domingo, 3 de junho de 2012

O dedo do Lula

Do Blog do Emir Sader

A sociedade brasileira teve sempre a discriminação como um dos seus pilares. A escravidão, que desqualificava, ao mesmo tempo, os negros e o trabalho – atividade de uma raça considerada inferior – foi constitutiva do Brasil, como economia, como estratificação social e como ideologia.
Uma sociedade que nunca foi majoritariamente branca, teve sempre como ideologia dominante a da elite branca, Sempre presidiram o país, ocuparam os cargos mais importantes nas FFAA, nos bancos, nos ministérios, na direção das grandes empresas, na mídia, na direção dos clubes – em todos os lugares em que se concentra o poder na sociedade, estiveram sempre os brancos.
A elite paulista representa melhor do que qualquer outro setor, esse ranço racista. Nunca assimilaram a Revoluçao de 30, menos ainda o governo do Getúlio. Foram derrotados sistematicamente pelo Getulio e pelos candidatos que ele apoiou. Atribuíam essa derrota aos “marmiteiros”- expressão depreciativa que a direita tinha para os trabalhadores, uma forma explicita de preconceito de classe.
A ideologia separatista de 1932 – que considerava São Paulo “a locomotiva da nação”, o setor dinâmico e trabalhador, que arrastava os vagões preguiçosos e atrasados dos outros estados – nunca deixou de ser o sentimento dominante da elite paulista em relação ao resto do Brasil. Os trabalhadores imigrantes, que construíram a riqueza de Sao Paulo, eram todos “baianos” ou “cabeças chatas”, trabalhadores que sobreviviam morando nas construções – como o personagem que comia gilete, da música do Vinicius e do Carlos Lira, cantada pelo Ari Toledo, com o sugestivo nome de pau-de-arara, outra denominação para os imigrantes nordestinos em Sao Paulo.
A elite paulista foi protagonista essencial nas marchas das senhoras com a igreja e a mídia, que prepararam o clima para o golpe militar e o apoiaram, incluindo o mesmo tipo de campanha de 1932, com doações de joias e outros bens para a “salvação do Brasil”- de que os militares da ditadura eram os agentes salvadores.
Terminada a ditadura, tiveram que conviver com o Lula como líder popular e o Partido dos Trabalhadores, para o qual canalizaram seu ódio de classe e seu racismo. Lula é o personagem preferencial desses sentimentos, porque sintetiza os aspectos que a elite paulista mais detesta: nordestino, não branco, operário, esquerdista, líder popular.
Não bastasse sua imagem de nordestino, de trabalhador, sua linguagem, seu caráter, está sua mão: Lula perdeu um dedo não em um jet-sky, mas na máquina, como operário metalúrgico, em um dos tantos acidentes de trabalho cotidianos, produto da super exploração dos trabalhadores. O dedo de uma mão de operário, acostumado a produzir, a trabalhar na máquina, a viver do seu próprio trabalho, a lutar, a resistir, a organizar os trabalhadores, a batalhar por seus interesses. Está inscrito no corpo do Lula, nos seus gestos, nas suas mãos, sua origem de classe. É insuportável para o racismo da elite paulista.
Essa elite racista teve que conviver com o sucesso dos governos Lula, depois do fracasso do seu queridinho – FHC, que saiu enxotado da presidência – e da sua sucessora, a Dilma. Tem que conviver com a ascensão social dos trabalhadores, dos nordestinos, dos não brancos, da vitória da esquerda, do PT, do Lula, do povo.
O ódio a Lula é um ódio de classe, vem do profundo da burguesia paulista e de setores de classe média que assumem os valores dessa burguesia. O anti-petismo é expressão disso. Os tucanos são sua representação política.
Da discriminação, do racismo, do pânico diante das ascensão das classes populares, do seu desalojo da direção do Estado, que sempre tinham exercido sem contrapontos. Os Cansei, a mídia paulista, os moradores dos Jardins, os adeptos do FHC, do Serra, do Gilmar, dos otavinhos – derrotados, desesperados, racistas, decadentes.

Carta Maior - Blog do Emir Sader - O dedo do Lula

Dilma vai à guerra

Da Carta Capital

Após embate com o poderoso capital financeiro, a presidenta Dilma forçou e conseguiu a redução dos juros para um patamar histórico. A taxa de 8,5% ao ano, anunciada nos últimos dias, não só marca o aniversário dos primeiros 18 meses de administração dela como também consolida, para decepção dos céticos, a identidade de Dilma.


Fonte: CNI/Ibope

Ela não é mais tão somente uma invenção de Lula. E, com o perdão das feministas e para fazer escárnio dos machistas, o feito não é alcançado pelo fato de uma mulher ser responsável pelo sucesso nem por ela ser “durona como um homem”, como insistiria o frustrado.

O gênero não define nada. O que vem ocorrendo é resultado de coragem e determinação política.

Após superar a difícil fase de denúncias sobre assessores suspeitos de corrupção, ou malfeitos, como diz ela, Dilma foi em frente. Afastou ministros indicados pela base governista e deixou o Congresso baratinado, soltando grunhidos de insatisfação.

Chegou-se a pensar que ela faria uma faxina capaz de desestabilizar o governo, ou cederia. Não fez a faxina e não cedeu. Assim começou a imprimir suas digitais na administração. O Congresso cedeu.

Posteriormente, pressionada pela crise internacional, partiu resoluta para a queda de braço com os agentes do mundo financeiro. Eles esboçaram uma reação.

Esperavam o recuo e se surpreenderam com o avanço.

A presidenta exibiu a musculatura do braço estatal – Banco do Brasil e Caixa Econômica – e os agentes privados cederam.

Poucos, além de fanáticos torcedores partidários, acreditavam que a presidenta pudesse, sem o tutor político dela, ganhar identidade própria. Pensavam assim os próprios militantes, os órfãos de Lula e, naturalmente, a oposição, por elementar dever de ofício.

Dilma, neste curto período de ano e meio, contrariou os mais importantes atores políticos do País ou, quando menos, grupos influentes como os ambientalistas.

Ruralistas poderosos e ambientalistas influentes foram desagradados por Dilma a partir das decisões tomadas em relação aos vetos e propostas, nesse caso por via de medidas provisórias, do polêmico Código Florestal.

Para desespero dos profissionais de uma lógica superada, ela não desestabilizou a base governista que, contabilizadas as alianças formais, é formada por cerca de 350 parlamentares.

“Dilma fez tudo isso sem bravata e com a sobriedade que a função presidencial exige”, constata Carlos Augusto Montenegro, do Ibope.

Mas, sem dúvida, não teria sucesso sem um apoio maciço da população. Os porcentuais do índice de “Confiança no Presidente” (tabela) sustentam a estabilidade do governo malgrado os conflitos frequentes com a base governista no Congresso.

Ela só tem porcentual menor de confiança do que Lula tinha (80%) após três meses de governo no primeiro mandato. Mas no primeiro trimestre do segundo ano de governo comparado com Lula, seja no primeiro ou no segundo mandato, ela já deixou Lula para trás: 72% dela contra 60% de Lula no primeiro mandato e 68% no segundo.

Dilma contrariou também os militares com a formalização da Comissão da Verdade e irritou a burocracia ao promulgar a Lei de Acesso à Informação.

O Brasil está diante de uma importante transformação. E ela projeta uma mudança fundamental: o ambiente político-eleitoral que elegeu Dilma em 2010 já não será o mesmo. Em 2014, talvez não seja inteiramente outro, mas certamente será diferente.

Dilma deve, no entanto, a implantação de um novo código para o setor de comunicações. Para isso, no entanto, ainda virá a tempo.

Portal Politikei- Dilma vai à guerra

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Presidente da Câmara recebe Sindsep e Comissão de Admitidos

Vereador José Police Neto se comprometeu com os admitidos!

do site do SINDSEP

No início da noite de quinta-feira, 31 de maio, foi realizada a Audiência na Câmara Municipal com o presidente da casa, vereador José Police Neto (PSD), os servidores ouviram o compromisso do parlamentar em não poupar esforços para resolver o problema da falta de GDA´s e a valorização do tempo de Prefeitura para esses trabalhadores, estejam ativos ou aposentados.

Além de uma comissão de servidores, estiveram na reunião a presidente do Sindsep, Irene Batista, e o dirigente João Batista. Uma resposta objetiva será encaminhada ao Sindicato no dia 11 de junho, após o feriado. O projeto de GDA está pronto, o que é necessário é o envio para a Câmara Municipal antes do mês de julho.
Durante a reunião o vereador perguntou qual o tempo de trabalho dos companheiros presentes, a maioria mulheres, 28 anos era o menor tempo dedicado ao serviço público municipal. Mesmo um projeto de cunho econômico não resolverá todas as distorções e discriminações sofridas por estes servidores, ainda assim é possível garantir uma aposentadoria mais digna para todos.

Quanto à “valorização” do tempo de serviço à Prefeitura dos admitidos que estão “estacionados” no S4 ou no S5, mas que poderiam estar no S10, o presidente afirmou que há uma discussão a partir do veto ao artigo 7º da LEI 15567, que previa isso. Porém existe toda disposição para continuar este debate e buscar uma alternativa para nós, nas palavras dele “fazer justiça” a estes trabalhadores.
Em relação ao 0,01% respondeu que isto é para cumprir a legislação, que sendo para dar reajuste de verdade é necessária à mudança da Lei Salarial, que é justamente o que o Sindsep sempre reivindicou. Ele avalia que com o fechamento do ciclo de extensão da GDA a todos os servidores, inicia-se agora a discussão sobre a mudança da Lei Salarial.
A mobilização dos trabalhadores, organizada pelo Sindsep, tem provado a força da união. O caminho do diálogo aberto com a presidência da Câmara será cultivado, mas a luta e a participação nas atividades da categoria são os diferenciais para a conquista. A reunião da Comissão dos admitidos será realizada no dia 12 de junho às 14 horas para discutir os próximos passos.

http://www.sindsep-sp.org.br/site/noticias.asp?id_noticia=10483074