente, somente com greve é que a atual administração tem corrigido os salários. Com o pessoal da GCM (Guarda Civil Metropolitana) foi assim, com os professores também. Portanto, para fazer justiça a essa parte do funcionalismo que ainda não recebeu reajustes, a greve continua”, declarou Antiqueira.
Uma das contrapropostas apresentadas pela prefeitura foi um plano de carreiras para autarquias hospitalares. “É um absurdo apresentarem essa proposta que já havia sido fechada em 2009, e até hoje não apresentaram nenhum projeto para sua concretização”, lembrou o dirigente. Outro fato que vem ocorrendo é a exclusão de benefícios, como alimentação. “A administração dá algumas gratificações mas tira benefícios. O que acaba deixando o servidor na mesma situação”, lamentou.
Hoje, cerca de dois mil manifestantes se concentraram em frente da Secretaria de Planejamento, onde ocorreu a reunião com representantes dos trabalhadores e da Prefeitura. Durante toda terça-feira, diversos departamentos e serviços da prefeitura não funcionaram, como o programa de Parcelamento do Munícipe, além dos serviços funerário ter sido atingido, como o transporte dos corpos de hospitais e Instituto Médico Legal (IML) para os velórios. Algumas famílias ficaram aguardando mais tempo do que o normal para o transporte dos corpos.

Os servidores organizam ato político na quinta-feira, a partir das 10h, em frente ao gabinete do prefeito Gilberto Kassab, na região central da cidade de São Paulo.
A prefeitura foi procurada mas não retornou.
Deborah Moreira, da redação

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Em São Paulo, creche municipal tem fila de espera até 2013

Faltam 147 mil vagas em creches na capital paulista. Prefeitura mira déficit de 2008

Por: Suzana Vier, Rede Brasil Atual

Publicado em 19/08/2011, 10:25
Última atualização às 13:02

Em São Paulo, creche municipal tem fila de espera até 2013
Creche inaugurada em 2008, na Vila Jacuí, zona leste; prefeitura mira déficit de vagas de três anos atrás (Foto: Luiz Guadagnoli/Secom Prefeitura)
São Paulo – O anúncio pela prefeitura da capital paulista de licitação para construção de 61 novas creches até 2012 deve atender apenas 6% da demanda de crianças até três anos e 11 meses. A decisão foi divulgada no início de agosto. A fila de espera na cidade ultrapassa 147 mil crianças nessa faixa etária, informou a Secretaria Municipal de Educação. Para conseguir uma vaga, é necessário aguardar até dois anos, por causa da falta de creches, o que provoca impactos na vida das famílias e dificuldades profissionais, especialmente para as mães.
“O compromisso é zerar toda a demanda registrada até dezembro de 2008, conforme foi registrado na Agenda 2012”, destacou o órgão, por meio de sua assessoria de imprensa. Há três anos, o déficit de vagas era calculado em 61 mil vagas, 41% do calculado atualmente.
A técnica em enfermagem Walkíria Laila Vieira é uma das milhares de mães que aguardam uma vaga. Ela inscreveu a filha Myrella, de três meses, na lista de espera de uma creche na zona leste de São Paulo em junho. Na ocasião, foi avisada de que já não havia mais vagas para o próximo ano. Atendimento pela creche, apenas para 2013.
A perspectiva de ter de esperar 18 meses para ter acesso a uma creche municipal não chega a ser uma novidade para Walkíria. Em 2008, quando teve o primeiro filho, ela tampouco encontrou vaga, mas teve de aguardar dois anos até a criança ser chamada. Na época, ela peregrinou de delegacia em delegacia de ensino em busca do direito. “Foi um sofrimento”, resume.  “A cada 'não' que eu ouvia, saía da delegacia (de ensino) e chorava”, conta.

Segundo informou a Secretaria de Educação, Myrella ocupa a posição de número 120 na lista de candidatos a vaga na creche do setor onde foi cadastrada. Ela será chamada por ordem de cadastro, quando possível. Por isso, o órgão municipal considera inviável estipular prazo para o atendimento.

A saída será pagar uma creche para que ela e o marido possam continuar trabalhando. “Vamos trabalhar a mais, fazer um esforço a mais em família para pagar uma creche para ela. Vamos tirar de onde não tem, porque não temos opção.”
Ela avalia que mães com salários mais baixos acabam desistindo do trabalho, por impossibilidade de manter todos os gastos envolvidos na educação de uma criança pequena. “Como uma mãe que ganha um salário mínimo de R$ 545 vai gastar R$ 400 em numa escola de meio período?”
O impacto na vida financeira do casal não para no pagamento da escola particular. Há outros gastos com que a família de Walkiria precisa arcar, como alimentação, transporte e fraldas. “Uma mãe que não tem condições de pagar pela creche e não consegue vaga na prefeitura, também não consegue trabalhar”, afirma Walkíria.

 

Em paz

Deixar os filhos pequenos em casa ou em creche particular apenas por meio período é motivo de muita preocupação para Walkíria. Além do impacto financeiro, “é difícil trabalhar em paz”. “Na creche da prefeitura, que é tempo integral, você sabe que as crianças são bem alimentadas e pode desenvolver suas atividades diárias em paz”, conta.

Esse impacto é bem conhecido por quem trabalha na ONG Projeto de Incentivo à Vida (Pivi). Mães que conseguiram vagas para os filhos, por intermédio do Conselho Tutelar, puderam trabalhar e viver melhor, conta Márcia Gabriel, assistente de direção da entidade.
A organização funcionava como abrigo de crianças abandonadas ou cuja guarda havia sido retirada dos pais. Por causa da alta demanda na região não atendida por instituições da prefeitura, passou a atender em sistema de creche. “O atendimento às crianças passa também por um trabalho familiar”, diz Márcia.

Ela relata a situação de uma das mães que, por falta de vagas em escolas públicas, levava os seis filhos pequenos para seu trabalho de catadora de recicláveis. “Ela quase perdeu a guarda das crianças”, lembra Márcia. Graças ao convênio com o Conselho Tutelar, as crianças foram recebidas no programa e a mãe, tranquila no trabalho, conseguiu nova colocação. Com um emprego melhor, foi questão de tempo até conquistar uma nova casa, deixando a moradia de madeira para se instalar, com os filhos, em uma de alvenaria.

Outro caso acompanhado por Márcia, foi o de uma avó que, para trabalhar, deixava quatro netos sozinhos em casa. O Conselho Tutelar interveio e, antes que elas fossem recolhidas a um abrigo, o Pivi cedeu vagas para as crianças. A avó pode trabalhar, o que lhe permitiu garantir condições para manter a guarda dos netos.

De acordo com Sérgio Antiqueira, coordenador de educação do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias do Município (Sindsep), além da fila de espera por vagas, as crianças atendidas enfrentam salas de aula superlotadas. "A superlotação foi feita aumentando de 18 para 25 a capacidade de atendimento de crianças que completarão 4 anos", acusa.

Segundo Antiqueira, em momentos como a hora do sono, as salas chegam a ficar tomadas de colchonetes pelo chão, sem espaços sequer para a circulação da professora, ou até para se abrir a porta. "É um risco inclusive para a saúde das crianças", alerta.

A vereadora Juliana Cardoso (PT-SP) acredita que a falta de vagas é símbolo de descaso do prefeito Gilberto Kassab (ex-DEM, a caminho do PSD) com as mães que precisam trabalhar. “A prefeitura tem R$ 10,07 bilhões em contas e aplicações financeiras e não usa para as creches”, calcula. O plano da Prefeitura inclui ainda a construção de 66 pré-escolas para alunos até cinco anos de idade e 29 unidades de ensino fundamental.

 

Cadastro

Em resposta à Rede Brasil Atual, a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo afirma que as  crianças são chamadas para atendimento de acordo com a ordem numérica de cadastro, observada a correta acomodação nos agrupamentos ou estágios. “Os responsáveis poderão consultar a situação por meio do Portal da Educação ou por listagem afixada em qualquer escola do mesmo distrito/setor.”

A secretaria afirma ainda que quanto mais vagas o poder público oferece, mais a procura aumenta, “possivelmente pelo conhecimento e avaliação positiva do serviço prestado”. Para minimizar o problema, a  opção tem sido construir prédios próprios e firmar convênios com entidades não governamentais idôneas, principalmente nas áreas onde a procura é maior, cita o órgão.

Em São Paulo, creche municipal tem fila de espera até 2013 — Rede Brasil Atual

sábado, 13 de agosto de 2011

Crise e o Brasil: as duas saídas de Dilma

A presidente fez um discurso corajoso em São Paulo. Mas o governo (ainda?) não caminha na direção de suas palavras

Por ANTONIO MARTINS – blog Outras Palavras

As crises permitem conhecer melhor os governantes. A fase brilhante do governo Lula começou precisamente em 2008, na primeira onda das atuais tempestades financeiras. Quando percebeu que as ideias supostamente “sérias” sobre a necessidade de “respeitar os mercados” haviam conduzido o mundo ao abismo, o presidente optou por políticas ousadas. Ao invés de cortar gastos, como mandavam os economistas “prudentes”, elevou o salário mínimo, a Bolsa Família, estimulou setores que começavam a demitir. As decisões sustentaram o emprego e a produção e mantiveram o Brasil a salvo. Já Barack Obama parece tornar-se menor, diante das dificuldades. Intensamente pressionado pelos extremistas do Partido Republicano e do Tea Party, passou a admitir, há cerca de um ano, uma agenda de corte dos serviços públicos e isenção de impostos para os ricos. De concessão em concessão, descambou, no início do mês, para um acordo desastroso sobre a dívida norte-americana. O compromisso, que torna o Estado quase impotente diante da crise, semeou desconfiança sobre a coordenação política dos EUA e foi o estopim de uma nova série de vendavais, cujos desdobramentos ainda não se pode prever.
Por tudo isso, é estimulante examinar um discurso feito nesta quarta-feira (10/8), em São Paulo, pela presidente Dilma  – e praticamente ignorado pelos jornais impressos. Ao participar de um evento fechado (a abertura do Encontro Nacional da Indústria da Construção), ela referiu-se explicitamente à segunda onda da crise, e indicou um rumo. Criticou de modo direto as políticas de ataque aos direitos sociais, que começaram a ser adotadas há cerca de um ano – primeiro na Europa, depois nos Estados Unidos. “Alguns [países]”, disse, “pegaram seus recursos fiscais e entregaram para os bancos. Salvaram os bancos e deixaram sua população, que estava endividada com o subprime, sem nenhum apoio e nenhum resgate”.
Garantiu que a postura do Brasil será diferente. “Nós não entraremos em recessão. (…) Não significa que sejamos imunes. Mas só seremos presas fáceis se não reagirmos”. Frisou que tal atitude permitiu que o país fosse, em 2008, “o primeiro a sair da crise”. E prometeu proceder da mesma maneira: “Estamos decididos a preservar nossas forças produtivas, nosso emprego e nossa renda (…) Isto é correto do ponto de vista moral e ético mas também do ponto de vista econômico”.
São palavras importantes, inclusive porque a crise financeira coincide com um momento de imenso desgaste da democracia representativa. Profundamente influencida pelas finanças, a maior parte dos Parlamentos, governos e da mídia tornou-se surda em relação às sociedades, o que dá origem com frequência a políticas próximas à irracionalidade. É ótimo saber que, nas palavras, o governo brasileiro não foi tomado por ela.
Talvez esta lucidez da presidente, mobilizada pelas turbulências, possa ajudá-la a corrigir um gravíssimo problema de seu governo, diretamente relacionado ao discurso de ontem. A política econômica seguida nos sete primeiros meses de gestão representou umretrocesso em relação à de seu antecessor, e faz lembrar a estupidez que Dilma enxerga em outros países.
Embora de modo mais ameno, o governo derivou, a partir de janeiro, para a mesma linha — de favorecimento aos mercados financeiros e descuido com serviços públicos – seguida por europeus e norte-americanos. Por um lado, o Banco Central promoveu cinco rodadas seguidas de elevação das taxas de juros. Elas passaram de 10,75% para 12,5% ao ano. Entre58 países acompanhados pela revista The Economist, situam-se entre as cinco mais elevadas. Adotadas a pretexto de combater a inflação, são um péssimo remédio para enfrentar este mal. Além disso, provocam dois efeitos colaterais devastadores.
Transferem renda (via pagamento de juros) do conjunto da sociedade para a pequena minoria que tem dinheiro sobrante para aplicar no mercado financeiro. E devastam a indústria: a perspectiva de rendimentos incomparáveis atrai para o Brasil uma enxurrada de capitais especulativos de todo o mundo, encarecendo o real frente a outras moedas e tornando a produção nacional não-competitiva.
Conformado em alimentar a ciranda especulativa, o governo restringe investimentos importantes. O volume de recursos retirado de todos os outros itens do Orçamento da União para pagamento de juros (o mal-chamado “superávit primário”) vem batendo recordes. Apenas nos seis primeiros meses do ano, foram R$ 78,1 bilhões. São quatro vezeso valor destinado anualmente ao programa Brasil Sem Miséria, e mais de duas vezes e meiao orçamento total do trem-bala (R$ 33 bi) …
Para chegar a tanto, adotou-se no início do ano um bloqueio (“contingenciamento”) de recursos do Orçamento que perdura até hoje. Ele paralisa iniciativas públicas que têm enorme impacto na garantia de condições de vida, na geração de emprego e na manutenção da capacidade de consumo. Mas também liquida projetos essenciais a longo prazo. É responsável, entre muitos outros efeitos, pelo corte drástico de verbas sofrido pelo ministério da Cultura e pela profunda letargia do Plano Nacional de Banda Larga – um iniciativa que a sociedade civil vê como estratégica e a presidente pretendia apresentar como um dos legados de seu governo.
As alegações apresentadas para o “contingenciamento” são frágeis. Fala-se em “austeridade” e “eficiência”. São, em princípio, valores muito positivos. Mas pratica-se um corte de verbas bruto, sem definir nenhum critério sobre que despesas devem ser eliminadas (o Estado continua comprando software que poderia ser obtido gratuitamente e importando de laboratórios transnacionais medicamentos cujas patentes poderiam ter sido quebradas, por exemplo). Ao mesmo tempo, abre-se os cofres do Tesouro para a despesa mais perdulária e contraproducente: o pagamento, a muito poucos, de juros que corroem o parque produtivo e de serviços do Brasil.
Politicamente, só é possível encontrar uma explicação para as políticas muito mais conservadoras, adotadas ao longo dos sete primeiros meses de governo Dilma. Governantes, como quaisquer seres humanos, têm virtudes e defeitos diversos. Sem o carisma, a tarimba política e o protagonismo nas lutas sociais de seu antecessor, a presidente sentia-se insegura para enfrentar as duas ameaças simultâneas com que se deparou no início do mandato. Temia que a alta da inflação derrubasse sua popularidade, ao corroer o poder de compra da nova classe média. E não se sentia segura para combater a alta dos preços enfrentando, ao mesmo tempo, os mercados financeiros e a mídia – sempre aliada a estes. Preferiu o conforto pouco criativo dos times que, no futebol, jogam pelo empate.
A presidente que falou na última quarta-feira era de outra natureza (veja, no vídeo abaixo, o trecho a partir do minuto 13:00). A ousadia pareceu ter-lhe restituído confiança e humor. Não se sabe, ainda, se a mudança é duradoura. Hoje mesmo, há na mídia especulações em sentido oposto. Como os interesses envolvidos na política econômica são bilionários, haverá tensões. Mas é inegável que o discurso de São Paulo aponta a possibilidade de que se abra a partir dele — e a depender das ações dos movimentos sociais — uma nova fase do governo.

Protesto: acordo com teles é “inaceitável”

imageOs rumos do Plano Nacional de Banda Larga desagradam os movimentos sociais. Segundo as organizações, os acordos fechados com as empresas de telecomunicações não atendem a uma série de itens considerados essenciais para a expansão do acesso à internet no Brasil.

Para marcar sua insatisfação, os movimentos realizarão protesto, nesta segunda feira, em São Paulo. Convocado pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), o ato vai reafirmar que as organizações querem banda larga de qualidade, barata e para todos.

O ato será segunda-feira (15) às 19h, no Sindicato dos Engenheiros (rua Genebra, 25. Próximo ao Metrô Anhangabaú).

Abaixo a íntegra do manifesto, publicado no site da CUT:

Banda larga é um direito seu!  Por uma internet rápida e de qualidade para todos e todas

Sem controle de tarifas, continuidade ou metas de universalização para o acesso à internet, o acordo fechado pelo Ministério das Comunicações com as empresas de telecomunicações vai na contramão da democratização dos serviços.

Os ‘termos de compromisso’ assinados são completamente insuficientes para os usuários que continuarão pagando caro pelo uso de uma internet lenta e concentrada nas faixas de maior poder aquisitivo.

Além de inaceitável, o acordo com as teles representa a negação do próprio Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) e das diretrizes aprovadas na Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que apontavam para um maior protagonismo do Estado e para o fortalecimento da Telebrás, essenciais para fazer da internet um direito de todos, e não privilégio de alguns. Afinal, mais do que lazer e diversão, a internet é um instrumento fundamental para o desenvolvimento nacional e a inclusão social.

Venha lutar conosco por uma banda larga de qualidade e para todos e todas, prestada em serviço público, com expansão constante das redes e universalização progressiva.

O que está em jogo são os direitos, o presente e o futuro do povo brasileiro.

Junte-se a nós!

publicada sexta-feira, 12/08/2011 às 12:33 e atualizada sexta-feira, 12/08/2011 às 20:35

Escrevinhador

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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

SME divulga nova bonificação

A nova forma de gratificação para a educação proposta por SME já está disponível no portal da Secretaria. O índice de qualidade e a consequente bonificação do governo Kassab não foram discutidos com as entidades representantes dos trabalhadores. A primeira divulgação aos profissionais da educação aconteceu pela imprensa. O Estadão publicou a notícia (leia aqui), lembrando que a proposta de Kassab foi divulgada uma semana depois de Nova Iorque abandonar o modelo do qual foi copiado também pelos tucano no  governo estadual. Para o prefeito novaiorquino a proposta de bonificação não resultou em melhoria da qualidade por lá. As informações do Portal de SME estão disponíveis abaixo.

A Secretaria Municipal de Educação apresenta aqui o Índice de Qualidade da Educação (Indique). Foram necessários dois anos de trabalho para atingir um indicador considerado justo e adequado para subsidiar políticas e premiar as equipes das escolas por seu desempenho.

O Indique foi estruturado a partir da idéia de que todos têm direito não só à educação, mas à educação de qualidade.

Desde 2007, os estudantes da Rede Municipal de Educação são avaliados pela Prova São Paulo que, além dos testes para os alunos, inclui questionário respondido pelos pais, capaz de aferir o nível socioeconômico e a visão que eles têm da escola.

O novo indicador parte dos resultados da Prova São Paulo. Considera o patamar de aprendizado dos estudantes, a melhoria dos resultados da escola ao longo dos anos e o perfil socioeconômico com o qual cada unidade escolar trabalha. E leva em conta todos os alunos matriculados, sendo que os estudantes que não participam da avaliação recebem nota zero.

O Indique, portanto, combina aspectos pedagógicos e sociais, permitindo que a escola seja avaliada a partir de sua realidade.

A combinação das informações traça um perfil da Rede que ajudará a identificar boas práticas e planejar estratégias pedagógicas eficazes. Além disso, o Indique premiará os profissionais da educação pelo seu desempenho.

A Secretaria Municipal de Educação parte do princípio de que todas as escolas têm participação fundamental na busca pela educação de qualidade e todos os profissionais devem ser premiados por seu empenho. Por acreditar que o trabalho pedagógico é essencialmente coletivo, os profissionais receberão pelo desempenho da unidade em que trabalham.

O pagamento por mérito não pode ser confundido com salário. A valorização dos profissionais da educação é prioridade desta administração. Com os reajustes consecutivos programados até 2013, os professores receberão cerca de 90% de reajuste salarial. Ainda assim, a Secretaria acredita que as equipes escolares devem receber mais por melhores resultados dos alunos.

Na Educação Infantil, onde é mais difícil avaliar diretamente a aprendizagem, o indicador será construído a partir de um questionário respondido pelos pais dos alunos que estão nas creches e nas Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEIs).

Com a criação do Indique, a Secretaria Municipal de Educação está dando mais um passo para que a cidade de São Paulo ofereça a educação de qualidade a que seus alunos têm direito.

Por trás dessa estratégia está a preocupação com todos os alunos.Todos, sem exceção, devem aprender. As políticas educacionais da Rede Municipal de Ensino estão a serviço da educação de qualidade para todos.

 

O Índice de Qualidade da Educação (Indique) foi criado para medir o desempenho das escolas da Rede Municipal de Ensino, levando em conta as diversas dimensões que determinam seus resultados, buscando um retrato real e justo de cada unidade. Não se trata de buscar uma média – excludente quando se fala em educação – nem de fazer um ranking.

Dois princípios guiaram a construção do indicador: todo estudante, sem exceção, tem direito à educação de qualidade e toda escola tem mérito na busca pela qualidade da educação – e deve-se premiar seus profissionais por isso.

O novo indicador toma a escola como referência, partindo da concepção de que o trabalho pedagógico é, essencialmente, um trabalho de equipe. Por isso, não mede o desempenho nem por salas de aula nem por professor e leva em consideração o contexto socioeconômico da escola. Entende-se ainda que uma boa escola não é apenas a que leva todos os seus alunos para os conceitos mais altos, mas a que também se empenha para manter todos os seus alunos freqüentes.

O diagrama representa a construção do indicador de cada escola da Rede Municipal de Ensino, incluindo os fatores considerados: desempenho, nível, melhoria, resultado e esforço.

DESEMPENHO

O Desempenho é a síntese das notas dos alunos na Prova São Paulo. Para calculá-lo é preciso distribuir todos os estudantes da escola nos intervalos de proficiência definidos na escala Saeb.

Língua Portuguesa        

Ano Escolar

Abaixo do

Básico

Básico

Adequado

Avançado

2º Ano Ciclo I

< 115

115 < 150

150 < 200

≥ 200

3º Ano Ciclo I

< 135

135 < 175

175 < 225

≥ 225

4º Ano Ciclo I

< 150

150 < 200

200 < 250

≥ 250

1º Ano Ciclo II

< 165

165 < 215

215 < 265

≥ 265

2º Ano Ciclo II

< 175

175 < 225

225 < 275

≥ 275

3º Ano Ciclo II

< 185

185 < 250

250 < 300

≥ 300

4º Ano Ciclo II

< 200

200 < 275

275 < 325

≥ 325

Fonte: PROVA SÃO PAULO 2009 – Relatório de Análises Técnico-Pedagógicas

Matemática

       

Ano Escolar

Abaixo do

Básico

Básico

Adequado

Avançado

2º Ano Ciclo I

< 125

125 < 175

175 < 225

≥ 225

3º Ano Ciclo I

< 150

150 < 200

200 < 250

≥ 250

4º Ano Ciclo I

< 175

175 < 225

225 < 275

≥ 275

1º Ano Ciclo II

< 190

190 < 240

240 < 290

≥ 290

2º Ano Ciclo II

< 200

200 < 250

250 < 300

≥ 300

3º Ano Ciclo II

< 210

210 < 275

275 < 325

≥ 325

4º Ano Ciclo II

< 225

225 < 300

300 < 350

≥ 350

Fonte: PROVA SÃO PAULO 2009 – Relatório de Análises Técnico-Pedagógicas

*Intervalos de proficiência usados na Prova São Paulo

Veja como fica a distribuição dos alunos de uma escola-exemplo, em números absolutos. Note que são considerados também os estudantes que não fizeram a prova, chamados aqui de "Excluídos":

Língua Portuguesa

           

Ano / Ciclo

Excluídos

Abaixo do Básico

Básico

Adequado

Avançado

Total

2º Ano Ciclo I

6

9

10

26

11

62

4º Ano Ciclo I

6

25

65

42

8

146

2º Ano Ciclo II

9

22

47

22

7

107

4º Ano Ciclo II

18

34

70

16

1

139

Matemática

           

Ano / Ciclo

Excluídos

Abaixo do Básico

Básico

Adequado

Avançado

Total

2º Ano Ciclo I

5

16

26

14

1

62

4º Ano Ciclo I

6

42

57

40

1

146

2º Ano Ciclo II

8

32

46

21

0

107

4º Ano Ciclo II

17

52

59

11

0

139

Feita a distribuição, calcula-se o percentual de alunos em cada categoria, por ano. A partir disso, chega-se à nota de cada série. Para isso é preciso multiplicar o percentual de alunos pela pontuação atribuída a cada categoria, numa escala de 0 a 10. Os alunos que ficaram Abaixo do Básico recebem nota 3. Estudantes com proficiência no intervalo Básico recebem nota 6. Para aqueles que estão no patamar Adequado a nota é 8. Alunos que atingiram o nível Avançado recebem nota 10. Veja que estudantes que não compareceram à prova recebem nota 0.

Língua Portuguesa

             

Ano / Ciclo

Excluídos

Abaixo do Básico

Básico

Adequado

Avançado

Total

Nota do ano na disciplina

Pontuação

0

3

6

8

10

   

2º Ano Ciclo I

9,7%

14,5%

16,1%

41,9%

17,7%

100%

6,53

4º Ano Ciclo I

4,1%

17,1%

44,5%

28,8%

5,5%

100%

6,03

2º Ano Ciclo II

8,4%

20,6%

43,9%

20,6%

6,5%

100%

5,55

4º Ano Ciclo II

12,9%

24,5%

50,4%

11,5%

0,7%

100%

4,75

Matemática

             

Ano / Ciclo

Excluídos

Abaixo do Básico

Básico

Adequado

Avançado

Total

Nota do ano na disciplina

Pontuação

0

3

6

8

10

   

2º Ano Ciclo I

8,1%

25,8%

41,9%

22,6%

1,6%

100%

5,26

4º Ano Ciclo I

4,1%

28,8%

39,0%

27,4%

0,7%

100%

5,47

2º Ano Ciclo II

7,5%

29,9%

43,0%

19,6%

0,0%

100%

5,05

4º Ano Ciclo II

12,2%

37,4%

42,4%

7,9%

0,0%

100%

4,30

Tomando como exemplo o desempenho do 2.º ano do Ciclo I em Língua Portuguesa no ano de 2010 (demonstrado na tabela acima), temos:

image

A nota de cada ano é uma média simples, calculada a partir das notas em Língua Portuguesa e Matemática daquele ano. Para chegar à nota de cada ano é preciso calcular a média simples entre as notas de Língua Portuguesa e Matemática daquele ano, conforme mostram as tabelas abaixo:

Ano/Ciclo

Nota em

Língua

Portuguesa

Nota em

Matemática

Nota do

Ano/Ciclo

2° Ano Ciclo I

6,53

5,26

5,90

4° Ano Ciclo I

6,03

5,47

5,75

2° Ano Ciclo II

5,55

5,05

5,30

4° Ano Ciclo II

4,75

4,30

4,53

Calculadas as notas de cada ano, passa-se à nota da escola. Essa nota é obtida pela média da nota dos anos ponderada pelo número de alunos matriculados em cada ano.

Ano/Ciclo

Matrículas

Percentual de

matriculas

Nota do

Ano/Ciclo

Percebtual

matrículas x

Nota

2° Ano Ciclo I

62

13,7%

5,90

0,81

4° Ano Ciclo I

146

32,2%

5,75

1,85

2° Ano Ciclo II

107

23,6%

5,30

1,25

4° Ano Ciclo II

139

30,6%

4,53

1,39

Total

454

100,0%

   

Desempenho da escola

     

5,29

Tomando como exemplo a tabela de 2010, para chegarmos ao Desempenho de 5,29 multiplicamos a coluna Nota do Ano/Ciclo pelo percentual de matrículas da escola, que o número de alunos em cada ano representa

image

Essa mesma conta tem de ser feita para cada um dos três anos da Prova São Paulo. O exemplo mostra os cálculos para 2010. É necessário ainda calcular o Desempenho de 2009 e 2008.

NÍVEL

Considera o desempenho dos três anos para que se possa estimar o patamar em que a escola se encontra. Dessa forma, elimina-se a possibilidade de que uma excepcionalidade que tenha prejudicado ou beneficiado a unidade em um determinado ano de avaliação tenha impacto muito significativo sobre o Nível da escola.

O nível é a média ponderada do desempenho nos 3 anos considerados no cálculo. O desempenho mais recente da escola tem peso maior que o desempenho dos anos anteriores:

Nível = 1*desempenho 2010 + 0,5* desempenho 2009 + 0,25* desempenho 2008
1 + 0,5 + 0,25

A escola que usamos como exemplo teve desempenho 5,01 em 2009 e 4,85 em 2008. E você pôde acompanhar o cálculo de 2010, quando ela obteve 5,29. Veja agora o cálculo final do Nível:

1* 5,29 + 0,5* 5,01 + 0,25* 4,85 = 5,15
1 + 0,5 + 0,25

MELHORIA

É a variação do desempenho da escola nos três últimos anos. Afere se a unidade melhorou ou piorou seu desempenho de um ano para o outro. Como no cálculo do Nível, aqui também o peso é maior para a melhoria ou queda no ano mais recente. A variação de 2010 para 2009 tem peso 1, e a de 2009 para 2008, 0,5.

Melhoria = 1* (desempenho 2010 – desempenho 2009) + 0,5* (desempenho 2009 – desempenho 2008)
1 + 0,5

Usando o desempenho da escola que está sendo tomada como exemplo, chegamos ao seguinte resultado:

1* (5,29 – 5,01) + 0,5*(5,01 – 4,85) = 0,24
1+0,5

Como a melhoria não está na mesma escala que o Nível (de 0 a 10), é preciso padronizá-la. A observação da evolução do Desempenho das escolas municipais indica que a variação fica em torno de -0,5 e 0,5. Isso quer dizer que uma escola que tem desempenho 3 e consegue aumentá-lo 0,5 ao ano leva 10 anos para chegar ao patamar de 8, considerado Adequado na escala Saeb.

Escolas com valores superiores a 0,5 recebem nota 10. Escolas com valores inferiores a -0,5 recebem nota zero.

Melhoria padronizada = 10 X [melhoria não padronizada da escola – (-0,5)]
[0,5 – (-0,5)]

As notas da escola que está sendo usada como exemplo nos levam aos seguintes resultados:

Desempenho 2008

4,85

Desempenho 2009

5,01

Desempenho 2010

5,29

 

 

Nível

5,15

Melhoria

7,40

 

RESULTADO


Com o cálculo do Desempenho, do Nível e da Melhoria, chega-se ao Resultado.

O Resultado é a média ponderada entre o Nível e a Melhoria. Uma escola terá mais peso atribuído aoNível ou à Melhoria, dependendo do patamar onde se encontra. Se o desempenho da unidade já é alto, o peso maior recairá sobre o Nível, já que a possibilidade de melhorar o desempenho está próxima do limite. Se a unidade ainda tem um desempenho considerado baixo, o maior peso será atribuído à Melhoria, já que a escola ainda pode melhorar seu desempenho e precisa ser incentivada a fazê-lo.

Como se calcula o peso?

Escolas com Nível 3 recebem peso máximo (um) para a Melhoria. Ou seja, escolas em patamares baixos precisam melhorar e ser incentivadas a isso. Escolas com Nível 8 recebem peso máximo (um) para o Nível. Isso ocorre porque elas já atingiram um patamar alto e devem mantê-lo, sendo reconhecidas por isso. É o que mostra o gráfico abaixo:

image

image

 

image

Peso do Nível = 1 - Peso da Melhoria

Os resultados da escola-exemplo podem ser observados abaixo:

image

image

Resultado = Nível X (1-peso) + nota de Melhoria X peso

 

Não Padronizado

Padronizado

Peso

Padronizado x Peso

Nível

5,15

5,15

0,43

2,21

Melhoria

0,24

7,40

0,57

4,22

Resultado

     

6,43

ESFORÇO

O Esforço é calculado a partir do nível socioeconômico dos alunos, aferido com base nas respostas que as famílias dos estudantes deram ao questionário da Prova São Paulo nos três anos anteriores. São levadas em conta questões que tratam de renda, escolaridade dos pais, bens e serviços de consumo.

Em São Paulo, a observação das características econômicas da população aponta que o nível socioeconômico das escolas municipais varia entre 3,5 e 6,5. Entende-se que escolas que têm nível socioeconômico maior demandarão Esforço menor para alcançar os mesmos resultados que escolas com nível socioeconômico menor. A medida de Esforço é calculada da seguinte forma:

Esforço = 10 – nível sócio econômico

Nossa escola-exemplo tem o seguinte Esforço:

Esforço = 10 – 5,3 = 4,70

A Secretaria Municipal de Educação entende que o trabalho pedagógico é, essencialmente, um trabalho de equipe. Por isso, as notas das escolas serão usadas para o pagamento de um bônus por resultados aos profissionais da educação.

Receberão o bônus os professores, os gestores das escolas e os profissionais em cargos nas Diretorias Regionais de Educação e na Secretaria Municipal de Educação. Ao todo são 84.000 servidores.

Neste ano, o pagamento do bônus terá uma regra de transição. Todos os anos, a Secretaria reserva dinheiro suficiente para pagar o valor máximo do Prêmio por Desempenho da Educação (PDE) a todos os profissionais da educação. Como um dos critérios atuais para o pagamento é o número de faltas, nem todos recebem todo o valor e uma parte do dinheiro volta para o Tesouro.

Em 2011, já foi paga a primeira parcela do PDE. A segunda será paga em janeiro de 2012. O dinheiro que voltaria aos cofres municipais será dividido entre os profissionais da educação, a partir do cálculo do indicador de cada escola.

No ano que vem, o PDE deixará de existir e será substituído por um cálculo do Indique de cada escola e as faltas dos profissionais da educação.

1. Como é calculado o Índice de Qualidade da Educação (Indique)?

As notas da Prova São Paulo ajudam a compor as medidas de nível e melhoria da escola, sintetizadas no Resultado. Com o questionário socioeconômico é apurada a medida do Esforço. A multiplicação desses dois fatores mostra o Indicador de cada escola.

2. Quem receberá o bônus calculado com base nesse indicador?

Todos os profissionais da educação em atividade nas escolas municipais e profissionais em cargos administrativos.

3. A partir de quando esse novo bônus será pago?

Haverá uma regra de transição.Todos os anos, a Secretaria Municipal de Educação reserva dinheiro suficiente para pagar o valor máximo do Prêmio de Desempenho Educacional (PDE) a todos os profissionais da educação. Como um dos critérios para o pagamento é o número de faltas, nem todos recebem todo o valor e uma parte do dinheiro retorna ao Tesouro.

Em 2011, já foi paga a primeira parcela do PDE. A segunda será paga em janeiro de 2012. O dinheiro que voltaria aos cofres municipais será rateado entre os profissionais da educação, a partir do cálculo do indicador de cada escola.

A partir de 2012, o pagamento do bônus será feito pelo Indique de cada escola e pelo número de faltas dos profissionais da educação.

4. Quanto o educador/profissional da Educação poderá receber?

O pagamento pelo indicador de 2011 dependerá do restante do PDE que seria devolvido aos cofres públicos. Esse montante será dividido entre os profissionais da educação pelo indicador de suas escolas. Ou seja, o educador receberá, pelo menos, exatamente o que já receberia pelo PDE.

5. O pagamento individual dependerá do desempenho da escola?

Sim, já que a Secretaria Municipal de Educação entende que o trabalho pedagógico é essencialmente coletivo.

6. A frequência do educador será levada em conta?

Sim. A partir de 2012, os professores receberão o bônus pelo indicador da escola e pelo total de suas faltas ao longo do ano.

7. Em que se baseará o nível socioeconômico que compõe o indicador, ou seja, de onde ele virá?

O nível socioeconômico leva em conta as respostas que os pais dos alunos deram ao questionário aplicado com a Prova São Paulo. São consideradas as questões sobre renda, escolaridade, bens e serviços de consumo. A análise desses dados permite que seja encontrado o nível socioeconômico da escola, que é diferente do nível socioeconômico da região onde a escola está. É, portanto, mais fiel à realidade daqueles alunos.

8. No que esse novo indicador difere do PDE já pago na rede?

O PDE foi criado em 2009 em substituição à antiga Gratificação por Desenvolvimento Educacional (GDE). A primeira parcela é paga no meio do ano, e a segunda parcela no final do mês de janeiro, em data estabelecida pela Secretaria de Gestão.

Até o ano passado, o valor dependia da jornada, da freqüência e do índice de ocupação escolar da unidade onde o servidor atuava. Esse índice é a relação entre a capacidade de atendimento da escola e o número de matriculados. Têm direito ao PDE os servidores ativos em exercício nas unidades da Secretaria que começaram a trabalhar até 31 de maio do ano corrente.

O novo indicador, que será usado neste ano, além da freqüência, leva em conta um conjunto de variáveis que definem melhor o desempenho da escola. É também um indicador de qualidade da educação, que deve balizar as políticas da Secretaria Municipal de Educação.

9. A Secretaria pretende criar mecanismos semelhantes para o ensino infantil e a pré-escola?

Na Educação Infantil, onde é mais difícil avaliar diretamente a aprendizagem, o indicador será construído a partir de um questionário respondido pelos pais dos alunos que estão nas creches e nas Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEIs).

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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Nassif: Globo caça quem vazou caça a Amorim

Quem é o Ali Kamel da foto ? (PHA)

image

Saiu no Blog do Nassif:

A estratégia da Globo com Celso Amorim
A caça às bruxas na Rede Globo
Uma fonte na TV Globo conta que desde sexta-feira começou uma caça às bruxas na emissora.
Eles querem saber quem foi que vazou para o Rodrigo Vianna o plano de desqualificar o novo ministro da defesa, Celso Amorim. Como era sigiloso e envolveu não mais do que 20 profissionais de três capitais, eles consideram que fazer o mapeamento e achar o “traidor” é questão de tempo.
Só que eles ignoram que este tipo de segredo é de polichinelo, não dá para ser guardado numa redação. Por uma razão simples: um editor tem sempre outro editor com quem troca confidências. Repórteres, mesmo que tenham sido poucos e confiáveis os acionados, sempre comentam com os cinegrafistas – afinal têm uma amizade muito longa. E, não raro, há alguém que ouve, um auxiliar, um motorista… Portanto, esqueçam, será impossível descobrir de onde partiu a notícia que caiu como uma bomba no colo dos gestores.
Dizem até que o Código de Princípios que estava planejado para ser divulgado depois de um Seminário, com pompa e circunstância foi antecipado. Os principais apresentadores do Jornal Nacional, Wiliam Bonner e Fátima Bernardes teriam sido convocados para trabalhar no fim de semana, fato raríssimo. Tudo para tentar apagar o incêndio de proporções desastrosas.
Sinal de que há sim um grupo lá dentro muito insatisfeito com o comando do jornalismo. Na Avenida Chucri Zaidan, por exemplo, onde fica a sede da emissora em São Paulo, o clima é de tensão e medo. O vazamento é tratado como crime e ao traidor está reservada a forca, o esfolamento – como na pintura de Michelângelo na Capela Sistina – com consequente exibição de vísceras em praça pública.
Ninguém mandou tratar jornalismo como se fosse mercadoria. Jornalismo é informação, sem viés ideológico, sem interesse econômico e político. Simples assim!
hhttp://maureliomello.blogspot.com/2011/08/valei-me-sao-bartolomeu.html
Esse jornalista anônimo que denunciou os planos da Globo merece um prêmio. E nós precisamos de mais gente assim — que investiguem e denunciem o que está errado dentro de suas organizações.
Corporações não são pessoas, não devemos fidelidade à elas — devemos ser fiéis apenas aos nossos princípios e à nossa consciência.
Nassif- Globo caça quem vazou caça a Amorim - Conversa Afiada

Presidente do BC: crise é consequência das respostas de 2008

Na última década, a classe média cresceu em mais de 35 milhões de pessoas, disse Tombini

image

Saiu no Blog do Planalto:

Para Tombini, crise internacional é consequência das respostas que foram adotadas em 2008
O Brasil está pronto para enfrentar a crise financeira global, pois preparou-se para um ambiente internacional mais desafiador e para um agravamento do quadro, “quando e se ocorrer”. O diagnóstico é do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, que participou na manhã desta quarta-feira (10/8) da abertura do Seminário Internacional sobre Justiça Fiscal, promovido pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), em Brasília (DF).
Tombini afirmou que a crise fiscal que o mundo atravessa é consequência das respostas que foram adotadas em 2008, quando a crise surgiu. Ele disse que, à época, os países emergentes “fizeram o dever de casa”, por isso saíram mais cedo da crise e, desta vez, sentirão menos os impactos.

Quanto à estratégia brasileira de resposta à crise atual, o presidente do BC informou que “a primeira linha de defesa” é o regime de câmbio flutuante. Segundo ele, a situação brasileira é mais estável que a dos países desenvolvidos em decorrência das reservas internacionais, que aumentaram quase US$ 150 bilhões em relação à 2008; da reserva de compulsórios, que foi acrescida em R$ 170 bilhões desde 2008; além de “um sistema financeiro que está bem capitalizado, funcionando, e com o crédito expandindo numa velocidade bastante robusta”.

“Por último, mas não menos importante, é o fato de termos um mercado doméstico hoje ampliado. Na última década, a classe média cresceu em mais de 35 milhões de
pessoas, em função da estabilidade macroeconômica, mas também em função de políticas bem desenhadas e efetivas. Essa é uma fortaleza, serviu ao Brasil em 2008, e não será diferente se houver uma agudização das condições do cenário internacional daqui para frente”, afirmou.
Inflação – Alexandre Tombini lembrou que no início do ano houve alta significativa dos preços no país, causada pelo aumento dos preços das commodities e dos preços administrados em janeiro, decorrentes de desastres ambientais como as chuvas. Entretanto – garantiu o presidente do BC – o governo tem adotado uma estratégia ampla de combate à inflação, como o corte nos gastos públicos de R$ 50 bilhões e a fixação de uma meta fiscal.

Ele citou ainda medidas para que o crédito cresça, porém de “forma segura”, e a elevação de 1,75 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, de janeiro a julho deste ano. A perspectiva do mercado financeiro é que a média mensal da inflação, neste segundo semestre, fique em torno de 0,38%, “combatível com a meta de inflação”, completou.

“Temos atacado frontalmente essa questão [da inflação] na gestão da presidenta Dilma (…). Já temos alguns resultados importantes. A sensação de descontrole inflacionário sumiu (…) e a inflação está convergindo para o centro da meta”, disse.
Presidente do BC- crise é consequência das respostas de 2008 - Conversa Afiada

Santayana analisa o quebra-quebra na Inglaterra

O Conversa Afiada reproduz texto de Mauro Santayana, publicado no JB:

O tempo exausto (1)
por Mauro Santayana

Em todos os séculos houve a percepção de que o mundo chegava a seu fim, com a extinção da vida na Terra, como castigo divino ou inevitável cataclismo. Mas a vida, essa inexplicável rebelião da matéria, que encontra sua perfeição e perversão na existência do homem, consegue impor-se. O preço da sobrevivência é o  conflito.  Desde que o registro da vida da espécie existe, a existência tem sido a crônica da resistência contra as forças naturais,  os outros seres biológicos, feras, bactérias e vírus, e, sobretudo, contra parcelas da própria espécie.

Há uma tese, presente em vários pensadores, e de forma difusa, que explica o conflito básico do homem entre o predador e o solidário. O instinto de caça e de destruição, enfim, de canibalismo direto ou sutil, só consegue ser combatido pela inteligência. A inteligência conduziu o homem a se ver como ser frágil e precário que só poderia sobreviver em comunhão com os outros, multiplicando a força individual, certo de que sua proteção dependia da vida do companheiro. Mas houve o momento em que essa mesma inteligência, que indicava a solidariedade como necessária à existência individual e coletiva, passou a servir ao instinto predador.             Ora o homem é o lobo do homem, na definição de Plauto, ora o homem é o anjo do homem, como ocorre, quase todos os dias, no heroísmo de pessoas simples, que chegam a morrer para salvar a vida de outras. Os homens são construtores de sua História. E a História, não obstante a presunção de alguns acadêmicos parvos, como Fukuyama, nunca chegará a seu fim – a menos que o Sol esfrie de repente ou de repente estoure, na impaciência de seus gases comprimidos.

O tempo histórico de vez em quando entra em exaustão. São momentos, que podem durar décadas ou séculos, em que os ritos essenciais da vida são perturbados pelas superestruturas da sociedade, e o indivíduo redescobre a solidariedade, aquele sentimento de que a sua sobrevivência (e sua autonomia como ente, ou aquele que é) só pode ser defendida se contar com o outro. Nesses momentos, para o bem – e, algumas vezes, para o mal – surgem as grandes mudanças, com  novas normas de convivência da espécie. Embora possam identificar-se como religiosas ou étnicas, são necessariamente políticas, porque se referem à vida prática dos seres humanos.

Ontem, Londres entrava em seu terceiro dia de tumultos urbanos. Não é a primeira vez que isso ocorre. Além dos protestos sangrentos de Brixton, de há trinta anos, a cidade conheceu o conflito brutal de 1780, em que centenas de católicos foram massacrados pelos protestantes açulados por Lord George Gordon. Vivendo como cidadãos de segunda classe, desde Henrique VIII, os católicos recuperaram sua cidadania de acordo com o Catholic Relief Act, de 1778. Gordon, um nobre frustrado em sua tentativa de fazer carreira no Almirantado, encontrou sua chance para a demagogia, mobilizando os protestantes contra a lei e os levando a queimar propriedades de católicos e a assassiná-los em plena rua. Antes de ser condenado à prisão por rebeldia, Gordon se converteu ao judaísmo. Acabou morrendo na prisão de Newgate.

Há uma diferença entre as agitações urbanas e as revoluções. Como resumia um autor inconveniente, Lenine, sem teoria revolucionária não há revolução. Jean Tulard, um dos melhores historiadores contemporâneos, é seguro quando afirma que as rebeliões populares podem ser facilmente vencidas, seja pela repressão policial, seja pelo engodo por parte do poder. As revoluções necessitam de um esforço intelectual poderoso, de líderes que pensem uma nova ordem e a imponham no exercício da razão. Esses líderes podem surgir no desenvolvimento natural das rebeliões, como ocorreu na França de 1789, depois da Queda da Bastilha, ou em demoradas e pacientes carreiras políticas.

Londres repete, com a mesma impaciência, o que está ocorrendo em várias partes do mundo, e parece provável que virá a ocorrer nas regiões  ainda preservadas. O tempo, e nele, os homens, parecem exaustos do modelo da sociedade contemporânea, baseado na competitividade, na voracidade do consumo e do lucro. É uma sociedade contraditória. De um lado, a aplicação tecnológica das descobertas científicas torna a vida mais confortável e mais durável, mas não parece que isso responda aos anseios mais profundos da espécie. E, ainda pior: a tecnologia torna a crueldade mais organizada e mais eficaz. O nazismo foi a mais perfeita utilização da tecnologia para o assassinato em massa de toda a História. Os norte-americanos os repetem, desde a Guerra do Golfo, no Oriente Médio.

Como em outras épocas, a civilização se encontra diante de uma ruptura. O sistema econômico, submetido ao domínio do capital financeiro, entra em crises sucessivas, com a criminosa especulação dos operadores no mercado de capitais. Os indignados, com razões maiores ou menores, se multiplicam. A internet substitui – é outra das surpresas da tecnologia – os agitadores de rua, na condução dos protestos. Falta apenas a ideologia, a que se referem, entre outros, Lenine e Tulard.

Santayana: o preço da sobrevivência é o conflito

Santayana analisa o quebra-quebra na Inglaterra - Conversa Afiadaimage

Globo não vai falar da espionagem tucana?

Por Antônio Mello, em seu blog:
Sei que pode ficar pouco espaço no jornalismo global, caso eles cumpram o novo código. Vão gastar mais tempo corrigindo erros que produzindo novas reportagens. Mesmo assim é pouco. É preciso abrir a pauta.
Por exemplo: a revista IstoÉ publicou “A central tucana de dossiês”. Mais de 50 mil documentos encontrados no Arquivo Público de São Paulo mostram como a polícia civil se infiltrou e investigou partidos políticos, movimentos sociais e sindicatos em pleno governo do tucano Mário Covas em São Paulo.
No Rio Grande do Sul não foi diferente. A espionagem de adversários políticos, sindicalistas e jornalistas pelo governo tucano de Yeda Crusius foi denunciado fartamente em 2010 e retomado agora pelo Marco Weissheimer em seu RS Urgente:
"As revelações sobre episódios de espionagem política patrocinados por governos tucanos em São Paulo e no Rio Grande do Sul lançam um pouco de luz em uma zona sombria da relação entre poder político, aparato policial e mídia que não fica devendo nada ao escândalo Murdoch".
Um dos acusados de espionagem era informante da RBS, maior grupo de comunicação da região sul, ligado à Rede Globo.
"O sargento César Rodrigues de Carvalho era informante de jornalistas do Grupo RBS. O fato foi admitido pela própria empresa em uma nota publicada no dia 10 de setembro de 2010 no jornal Zero Hora. “O nome do sargento até agora não havia sido mencionado nas reportagens dos veículos da RBS em respeito ao princípio constitucional de proteção do sigilo de fonte”, disse a nota. Ainda segundo a RBS, “as informações se referiam a passagens por presídios, situação de criminosos foragidos e o tipo de crime em que estavam envolvidos, incluindo, em alguns casos, fotos”
"No mesmo período, um email foi enviado a vários jornalistas do Estado afirmando que o sargento “prestava serviços a jornalistas no acesso a dados”, em especial para a RBS. Segundo o jornalista Vitor Vieira, do site Vide Versus, jornalistas do grupo teriam recebido dez senhas de acesso ao Sistema de Consultas Integradas. Esse sistema, cabe lembrar, é de uso exclusivo das forças de segurança do Estado, não se destinando a servir como fonte privilegiada para jornalistas. Protegidas pelo sigilo que cerca o processo, há muitas informações sobre esse caso que ainda não vieram a público. Os veículos da RBS, como era de se esperar, não tocaram mais no tema da relação entre seus jornalistas e o sargento acusado de espionagem política e outros crimes".

Por algo parecido, Murdoch teve que fechar um de seus tabloides e uma revolução está sacodindo a mídia britânica.
E aqui no Brasil, que tal fazer valer o Código de Ética, Rede Globo, que, na Seção I, Item 1d afirma:
d) Não pode haver assuntos tabus. Tudo aquilo que for de interesse público, tudo aquilo que for notícia, deve ser publicado, analisado, discutido;
Ao trabalho. Vamos abrir a pauta.

Altamiro Borges- Globo não vai falar da espionagem tucana-

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Brasil tem que entrar no clube nuclear

Saiu na Folha (*), pág. 2, artigo de Delfim Netto:

Prioridades
(…)

Não é exagero dizer que investimentos numa indústria bélica eficiente e competitiva externamente, inclusive a ênfase no domínio da tecnologia atômica, provavelmente mostrarão -em dez anos- uma taxa de retorno social superior à daqueles que hoje ocupam nível mais alto em nossas prioridades. Como disse o ilustre ministro Celso Amorim, “um país pacífico não pode ser confundido com um país desarmado e indefeso”.

Navalha

NAVALHA

Como diz a Presidenta, o Brasil tem a obrigação de proteger o pré-sal.
Como diz o Ministro da Defesa, o grande chanceler Celso Amorim, o pré-sal e a Amazônia Azul.
Como diz o Barão do Rio Branco, país pacífico não pode ser indefeso.
Como diz o Delfim: país forte tem que ter autonomia alimentar, energética e militar.
Este ansioso blogueiro é a favor da bomba atômica.
E considera que Fenando Collor e Fernando Henrique cometeram erro histórico gravíssimo, quando renunciaram à bomba atômica.

Paulo Henrique Amorim

(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

Brasil tem que entrar no clube nuclear - Conversa Afiadaimage

A sociedade parece anestesiada nos EUA

Por Heloisa Villela, de Washington, no blog Viomundo:
Até quando?
É a pergunta que não me sai da cabeça. Existe um ponto a partir do qual tudo vai pelos ares?
O povo toma as ruas, grita, cobra… Londres está pegando fogo. Em Israel, muita gente partiu para o acampamento nas ruas e praças do pais. E aqui nos Estados Unidos, para uma parcela cada vez maior da população, motivo também não falta para exigir mudança. Mas as ruas continuam silenciosas. Verdadeiros túmulos.
Abro o computador e a primeira notícia que aparece, aqui no meu bairro: psiquiatra mata o filho e se mata em seguida. No bilhete que deixou prá trás, a mulher diz que não aguentava mais tentar driblar as dívidas e o preço da mensalidade escolar já que o filho, portador de uma doença mental, não acompanhava o ritmo da escola pública. Foi um ato de desespero. Dar cabo da própria vida seria cruel com o menino, que dependia dela para tantas coisas. Ela preferiu acabar com tudo.
Sei que existem alguns casos dramáticos pelo país afora. Não deveria me surpreender já que a situação de tantas pessoas é mesmo desesperadora e a rede de amparo social é cada vez menor. E vai diminuir ainda mais.
Aqui nos Estados Unidos, a classe média, base da economia do país, está cada vez mais pobre. E os afro-americanos e latinos, então, mais pobres ainda. Segundo a Pew Reseach Center, a distância entre as minorias e os brancos bateu recorde histórico. Entre 2005 e 2009, a renda média das famílias hispânicas, nos Estados Unidos, caiu 66%. A renda das famílias afro-americanas sofreu uma queda de 53% enquanto a renda média das famílias brancas caiu 16%.
O sonho da segurança do teto próprio se desfaz. As dívidas aumentam. Os empregos somem. Um índice de desemprego de 9,1% não é exatamente o fim do mundo. Mas todo mundo sabe que esse índice é uma piada. Uma ginástica estatística aperfeiçoada no governo Bill Clinton, que exclui da pesquisa as pessoas que passaram bom tempo procurando emprego e, por falta de resultado, simplesmente desistiram de tentar achar algo.
A mesma Secretaria do Trabalho que divulga este número desprovido de significado real também publica, discretamente, o índice de pessoas em idade produtiva que estão trabalhando em empregos de horário integral. Ou seja, nada de juntar aqui os que têm um bico de meio expediente ou de algumas horas por semana. Esse índice mostra que apenas 58,1% da mão de obra empregável do país está na ativa. E os outros 42%, estão fazendo o que?
Perto da minha casa, é comum, hoje, ver pessoas homens e mulheres de todo tipo, cor e credo pedindo ajuda com cartazes. Andando entre os carros quando o sinal fecha. Isso não existia. Em visita recente a Nova York, passei pela Tompkins Square, uma praça no lado leste da cidade. Deparei-me com uma fila que dava volta no quarteirão. “É a sopa”, me refrescou a memória uma amiga que morou naquele lugar durante anos. E o que mais chamou nossa atenção: não eram apenas drogados, bêbados, mendigos, como antigamente. Vi famílias inteiras, com carrinho de bebê, criança pequena pela mão, esperando a hora de receber a comida de graça.
E aí me volta a pergunta: até quando essa gente aguenta tudo calada? Ficou muito óbvio, na recente discussão do teto da dívida americana, que nem um partido nem outro tem compromisso com causa alguma. Roderick Harrison, economista e professor da Universidade Howard, aqui em Washington, me disse que está preocupado. Os próximos meses serão ainda mais difíceis, com mais demissões e consumidores assustados, sem dinheiro prá comprar.
Ele tentou responder a minha pergunta. Ou melhor, explicar o atual estado de coisas:
– Faz tempo que estamos caminhando para a ingovernabilidade…
Pior, diz ele, é a falta de organização da sociedade civil. Os partidos, afirmou, já não representam diferentes camadas da população. E a guinada para a direita é visível. Segundo o professor, somente o povo organizado, na rua, cobrando, vai empurrar o partido democrata, e o governo do presidente Barraca Obama, na direção de soluções para os problemas centrais dos país: desemprego e moradia.
Mas a sociedade parece anestesiada. Os únicos que ainda se mexem e vão prá rua são os seguidores do Tea Party, a ala mais radical e direitista do Partido Republicano. Cadê a raiva, a revolta, a indignação?
Por enquanto, vi isso vir à tona somente neste comentário do jornalista Keith Olbermann, que hoje trabalha na Current TV, do ex-vice-presidente Al Gore. Cáustico e sem meias palavras, ele diz o que eu imaginaria que muitos americanos poderiam estar gritando por aí, se soubessem gritar…

Altamiro Borges- A sociedade parece anestesiada nos EUA

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