segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Por que limitar a propriedade cruzada

Blog do Miro
Altamiro Borges

Reproduzo artigo de João Brant, coordenador do Intervozes, publicado no Observatório do Direito à Comunicação:

Na última semana, o jornal O Estado de S.Paulo publicou uma matéria na qual dizia que o governo havia desistido de estabelecer limites à propriedade cruzada. Para quem não sabe, propriedade cruzada é quando o mesmo grupo controla diferentes mídias, como TV, rádios e jornais.
Na maior parte das democracias consolidadas, há limites a essa prática por se considerar que ela afeta a diversidade informativa. No Brasil, não existem limites, e justamente por isso esse é um dos temas em pauta no debate sobre uma nova lei para os serviços de comunicação audiovisual.
Aparentemente não foi bem isso que o ministro Paulo Bernardo afirmou, o que significa que o jornal resolveu dizer o não dito por conta própria. Curioso é que o mesmo jornal afirma regularmente ser a favor de medidas anticoncentração da mídia. Seria então um alerta às forças democráticas?
Durante o último processo eleitoral, o Estadão declarou em editorial estar “de pleno acordo” com a necessidade de se discutir os limites à propriedade cruzada. E ainda: “não é de hoje que o Estado critica a concentração da propriedade na mídia e as facilidades para que um punhado de grupos econômicos controle, numa mesma praça, emissoras e publicações”.
Em 2003, o jornal fez mais de um editorial criticando a “cartelização da mídia” nos EUA, que iria surgir como resultado de medidas propostas pela FCC (Federal Communications Commission), órgão regulador das comunicações por lá.
Aquele processo (e a revisão seguinte, de 2007) resultou num certo afrouxamento das regras norte-americanas, embora as mudanças mais liberalizantes propostas pela FCC tenham sido barradas pelo Poder Judiciário e pelo Congresso – com votos contrários inclusive dos republicanos –, após uma grande mobilização popular.
Mas, afinal, por que esses limites são tão importantes a ponto de milhões de pessoas, em um país então governado por George W. Bush, terem se mobilizado para defendê-los?
Por quê
Historicamente, são duas as razões para se limitar a concentração de propriedade nas comunicações. A primeira é econômica, e pode ser entendida como tendo a mesma base das leis antitruste. A concentração em qualquer setor é considerada prejudicial ao consumidor porque gera um controle dos preços e da qualidade da oferta por poucos agentes econômicos, além de desestimular a inovação.
Em alguns mercados entendidos como monopólios naturais (como a de transmissão de energia, de água ou telecomunicações), a concentração é tolerada, mas para combater seus efeitos são adotadas diversas medidas que evitam o exercício do "poder de mercado significativo" que tem aquela empresa.
O segundo motivo tem mais a ver com questões sociais, políticas e culturais. Os meios de comunicação são os principais espaços de circulação de ideias, valores e pontos de vista, e portanto são as principais fontes dos cidadãos no processo diário de troca de informação e cultura.
Se este espaço não reflete a diversidade e a pluralidade de determinada sociedade, uma parte das visões ou valores não circula, o que é uma ameaça à democracia. Assim, é preciso garantir pluralidade e diversidade nas comunicações para garantir a efetividade da democracia.
Uma das maneiras mais efetivas de se conseguir pluralidade e diversidade de conteúdos é garantindo que os meios de comunicação estejam em mãos de diferentes grupos, com diferentes interesses, que representem as visões de diferentes segmentos da sociedade.
Ainda que a pluralidade na posse dos meios de comunicação não reflita necessariamente a pluralidade do conteúdo veiculado, na maior parte dos exemplos estudados essa correlação é positiva, especialmente no tocante à diversidade de ideias e pontos de vista (no caso da diversidade de tipos de programa, não necessariamente).
Como
Limites à propriedade cruzada tem a ver fundamentalmente com essa segunda justificativa. Países como Estados Unidos, França e Reino Unido adotam esses limites por entenderem que a concentração de vozes afeta suas democracias. É importante notar que nesses países esses limites são antigos, mas têm sido revistos e, via de regra, mantidos – ainda que relaxados, em alguns casos. Mesmo com todos os processos liberalizantes, revisões regulares de seus marcos regulatórios e convergência tecnológica, esses países seguem mantendo enxergando a propriedade cruzada como um problema.
O que aconteceu nas últimas décadas foi uma complexificação dos critérios de análise adotados, incluindo alcance e audiência como critérios definidores. Os Estados Unidos, por exemplo, tinham uma regra clássica de limite à concentração cruzada em âmbito local: nenhuma emissora poderia ser dona de um jornal que circulasse na cidade em que ela atua.
Essa regra foi levemente flexibilizada em 2007, quando se passou a levar em conta o índice de audiência das emissoras e o número de meios de comunicação independentes presentes naquela localidade. Mas essa flexibilização só vale para as vinte maiores áreas de mercado dos EUA (são 210 no total) e só acontece se o canal de TV não está entre os quatro mais vistos e se restam pelo menos oito meios independentes. Dá para ver, portanto, que a flexibilização é a exceção, não a regra.
Na França, há regras para propriedade cruzada em âmbito nacional e em âmbito local. Em cada localidade, nenhuma pessoa pode deter ao mesmo tempo licenças para TV, rádio e jornal de circulação geral distribuídos na área de alcance da TV ou da rádio.
No Reino Unido, nenhuma pessoa pode adquirir uma licença do Canal 3 (segundo maior canal de TV, primeiro entre os canais privados) se ela detém um ou mais jornais de circulação nacional que tenham juntos mais que 20% do mercado. Essa regra vale também para o âmbito local. No caso britânico, há outras regras que utilizam um complexo sistema de pontuação para sopesar o impacto de licenças nacionais e locais de TV e rádio e jornais de circulação local e nacional.
Como se vê, nem com as mais agressivas tentativas de liberalização conseguiu-se chegar perto da situação brasileira, que simplesmente não prevê limites à propriedade cruzada. Exemplos como o da Globo no Rio de Janeiro, que controla a principal TV, as principais rádios e o único jornal da cidade voltado ao público formador de opinião (sem contar TV a cabo, distribuidora de filmes etc.) são completamente impensáveis em democracias avançadas.
Assim, independentemente da fórmula que irá adotar, se o Brasil quiser aprovar um novo marco regulatório para o setor que seja de fato fortalecedor da diversidade informativa, e portanto de nossa democracia, essa questão não pode estar ausente. A despeito do que digam Estados e Globos.

Altamiro Borges: Por que limitar a propriedade cruzada

FSM: CUT levará experiência unitária dos movimentos sociais de combate à crise

Blog da Dilma 

janeiro 31st, 2011 |Autor: Daniel Pearl editor geral

A capital do Senegal, Dakar, sedia de 6 a 11 de fevereiro a edição centralizada do Fórum Social Mundial. Neste ano, o evento tem como foco principal a melhoria das condições de vida e trabalho no continente africano, em meio ao agravamento da crise financeira internacional e à sucessão de levantes populares por democracia, como na Tunísia e no Egito. Entre os objetivos do Fórum, explica João Felício, secretário de Relações Internacionais da CUT, está o de potencializar as propostas e a capacidade de mobilização dos movimentos sociais africanos para que possam construir um espaço de desenvolvimento acordado de alternativas à globalização neoliberal e definir estratégias de reconstrução social, econômica e política, incluindo a redefinição do papel do Estado. “Ao longo dos seus dez anos de existência o Fórum demonstrou ser um espaço importante e que deve ser valorizado para construirmos consensos que apontem para ações unitárias de enfrentamento ao neoliberalismo. Não há no Fórum um Comitê Central que estabelece a agenda, ela é resultado de uma consulta ampla entre o conjunto dos movimentos que apontam os caminhos a seguir. É nisto que reside a sua capacidade e sua força”, aponta João Felício. De acordo com o dirigente cutista, a experiência histórica acumulada no Brasil, de unidade de centrais sindicais e dos movimentos sociais, embora não seja a única em escala planetária, “é uma referência para o mundo, assim como nossa experiência de programas de transferência de renda e os avanços no diálogo social, como a conquista da política de valorização do salário mínimo, fundamentais para o desenvolvimento de qualquer nação”.
A CUT e suas confederações, explicou João Felício, estarão mais uma vez presentes com uma expressiva delegação em solo africano, levando às organizações do continente as mais variadas experiências de articulação e mobilização dos movimentos sindical e social em defesa do protagonismo do Estado e de políticas públicas que garantam direitos, gerem emprego e distribuam renda. “Em suma, o avesso do receituário do neoliberalismo”, frisou. O fortalecimento da economia solidária, dos trabalhadores migrantes e da paz, a organização da luta contra as bases militares estrangeiras, o apoio ao povo palestino no enfrentamento à política de terrorismo de Estado israelense e a solidariedade ao povo cubano também são bandeiras que os cutistas erguerão no encontro, ressaltou. “Diante dos desafios colocados pela conjuntura internacional e da complexidade do momento, acredito que o Fórum tem uma responsabilidade histórica inadiável”, declarou. A Confederação Sindical Internacional (CSI) realizará um evento na capital senegalesa no dia 9 de fevereiro para dar maior visibilidade à pauta dos trabalhadores no enfrentamento à crise, como a reformulação dos organismos internacionais e a ação junto aos governos locais para que se contraponham ao receituário neoliberal, de privatização e arrocho salarial. CUT (www.cut.org.br)

FSM: CUT levará experiência unitária dos movimentos sociais de combate à crise

Prefeitura anistia imóvel irregular da família Kassab

O imóvel que pertence à construtora da família do prefeito Gilberto Kassab (DEM) teve uma área irregular anistiada pela Prefeitura cerca de dois anos após o pedido de regularização haver sido rejeitado e o prazo para recurso, vencido. Pela lei, os responsáveis pelo prédio deveriam ter sido multados e o local, fechado. Mas documentos obtidos pelo Jornal da Tarde revelam que, em agosto de 2008, quando Kassab já havia sido empossado, o processo foi considerado extraviado, reconstituído e aprovado em nove dias. A assessoria do prefeito informou que a regularização “atendeu integralmente a legislação vigente”.

No local funciona a Yapê Engenharia, que tem como sócios Kassab (com 80% do capital da empresa) e três irmãos. O nome da companhia é resultado da união das iniciais dos pais do prefeito, Yacy e Pedro. Dos 309,82 m² de área construída, apenas 80 m² estavam regulares em outubro de 2003, durante a gestão Marta Suplicy (PT). Kassab, então, deu entrada no requerimento para regularizar 229,82 m², com base na Lei de Anistia, que beneficiava construções concluídas irregularmente até 13 de setembro de 2002.

À época, a empresa chamava-se R&K Engenharia, uma sociedade entre Kassab e o amigo e advogado Rodrigo Garcia. Naquele ano o atual prefeito era deputado federal e Garcia, estadual, ambos pelo PFL (hoje DEM). Garcia deixou a sociedade em 2007 – hoje ele é deputado federal. Os dois assinaram o pedido de regularização enviado à Subprefeitura da Vila Mariana, responsável por avaliar imóveis de até 1,5 mil m² na região.

Pedido negado

Em 8 de março de 2006, o pedido foi indeferido pela subprefeitura pelo “não atendimento ao comunique-se”, ou seja, abandono do processo. Kassab, então vice-prefeito, teve 60 dias, conforme a lei, para pedir reconsideração do despacho, mas não o fez. O indeferimento final foi publicado em junho e o processo, arquivado. A partir daí, pela Lei 13.885/04, a Prefeitura deveria emitir um auto de infração, lançar a área como irregular, aplicar multa e lacrar o imóvel, mas nada disso foi feito.

Em 30 de agosto de 2007, a Secretaria de Habitação (Sehab), comandada por Orlando Almeida, atual secretário de Controle Urbano, pasta que fiscaliza imóveis irregulares, pediu a íntegra do processo à subprefeitura. A papelada ficou engavetada na Sehab por quase um ano no Departamento de Aprovação de Edificações (Aprov), embora a análise do caso fosse atribuição da subprefeitura – a Sehab cuida de imóveis com mais de 1,5 mil m² para uso comercial, como a empresa de Kassab.

‘Extravio’

Em 13 de agosto de 2008, durante as eleições municipais, a Comissão Permanente de Processos Extraviados (CPPE), subordinada à Secretaria de Gestão, declarou o processo da Yapê Engenharia extraviado. No dia seguinte, a seção técnica do órgão publicou memorando relatando que o processo foi “parcialmente reconstituído” e o encaminhou novamente à Sehab.

No dia 22 de agosto, o Aprov 2, que analisa edifícios comerciais acima de 1,5 mil m², informou que o processo foi “considerado em ordem para aprovação”. No mesmo dia, a diretora substituta do Aprov-G à época, Lúcia de Sousa Machado, publicou despacho expedindo o auto de regularização da empresa de Kassab.Jornal da Tarde

Os Amigos do Presidente Lula: Prefeitura anistia imóvel irregular da família Kassab

domingo, 30 de janeiro de 2011

Vem aí o encontro dos blogueiros de SP

blog do Miro
Altamiro Borges:

Reproduzo matéria de Rodrigo Sérvulo da Cunha, publicada no blog Mídia caricata:

No último sábado ocorreu a quinta reunião de organização do primeiro encontro de blogueiros progressistas do estado de São Paulo. Durante algumas horas, este "sujo" blogueiro e mais outros(as) treze companheiros(as) da luta pela democratização da comunicação social (Domingos Savio Gonçalves do "exbancario"; Castor Filho do "redecastorphoto"; Vander Fagundes dos "muitopelocontrario" e "promotoriacomunitaria"; Marcia Brasil dos "brasileuquero" e "edufuturo"; Luana do "Verso no trombone"; Edicarlos Vieira do "soumutirao"; Ana Frank do "Anna Frank"; Celso Jardim do "blogdocelsojardim"; e os "reprodutores" que não possuem blogs mas colaboram na divulgação dos conteúdos nas redes sociais como o Genésio dos Santos, a Luciene, a Nilva Sader que com o mesmo nome está no twitter e facebook, o Arnóbio Freire que no twitter é "@arnobioFreire" e o Cido que no twitter é "cidoli") debatemos sobre o tema do encontro, questões administrativas, formato, datas, horários, local e tudo o que envolve um evento como este.

Dentre outras questões, é importante que o histórico evento aconteça antes da segunda conferência nacional que deve ocorrer ainda no primeiro semestre de 2011 (ainda sem lugar definido) para que os paulistas cheguem lá com um documento de tudo o que foi debatido no encontro estadual.
A reunião foi proveitosa. Nos dividimos em comissões para que cada uma corra atrás do que necessitamos. Alguns contatos já foram feitos e algumas confirmações de participação em debates, oficinas e patrocínio já existem.
As datas escolhidas pela maioria para a realização do evento foram 08, 09 e 10 de abril.
Voltaremos a nos reunir em 19/02 e seria importante a presença de todos os blogueiros de São Paulo dispostos a colaborar. É só chegar!
Para maiores informações contate este blogueiro ou utilize o e-mail: encontro_blogueirossp@hotmail.com
Que venha a democracia!

Altamiro Borges: Vem aí o encontro dos blogueiros de SP

Egito: Elas também querem o fim da ditadura

Viomundo – O que você não vê na mídia

Surrupio três belíssimas fotos do álbum de Leil-Zahra Mortada – Women of Egypt -  no Facebook, que mostram a forte presença feminina nos protestos do Egito. A dica foi da Cris Lobo.


Para ver todas as imagens vá ao ábum de Leil-Zahra Mortada – Women of Egypt

Egito: Elas também querem o fim da ditadura | Viomundo - O que você não vê na mídia

MÍDIA E CORRUPÇÃO

Cloaca News

Por Roni Chira, do blog O que será que me dá

Corromper ou subornar são verbos tão antigos como a própria história da humanidade. No Brasil, vão desde aquela singela cervejinha para o guarda de trânsito – mais conhecida como o “jeitinho brasileiro” – até o que Chico Buarque expressou genialmente em “Vai Passar”:

Dormia a nossa Pátria mãe
tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações

Os mecanismos de “subtração” aos quais Chico se referia florescem muito mais onde não há democracia, direitos humanos e justiça social. No Brasil, ganharam maior consistência nos bastidores da ditadura militar, onde a classe política foi imobilizada após o fechamento do congresso pelo AI-5 em 1968. Num cenário destes, qualquer “favorzinho” era negociado na base de propina. Do segundo escalão para baixo do governo militar, a corrupção corria solta enquanto a “Pátria mãe dormia”.

Muita gente usou deste recurso, muitas empresas cresceram quando tiveram “visão de mercado” aliando-se aos governos militares de forma pragmática. Falha e Globo são exemplos clássicos disso.

Quando recebeu das mãos dos militares a concessão pública para operar em território nacional, a Globo era associada ilegalmente ao grupo americano Time-Life. Significa que, além de darem suporte logístico e até militar aos generais (frota marítima americana estacionada na costa brasileira pronta para qualquer intervenção que se fizesse necessária para garantir a “normalidade da ordem golpista”), os americanos também atuaram na outra ponta do esquema. Para sustentar-se, o governo militar precisava ter voz e apoio na mídia. Isso é fundamental em qualquer golpe (até o surgimento da Internet). Assim, associados à Time-Life, que injetou o capital necessário, os militares e o jornalista Roberto Marinho vitaminaram o grupo Globo – jornal e TV - para tornarem-se a potência que são hoje. As diretrizes básicas: alinhamento e subordinação total do país aos interesses americanos na região.

Devemos lembrar que, naquela época, os monopólios midiáticos ainda estavam engatinhando no Brasil. A Record – que era a vanguarda da TV brasileira – possuía uma única emissora e um auditório com estúdio na Rua da Consolação. Silvio Santos começava a engatinhar com seu Baú e o horário “nobre” da Globo era um pastelão de luta livre que apresentava Ted Boy Marino – o “galã” da emissora. Havia um enorme espaço a ser ocupado para quem incorporasse a ideologia de subserviência aos EUA. A Falha era um jornaleco provinciano. Ofereceu-se como uma prostituta barata à ditadura. O Estadão representava a ultradireita 100% nacionalista.

No ambiente de 64 e nos anos que se seguiram, os caminhos eram estreitos: hipocrisia ou clandestinidade. No prisma da hipocrisia formaram-se políticos como Maluf e Serra. Um lambeu muita botina de milico até adquirir “maioridade” e caminhar com as próprias pernas, recebendo verbas públicas através do voto popular. “Roubou mas fez” – como dizem os paulistas “espertos” que o fazem campeão de votos em cada eleição que participa. O outro chutou a UNE para o alto e deu no pé quando sentiu o cheiro de botina de milico. Só retornou para lamber os sapatos da elite paulista e, através dela e de sua imprensa, conseguir eleger-se a cargos públicos.

O exemplo mais grave de corrupção no Brasil deu-se no final do primeiro mandato de FHC: a compra de votos parlamentares para aprovar a emenda constitucional que garantiria a reeleição do presidente. Foi um golpe de estado do colarinho branco. E, mais uma vez, precisava da mídia. Ou melhor, de sua omissão. O PIG não fez cerimônia: tratou o caso como um mexerico que não merecia mais do que algumas notas de rodapé em seus jornais. Há transgressão maior do que corromper para obter mais um mandato?

Já em 2005, as doações ao caixa dois do PT – que foram usadas para o financiamento de campanhas de diversos parlamentares e envolveram TODOS os partidos – foram um banquete para o PIG. A partir da denúncia de Roberto Jefferson (que embolsou R$ 4 milhões) armou-se um circo “nunca antes visto neste país”. Em seu embalo golpista, a imprensa amplificou e batizou o esquema de Mensalão. Plantou a idéia de que as verbas do esquema eram roubadas dos cofres públicos através de um labirinto de factoides e personagens emaranhados em intermináveis conexões. E essa percepção continua a ser alimentada ou, para se dizer o mínimo, nunca foi contestada. Até hoje não foi provado que o tal Mensalão era um procedimento mensal. Muito menos que utilizava verbas públicas. Rendeu a cabeça de José Dirceu, e quase derrubou Lula. José Dirceu, aliás, não renunciou para garantir elegibilidade, como a maioria dos acusados fez na época. Preferiu submeter-se à cassação e perder seus direitos políticos convicto de que, mais tarde, provaria sua inocência. A conferir.

Enquanto FHC e os que o antecederam controlavam a mídia e a Polícia Federal, engavetando denúncias e processos de diversas falcatruas que “subtraiam a Pátria”, Lula fez o oposto: deu total autonomia à PF e não impediu nenhuma CPI. Isso gerou números bem contrastantes (veja aqui). E o PIG tratou de configurar estes números como uma avalanche de corrupção orquestrada pelo PT. Colou? Além de colar fácil nas cabeças preconceituosas que não admitiam um operário ser presidente, também criou uma legião de cães raivosos empesteando a sociedade com palavras de ordem fascistas.

O episódio do Mensalão ainda aguarda julgamento para ser passado a limpo. É uma dívida que a justiça e o PT têm com a sociedade brasileira. E a imprensa corrupta e golpista? Continuará impune até quando?

Cloaca News: MÍDIA E CORRUPÇÃO

Brasil presidirá Conselho de Segurança

O Brasil assumirá a presidência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira, 1º/2, e irá comandar o grupo até dezembro de 2011. O posto é rotativo e sempre ocupado por um dos 15 membros do órgão. Há anos, o Brasil tenta ocupar um assento permanente no conselho e defende sua reforma. Ao assumir o comando, o objetivo é ampliar os debates para as áreas de conflito nas regiões mais pobres do mundo.

As informações são confirmadas pelas Nações Unidas. No dia 11 de fevereiro, o Brasil promoverá um debate sobre as questões paz, segurança e desenvolvimento. O ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, deverá participar das discussões. Na ONU, o Brasil é representado pela embaixadora Maria Luiza Ribeiro Viotti. De acordo com diplomatas que acompanham as discussões nas Nações Unidas, o momento é de observar com atenção o que ocorre no Kosovo, no Congo e em Guiné Bissau, além dos efeitos do plebiscito no Sudão.

No ano passado, em sessão das Nações Unidas em nome do governo brasileiro, o então ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu a reforma urgente da atual estrutura do Conselho de Segurança. Criado em 1945, depois da Segunda Guerra Mundial, o formato do órgão estabelece que cinco países tenham assento permanente e dez ocupem provisoriamente, por dois anos, as vagas.

Uma das propostas em discussão é que, entre os seus integrantes permanentes, sejam incluídos mais dois países da Ásia, um da América Latina, outro do Leste Europeu e um da África. Atualmente, são integrantes permanentes do conselho os Estados Unidos, Rússia, China, França e Inglaterra. Já o Brasil, Turquia, Bósnia Herzegovina, Gabão, Nigéria, Áustria, Japão, México, Líbano e Uganda são membros rotativos no órgão, com mandato de dois anos.

É o Conselho de Segurança das Nações Unidas que autoriza a intervenção militar em um dos 192 países-membros da organização e também que estabelece sanções – como ocorreu com o Irã, em junho. Os conflitos e crises políticas são analisados pelo conselho, que define sobre o envio e a permanência de militares das missões de paz. Em junho de 2010, Brasil e Turquia, que integram o Conselho de Segurança das ONU, votaram contra as sanções ao Irã. O Líbano se absteve da votação, mas 12 países foram favoráveis às restrições. Para a comunidade internacional, o programa nuclear do Irã é suspeito de produção secreta de armas atômicas. Os iranianos negam. As informações são da Agência Brasil.

Do blog Os Amigos do Presidente Lula: Brasil presidirá Conselho de Segurança

Foto: http://urbanidade.ceas.com.br/index.php/2009/09/23/da-repressao-as-favelas-ao-conselho-de-seguranca-da-onu/

Mobilizações no Egito e Tunísio. Versões e fatos

Compreender o momento que vivem os países do norte da África com movimentos rebelando-se e protestando contra as ditaduras e contra a situação de miséria da população encontram explicações que partem nos mais diversos ângulos. Muito além da perspectiva que as lideranças do Ocidente tentam passar como versão oficial, o que acontece não é simplesmente o fim de ditaduras como mais um movimento de democratização do mundo. Aqui seguem três artigos que em pontos divergem, mas que em comum mantém a ideia de que foi o Ocidente quem financiou os problemas econômicos desses países e sustentou suas ditaduras. Agora, bons moços, líderes do ocidente manifestam a necessidade de democratização. O artigo de Nasser destaca que “desemprego em massa, preços dos alimentos e repressão política é uma combinação explosiva mais perigosa do que os homens bomba” subestimada pela Europa e EUA. O artigo de Chossudovsky, não só denuncia o patrocínio pelos EUA e pela Europa dos governos ditadores do Egito e Tunísia nas últimas décadas, tratando os ditadores como fantoches subservientes às regras do FMI. O autor ainda apresenta fatos que revelam a participação do governo americano nos movimentos da oposição no Egito, infiltrado nas mobilizações e financiando os ativistas pelos canais digitais da internet. Por fim, o artigo de Azenha, entende a crise do Egito como o “desabar do grande pilar da política externa dos Estados Unidos no Oriente Médio”, e espera do governo Dilma, a mesma ousadia e visão de futuro que Celso Amorim demonstrou no Governo Lula, especialmente ao líder com a nova realidade dos países mulçumanos.

Blog do Miro
Altamiro Borges

As causas da explosão popular no Egito

Reproduzo artigo de Reginaldo Nasser, publicado no sítio Carta Maior:

As mobilizações populares na Tunísia, Egito, Iêmen e em outros lugares são um alerta para o chamado mundo desenvolvido e seria uma grande avanço para a democracia se esta região que permanece imersa na violência, em fraudes eleitorais e miséria crescente da população recebesse o devido apoio internacional nesse momento.

O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que os EUA poderão revisar a ajuda ao Egito. O presidente Obama solicitou às autoridades egípcias que evitem o uso de qualquer tipo de violência contra manifestantes pacíficos, alertando que " aqueles que protestam nas ruas têm uma responsabilidade de expressar-se pacificamente. Já a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que a “estabilidade do país é muito importante, mas não a qualquer preço”. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que "os líderes do Egito escutem as preocupações legítimas e os desejos de seus cidadãos”. O primeiro ministro britânico David Cameron declarou: “Eu acho que precisamos de reformas. Quero dizer que nós apoiamos o progresso e o reforço da democracia”.
Como avaliar a atitude desses líderes mundiais? Patética, cínica, hipócrita, irresponsável? Talvez devêssemos recorrer a um grande pensador liberal do século XIX, Aléxis de Tocqueville, e ouví-lo a respeito dos períodos revolucionários na França. Tocqueville alertava para o fato de líderes, que adquiriram experiência em lidar com a política em ambiente de ausência de liberdade, quando se encontraram diante de uma revolução que chegou “inesperadamente”, se assemelhavam aos remadores de rio que, de repente, se vêem instados a navegar no meio do oceano. Os conhecimentos adquiridos em suas viagens por águas calmas vão proporcionar mais problemas do que ajuda nessa aventura, e na maioria das vezes exibem mais confusão e incerteza do que os próprios passageiros que supostamente deveriam conduzir.
Já havia sinais reveladores dessas turbulências, mas o Ocidente preferia se preocupar com burcas, minaretes e terrorismo. Um relatório do Banco Mundial, publicado em 2009, informava que os países árabes importavam cerca de 60% dos alimentos que consomem e já são os maiores importadores de cereais no mundo, dependendo de outros países para a sua segurança alimentar. A elevação dos preços nos mercados mundiais, desde 2008, já causou ondas de protestos em dezenas de países e milhões de desempregados e pobres nos países árabes, como foram os casos da Argélia , em 1988, e da Jordânia em 1989. Um exemplo mais recente, além da região árabe, é o Quirguistão onde um aumento da eletricidade e tarifas de celulares causaram manifestações com dezenas de mortos e milhares de feridos.
Aqueles que temem o crescimento do “islamismo radical” como fator de instabilidade nessa região, deveriam estar mais atentos em relação às “ditaduras amistosas” que, na verdade, são as principais responsáveis pela insegurança no mundo. Desemprego em massa, preços dos alimentos e repressão política é uma combinação explosiva mais perigosa do que os homens bomba.
A demografia no mundo árabe é também um grande problema. A população cresceu cinco vezes durante o século XX, e o crescimento continua a uma média anual de 2,3%. A população do Egito está em torno de 80 milhões. Em 2050 (de acordo com projeções da ONU) deverá ter 121 milhões. A população da Argélia irá crescer de 33 milhões em 2007 para 49 milhões em 2050; a do Iêmen de 22 a 58 milhões. Isso significa que mais empregos precisam ser criados - e mais alimentos importados, ou aumentar a capacidade para produzir mais. No caso do Egito dois terços da população são jovens abaixo de 30 anos, dos quais 90% estão desempregados.
Baseada no turismo, na agricultura e na exportação de petróleo e algodão, a economia é incapaz de sustentar a taxa de crescimento demográfico. 40% da população vive com menos de US$ 2 (R$ 3,30) por dia, o país está na 101ª posição no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)
De certa forma a auto-imolação do jovem tunisiano, Mohamad Bouazizi, que deflagrou a onda de protestos na Tunisia revela, no nível individual, aquilo que está acontecendo nas sociedades daquela região como um todo. Ele não se rebelou, apenas porque não encontrou trabalho que refletisse suas ambições profissionais, mas sim quando um oficial da polícia confiscou as frutas e legumes que estava vendendo sem autorização. Quando foi fazer uma reclamação para buscar justiça, sua demanda foi rejeitada.
Provavelmente foi este sentimento de injustiça que levou Mohamed Bouazizi e milhares de pessoas às ruas, empenhados em quebrar o ciclo da miséria e opressão.
Talvez seja mais confortável para a chamada comunidade internacional lidar com um mundo árabe dividido entre nacionalistas, relativamente seculares, de um lado e islamismo radical, de outro, do que um mundo mais complexo, com problemas econômicos, sociais e políticos que conta com sua cumplicidade.

Blog do Miro
Altamiro Borges

As manobras do imperialismo no Egito

Reproduzo polêmico artigo de Michel Chossudovsky, publicado no sítio Resistir:

O regime Mubarak pode entrar em colapso face ao vasto movimento de protesto à escala nacional. Quais as perspectivas para o Egito e o mundo árabe?
"Ditadores" não ditam, eles obedecem ordens. Isto é verdade tanto na Tunísia como na Argélia e no Egito.
Ditadores são sempre fantoches políticos. Os ditadores não decidem.
O presidente Hosni Mubarak foi o fiel servidor dos interesses econômicos ocidentais e assim era Ben Ali.
O governo nacional é o objecto do movimento de protesto. O objetivo é remover o fantoche ao invés do mestre do fantoche. Os slogans no Egipto são "Abaixo Mubarak, abaixo o regime". Não há cartazes anti-americanos... A influência avassaladora e destrutiva dos EUA no Egito e por todo o Médio Oriente permanece oculta.
As potências estrangeiras que operam nos bastidores estão protegidas do movimento de protesto.
Nenhuma mudança política significativa se verificará a menos que a questão da interferência estrangeira seja tratada de forma explícita pelo movimento de protesto.
A Embaixada dos EUA no Cairo é uma importante entidade política, sempre ofuscando o governo nacional, não é alvo do movimento de protesto.
No Egito, em 1991 foi imposto um devastador programa do FMI na altura da Guerra do Golfo. Ele foi negociado em troca da anulação da multimilionária dívida militar do Egito para com os EUA bem como da sua participação na guerra. A resultante desregulamentação dos preços dos alimentos, a privatização geral e medidas de austeridade maciças levaram ao empobrecimento da população egípcia e à desestabilização da sua economia. O Egito era louvado como uma "aluno modelo" do FMI.
O papel do governo de Ben Ali na Tunísia foi impor os remédios econômicos mortais do FMI, os quais num período de mais de vinte anos serviram para desestabilizar a economia nacional e empobrecer a população tunisina. Ao longo dos últimos 23 anos, a política econômica e social na Tunísia foi ditada pelo Consenso de Washington.
Tanto Hosni Mubarak como Ben Ali permaneceram no poder porque os seus governos obedeceram e aplicaram efetivamente os diktats do FMI.
Desde Pinochet e Videla até Baby Doc, Ben Ali e Mubarak, os ditadores têm sido instalados por Washington. Historicamente, na América Latina, os ditadores eram nomeados através de uma série de golpes militares patrocinados pelos EUA.
Hoje eles são nomeados através de "eleições livres e justas" sob a supervisão da comunidade internacional.
Nossa mensagem ao movimento de protesto:
As decisões reais são tomadas em Washington DC, no Departamento de Estados dos EUA, no Pentágono, em Langley, sede da CIA, na H Street NW, as sedes do Bando Mundial e do FMI.
O relacionamento do "ditador" com interesses estrangeiros deve ser considerado. Derrubar fantoches políticos mas não esquecer de alvejar os "ditadores reais".
O movimento de protesto deveria centrar-se na poltrona real da autoridade política; deveria ter como alvo a Embaixada dos EUA, a delegação da União Europeia, as missões nacionais do FMI e do Banco Mundial.
Uma mudança política significativa só pode ser assegurada se a agenda de política econômica neoliberal for jogada fora.
Substituição de regime
Se o movimento de protesto deixar de tratar o papel das potências estrangeiras incluindo pressões exercidas por "investidores", credores externos e instituições financeiras internacionais, o objetivo da soberania nacional não será alcançado. Nesse caso, o que ocorrerá é um processo estreito de "substituição de regime", o qual assegura continuidade política.
"Ditadores" são postos e depostos. Quando eles estão politicamente desacreditados e já não servem os interesses dos seus patrocinadores estadounidenses, eles são substituídos por um novo líder, muitas vezes recrutado dentro das fileiras da oposição política.
Na Tunísia, a administração Obama já se posicionou. Ela pretende desempenhar um papel chave no "programa de democratização" (isto é, manutenção das chamadas eleições justas). Ela também pretende utilizar a crise política como um meio de enfraquecer o papel da França e consolidar a sua posição na África do Norte:
"Os Estados Unidos, que foram rápidos em avaliar a vaga de protesto nas ruas da Tunísia, estão a tentar pressionar em seu proveito a fim de promover reformas democráticas no país e outras mais além.
O alto enviado dos EUA para o Médio Oriente, Jeffrey Feltman, foi o primeiro responsável estrangeiro a chegar ao país depois de o presidente Zine El Abidine Ben Ali ser derrubado em 14 de Janeiro e suavemente apelou a reformas. Ele disse na terça-feira que só eleições livres e justas fortaleceram e dariam credibilidade à liderança sob ataque do estado norte africano.
"Espero certamente que estaremos utilizando o exemplo tunisino" em conversas com outros governos árabes, acrescentou o secretário de Estado Feltman.
Ele foi despachado para o país norte africano a fim de oferecer a ajuda dos EUA na turbulenta transição de poder e encontrar-se com ministros e figuras da sociedade civil tunisina.
Feltman viaja para Paris na quarta-feira a fim de discutir a crise com líderes da França, promovendo a impressão de que os EUA está a conduzir apoio internacional a uma nova Tunísia, em detrimento da antiga potência colonial, a França...
Países ocidentais apoiaram por longo tempo a derrubada liderança da Tunísia, encarando-a como um baluarte contra militantes islâmicos na região norte africana.
Em 2006, o então secretário da Defesa dos EUA Donald Rumsfeld, falando em Tunis, louvou a evolução do país.
A secretária de Estado Hillary Clinton, agilmente, interveio com um discurso em Doha a 13 de Janeiro advertindo líderes árabes para permitirem aos seus cidadãos maiores liberdades ou [sofrerem] o risco de extremistas explorarem a situação.
"Não há dúvida de que os Estados Unidos estão a tentar posicionar-se muito rapidamente do lado bom..." AFP: US helping shape outcome of Tunisian , enfase acrescentada.

Será que Washington terá êxito em nomear um novo regime fantoche?
Isto depende muito da capacidade do movimento de protesto de tratar o papel insidioso dos EUA nos assuntos internos do país.
Os poderes avassaladores do império não são mencionados. Numa ironia amarga, o presidente Obama exprimiu o seu apoio ao movimento de protesto.
Muitas pessoas dentro do movimento de protestos são levadas a acreditar que o presidente Obama está comprometido com a democracia e os direitos humanos e é apoiante da resolução da oposição de destronar o ditador, o qual fora antes instalado pelos EUA.
Cooptação de líderes da oposição
A cooptação dos líderes dos principais partidos da oposição de organizações da sociedade civil na previsão do colapso de um governo fantoche autoritário faz parte dos desígnios de Washington, aplicados em diferentes regiões do mundo.
O processo de cooptação é implementado e financiado pelos EUA com base em fundações incluindo o National Endowment for Democracy (NED) e o Freedom House (FH). Tanto o FH como o NED têm ligações ao Congresso dos EUA, ao Council on Foreign Relations (CFR) e ao establishment de negócios estado-unidense. Tanto o NED como o FH são conhecidos por terem laços com a CIA.
O NED está envolvido ativamente na Tunísia, Egipto e Argélia. A Freedom House apoia várias organizações da sociedade civil no Egito.
"O NED foi estabelecido pela administração Reagan depois de o papel da CIA nos financiamentos encobertos para derrubar governos estrangeiros ter sido trazido à luz, levando ao descrédito dos partidos, movimentos, revistas, livros, jornais e indivíduos que receberam financiamento da CIA. ... Como uma fundação bipartidária, com participação dos dois principais partidos, bem como da AFL-CIO e da US Chamber of Commerce, o NED assumiu o comando do financiamento de movimentos para derrubar governos estrangeiros, mas abertamente e sob a rubrica da "promoção da democracia". (Stephen Gowans, January « 2011 "What's left"
Se bem que os EUA tenha apoiado o governo Mubarak durante os últimos trinta anos, fundações dos EUA com laços no Departamento de Estado e no Pentágono apoiaram ativamente a oposição política incluindo o movimento da sociedade civil. Segundo a Freedom House: "A sociedade civil egípcia é tanto vibrante como constrangida. Há centenas de organizações não governamentais dedicadas a expandir direitos civis e políticos no país, operando num ambiente altamente regulado". (Freedom House Press Releases).
Numa ironia amarga, Washington apoia a ditadura Mubarak, incluindo suas atrocidades, enquanto também apoia e financia seus detractores, através das actividades do FH, NED, dentre outras.
O esforço da Freedom House para envolver uma nova geração de advogados proporcionou resultados tangíveis e o programa New Generation no Egipto ganhou proeminência tanto ao nível local como internacional. Membros visitantes egípcios de todos os grupos da sociedade civil receberam [Maio 2008] atenção sem precedentes e reconhecimento, incluindo reuniões em Washington com o secretário de Estado, o Conselheiro de Segurança Nacional e membros eminentes do Congresso. Nas palavras de Condoleezza Rice, eles representam a "esperança para o futuro do Egipto".
http://www.freedomhouse.org/template.cfm?page=66&program=84
Política dúplice: Conversar com "ditadores", misturar-se com "dissidentes"
Sob os auspícios da Freedom House, em maio de 2008 dissidentes egípcios e oponentes de Hosni Mubarak foram recebidos por Condoleezza Rice no Departamento de Estado e no Congresso dos EUA.
Em maio de 2009, Hillary Clinton encontrou-se com uma delegação de dissidentes egípcios, visitando Washington sob os auspícios da Freedom House. Foram reuniões de alto nível. Este grupos de oposição, os quais estão a desempenhar um papel importante no movimento de protesto, estão destinados a servir os interesses dos EUA. A América é apresentada como um modelo de liberdade e justiça. O convite de dissidentes para o Departamento de Estado e o Congresso dos EUA pretende instilar um sentimento de compromisso e lealdade a valores democráticos americanos.
Os mestres dos fantoches apoiam dissidentes contra os seus próprios fantoches?
Chama-se a isto "alavancagem política", "fabricação de dissidentes". O apoio a ditadores bem como a oponentes do ditador como um meio de controlar a oposição política.
Estas acções da parte da Freedom House e do National Edowment for Democracy, por conta das administrações Bush e Obama, asseguram que a oposição da sociedade civil financiada pelos EUA não dirigirá suas energias contra os mestres do fantoche por trás do regime Mubarak, nomeadamente o governo dos EUA.
Estas organizações da sociedade civil financiadas pelos EUA actuam como um "Cavalo de Troia" o qual fica incorporado dentro do movimento de protesto. Elas protegem os interesses dos mestres do fantoche. Elas asseguram que o movimento de protesto das bases não considerará a questão mais vasta da interferência estrangeira nos assuntos internos de estados soberanos.
Os Facebook, Twitter e bloguistas apoiados e financiados por Washington
Em relação ao movimento de protesto no Egipto, vários grupos da sociedade civil financiados por fundações com sede nos EUA têm dirigido o protesto com o Twitter e o Facebook:
"Activistas do movimento Kifaya (Basta) do Egipto – uma coligação de oponentes ao governo – e o Movimento da Juventude 6 de Abril organizaram os protestos nas redes sociais dos sítios web do Facebook e Twitter". (Ver Voice of America, Egypt Rocked by Deadly Anti-Government Protests
O movimento Kifaya, o qual organizou uma das primeiras acções dirigidas contra o regime Mubarak em 2004, é apoiado pelo International Center for Non-Violent Conflict com sede nos EUA, o qual é ligado à Freedom House. Por sua vez, a Freedom House tem estado envolvida na promoção e treino do Facebook e de blogs Twitter no Médio Oriente e África do Norte.
Os assistidos pela Freedom House adquiriram qualificações em mobilização cívica, liderança e planeamento estratégico, e beneficiam de oportunidades em rede através da interacção com doadores, organizações internacionais e os media baseados em Washington. Depois de retornarem ao Egipto, os assistidos receberam pequenas subvenções para implementar iniciativas inovadoras tais como advogar pela reforma política através do Facebook e de mensagens SMS.
http://www.freedomhouse.org/template.cfm?page=66&program=84 (emphasis added)
De 27 de fevereiro a 13 de março [2010], a Freedom House hospedou 11 bloguistas do Médio Oriente e África do Norte [de diferentes organizações da sociedade civil] para um Advanced New Media Study Tour de duas semanas em Washington, DC. O Study Tour deu aos bloguistas treino em segurança digital, feitura de vídeos digitais, desenvolvimento de mensagens e mapeamento digital.
Enquanto em DC, os assistidos também participaram numa reunião no Senado e encontraram-se com responsáveis de alto nível na USAID, no Departamento de Estado e no Congresso bem como com os media internacional incluindo a Al-Jazeera e o Washington Post . http://www.freedomhouse.org/template.cfm?page=115&program=84&item=87 ênfase acrescentada
Pode-se facilmente perceber a importância concedida pela administração dos EUA a este programa de treino de bloguistas, o qual é complementado com reuniões no Senado, no Congresso, no Departamento de Estado, etc.
O papel do movimento Facebook Twitter como expressão de dissidência deve ser cuidadosamente avaliado à luz de ligações de várias organizações da sociedade civil à Freedom House (FH), à National Endowment for Democracy (NED) e ao Departamento de Estado dos EUA.
A Fraternidade Muçulmana
A Fraternidade Muçulmana constitui no Egito o maior segmento da oposição ao presidente Mubarak. Segundo informações, a Fraternidade Muçulmana domina o movimento de protesto.
Apesar de haver uma proibição constitucional de partidos políticos religiosos, membros eleitos ao parlamento egípcio como "independentes" constituem o maior bloco parlamentar.
A Fraternidade, contudo, não constitui uma ameaça directa aos interesses econômicos e estratégicos de Washington na região. Agências de inteligência ocidentais têm uma longa história de colaboração com a Fraternidade. O apoio britânico à Fraternidade instrumentado através do Serviço Secreto Britânico remonta à década de 1940.
A partir da década de 1950, segundo o antigo responsável de inteligência William Baer, "A CIA [canalizou] apoio à Fraternidade Muçulmana devido à louvável capacidade da Fraternidade para derrubar Nasser". 1954-1970: CIA and the Muslim Brotherhood Ally to Oppose Egyptian President Nasser . Estas ligações encobertas à CIA foram mantidas na era pós Nasser.
Notas conclusivas
A remoção de Hosni Mubarak tem estado, desde há vários anos, nos planos da política externa dos EUA.
A substituição de regime serve para assegurar continuidade, ao mesmo tempo que proporciona a ilusão de que se verificou uma mudança política significativa.
A agenda de Washington para o Egipto tem sido "sequestrar o movimento de protesto" e substituir o presidente Hosni Mubarak por um novo fantoche complacente na chefia do estado.
O objectivo de Washington é sustentar os interesses de potências estrangeiras, defender a agenda económica neoliberal que serviu para empobrecer a população egípcia.
Do ponto de vista de Washington, a substituição de regime não exige mais a instalação de um regime militar autoritário como no auge do imperialismo estadounidense. Ela pode ser implementado pela cooptação de partidos políticos, incluindo a esquerda, financiamento de grupos da sociedade civil, infiltração no movimento de protesto e manipulação de eleições nacionais.
Em relação ao movimento de protesto no Egito, o presidente Obama declarou num vídeo de 28 de janeiro difundido no Youtube: "O governo não deveria recorrer à violência".
A questão mais fundamental é o que é a fonte daquela violência?
O Egito é o maior receptor de ajuda militar dos EUA. Os militares egípcios são considerados serem a base de poder do regime Mubarak.
As políticas estadounidenses impostas ao Egito e ao mundo árabe durante mais de 20 anos, a par de reformas "mercado livre" e da militarização do Médio Oriente, são a causa raiz da violência de Estado.
A intenção da América é utilizar o movimento de protesto para instalar um novo regime.
O movimento popular deveria redirecionar suas energias: Identificar o relacionamento entre a América e "o ditador". Destronar o fantoche político da América mas não esquecer o alvo do "ditadores reais".
Desviar o processo de mudança de regime.
Desmantelar as reformas neoliberais.
Encerrar bases militares dos EUA no Egipto e no mundo árabe.
Estabelecer um governo realmente soberano.

 

Viomundo – O que você não vê na mídia
29 de janeiro de 2011 às 21:28

Saudade do Celso Amorim

por Luiz Carlos Azenha

Eu estou absolutamente convencido de que Dilma Rousseff fará um governo competente e que Antonio Patriota, o ministro das Relações Exteriores que ela escolheu, nos surpreenderá com ideias brilhantes.

Permitam-me, no entanto, declarar que sinto saudade de Celso Amorim.

Sinto saudade de Celso Amorim porque o ex-chanceler brasileiro era capaz de pensar fora do quadrado (out of the box), ou seja, pensar fora da rigidez ideológica que geralmente acompanha os funcionários partidarizados de um governo. Só quem pensa fora do quadrado é capaz de encontrar soluções verdadeiramente inovadoras para velhos problemas. Neste sentido, Celso Amorim era o chanceler perfeito para liderar uma burocracia estatal competente, conhecida pela consistência, como é o Itamaraty.

Assistimos, nas últimas horas, ao desabar do grande pilar da política externa dos Estados Unidos no Oriente Médio: regimes repressivos pró-ocidentais articulados com a prioridade absoluta de Washington nos últimos 50 anos (?), o de garantir a segurança de Israel. Permaneça ou não no poder, no curto prazo Hosni Mubarak será obrigado a fazer concessões impensáveis para um cliente fiel da política externa dos Estados Unidos. Concessões que vão fraturar a ideia de que é possível calar a “rua árabe” às custas de alguns bilhões de dólares em ajuda anual. Estes acontecimentos são de uma enormidade equivalente à queda do muro de Berlim…

Washington já não manda mais no Oriente Médio como sempre mandou. O desgaste de Mubarak não tem relação apenas com o fracasso econômico de seu regime, mas também com o fato de que ele se distanciou da solidariedade árabe ao sofrimento dos palestinos nos territórios ocupados por Israel. Mubarak se vendeu por alguns tostões e, em certa medida, é isso o que os egípcios estão dizendo nas ruas.

A competência de Celso Amorim repousava na capacidade de reconhecer com rapidez as mudanças no cenário internacional e se adaptar a elas. Amorim reconheceu, por exemplo, muito antes que seus pares, o papel central da Turquia como elo de ligação entre os interesses do Ocidente — a Turquia integra a OTAN — e os do Oriente Médio. Amorim reconheceu o papel central que o Irã jogará no futuro da Ásia central, que independe da opinião de Washington a respeito do regime iraniano.

Um tempo de mudanças extraordinárias, como o que estamos experimentando, pede ousadia.

Seria realmente trágico se Dilma Rousseff recuasse na política externa criativa e ousada de Celso Amorim, aceitando pura e simplesmente uma papel subordinado do Itamaraty à política externa seletiva de “Direitos Humanos” de Washington.

Aliás, para quem condenou claramente o Irã, em entrevista ao Washington Post, será que Dilma não está nos devendo uma declaração sobre o Egito?

Salário mínimo, juros, juras e o outro lado da moeda

Publico os artigos de Quintino Severo, secretário-geral da CUT e Wagner Gomes, presidente da CTB, reproduzidos pelo Blog do Miro.
Altamiro Borges
domingo, 30 de janeiro de 2011
Mínimo de R$ 580: entre juros e juras

Reproduzo artigo de Quintino Severo, secretário-geral da CUT:
Início de governo, mobilização das centrais sindicais nas ruas, abertura de negociação. Entre juros e juras, o sindicalismo brasileiro coloca na mesa a sua pauta, reivindicada pela classe trabalhadora: manutenção da política de valorização do salário mínimo, reajuste da tabela do Imposto de Renda e aumento dos benefícios dos aposentados.
Deixando clara a nossa posição: os R$ 580 como poderoso instrumento de desenvolvimento, crescimento e expansão; a correção da tabela para que as conquistas salariais obtidas ao longo de 2010 não sejam surrupiadas pelo leão da Receita – já que a defasagem desde 1995 ultrapassa os 60%, onerando mais quem recebe menos. E mais: o aumento real para os oito milhões de aposentados e pensionistas que ganham acima do mínimo.
Os ventos que sopram da equipe econômica do governo embaralham o jogo, entoando uma velha e conhecida cantilena: falta de recursos, riscos inflacionários, “fazer mais com menos”. O que foi enfaticamente negado no palanque é agora afirmado, sem o mínimo pudor, abaixo dele. E a pauta dos derrotados volta como onda, amplificada pela mesma mídia que se alinhou ao demotucanato, a fim de envelhecer o novo governo. Entre vais e vens, se confirma a máxima repetida à exaustão por Frei Betto: governo é como feijão, só funciona à base de pressão..
Diante do impasse, é necessário esclarecer alguns pontos, para que eventuais equívocos, como o do ministro Guido Mantega, não se transformem num grave tropeço. Pior, em trapaça. Afinal, o eleitor votou em Dilma Rousseff para aprofundar as mudanças iniciadas pelo presidente Lula e não para que sua administração se perca nos descaminhos do arrocho fiscal, do corte de investimentos públicos e do aumento real zero para o mínimo. Abdicar deste Norte, como pretendem alguns, seria como quebrar a bússola, o que em tempos de ventos especulativos e nuvens internacionais carregadas de emissão de dólares, equivaleria a condenar o barco – e sua tripulação – às agruras do rochedo neoliberal.
Mais do que uma figura de linguagem, estamos falando com a autoridade de quem contribuiu para a construção política que garantiu ao Brasil dar o passo pela opção correta: em defesa do seu próprio mercado, da manutenção de direitos, da ampliação de salários. Esta foi a receita que tornou possível ao nosso país ser um dos últimos a entrar na crise e um dos primeiros a sair dela. Ou não?
Reconhecida como elemento chave no fortalecimento do mercado interno, a política de valorização do salário mínimo, ao elevar o poder de compra e distribuir renda, alavancou salários e empregos, criando condições para que o país não naufragasse, transformando em “marolinha” a crise financeira internacional. Ou não?
Para não nos estendermos sob as óticas em disputa, é preciso apontar a grave injustiça da política dos dois pesos e muitas medidas com que nos atacam. Com que autoridade o Executivo pode negar os R$ 580 e fazer cálculos do impacto de cada mísero real de aumento para a Receita em milhões, se o destinado ao pagamento de juros se conta na casa dos muitos bilhões de reais, se o recente aumento de 0,5% na Selic significou a não construção de 380 mil moradias? Mais juros, menos empregos. E a lógica irracional dos mais altos juros reais do mundo consome expectativas, diminui perspectivas, sinaliza inseguranças e retrações.
Com que autoridade o Legislativo pode deixar de referendar a política de valorização do salário mínimo e os R$ 580, se no último dia de votação efetiva na Câmara o plenário aprovou o projeto de aumento de 61,83% nos salários dos próprios parlamentares, que alcança a módica quantia de R$ 26.723,13? Esse é o mesmo valor do salário do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que serve como teto do funcionalismo público, mais de 50 vezes superior ao mínimo atual. Vale lembrar que o dinheiro que jorra para a folha do Legislativo tem a mesma fonte, que agora dizem estar seca para beneficiar a 47 milhões de pessoas que dependem do salário do mínimo.
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), na sua Nota Técnica 94 intitulada “Inflação e juros: é necessário mudar o rumo do debate”, lembra que “nos últimos anos, especialmente a partir de 2004, a economia brasileira cresceu num ritmo mais intenso que o das duas décadas anteriores” e que “a taxa média de crescimento dobrou em relação ao período anterior”.
Esse resultado, informa o Dieese, “esteve apoiado no aumento do valor real do salário mínimo, nos programas de transferência de renda para os mais pobres e na expansão do crédito. Nesses anos houve permanente elevação do consumo das famílias e da taxa de investimento. Contudo, a sustentação do crescimento vai depender, em grande medida, da contínua elevação dos salários reais, do consumo e do investimento doméstico”.
Que estas palavras ecoem e abram caminho para a voz das ruas – e das urnas - na mesa de negociação.

Salário mínimo: o outro lado da moeda

Reproduzo artigo de Wagner Gomes, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), publicado no sítio da Agência Sindical:
O governo da presidente Dilma Rousseff convive em seus primeiros dias com duas “verdades” que soam como absolutas, embora uma delas esteja muito distante dessa definição. A primeira mostra que é preciso cortar os gastos públicos, como forma de se conter a inflação e colocar as contas do governo federal nos eixos; a outra evoca o fato de que a política de valorização do salário mínimo foi uma das responsáveis pelo bom momento econômico vivido pelo Brasil, a despeito da crise internacional que ainda assombra diversos países.
Diante de tais “dogmas”, como deveria agir o governo recém-instalado no Palácio do Planalto para definir o valor do salário mínimo para 2011? Por que interromper a política iniciada durante o governo Lula? Por que a falta de diálogo com a classe trabalhadora em torno dessa questão?
A imprensa vem noticiando nos últimos dias que as centrais sindicais têm sido muito duras com o novo governo, mas não é esse o ponto crucial do debate. O fato é que a proposta de reajuste para R$ 545,00 está na contramão daquilo que foi colocado em prática – com sucesso – nos últimos anos. É frustrante acompanhar o ressurgimento da tese de que os salários deterioram as contas públicas, especialmente porque esse ideário não fez parte do programa com o qual a presidente Dilma foi eleita – ao contrário, fazia parte do discurso da oposição.
Estudos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) demonstram que 47 milhões de pessoas são diretamente beneficiadas pelo aumento do salário mínimo. É nesse universo que está um dos principais pilares de sustentação do crescimento da economia brasileira, responsável pelas excelentes perspectivas para o curto, médio e longo prazos do país.
Setores do governo argumentam que o reajuste para R$ 545,00 corresponde ao valor acordado com as centrais sindicais, a partir da fórmula que utiliza a variação do Produto Interno Bruto e a inflação anual. Esse é um viés bastante discutível, pois não é essa a expectativa criada por um governo comprometido com o desenvolvimento do país. O PIB negativo de 2009 foi um ponto fora da curva, que não pode servir de pretexto para interromper o ciclo de crescimento real dos salários.
Essa discussão não pode ser encerrada por meio de uma medida provisória, conforme demonstra a equipe econômica do novo governo. É preciso mais diálogo com a sociedade e com os movimentos sociais em geral. Se as centrais sindicais hoje pressionam por um reajuste maior do salário mínimo, isso é mero reflexo do que anseia a classe trabalhadora do país, setor que apoiou em massa a continuidade do projeto iniciado pelo presidente Lula e viu em Dilma Rousseff a líder ideal para conduzir o Brasil a um novo patamar de desenvolvimento.

Altamiro Borges: Salário mínimo: o outro lado da moeda

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

As agruras da banda larga

Blog do Miro
Altamiro Borges

Reproduzo artigo de João Brant, publicado no jornal Brasil de Fato:
Todos sabem que a internet em banda larga no Brasil é cara, lenta e para poucos. Apenas 27% das residências são conectadas à banda larga, isso considerando como "largas" conexões a partir de 256 kbps. O Brasil é um dos países em que o serviço é mais caro, tanto em valores absolutos como se considerado o poder aquisitivo da população. E a velocidade ofertada é mentirosa, como denunciam as próprias letras miúdas do contrato – as empresas só garantem 10% da velocidade contratada.
Se pensarmos que a internet viabiliza o acesso a diversos serviços, amplia o acesso ao mercado de trabalho e fortalece a diversidade informativa e cultural, o problema é grave. Concorrência quase não existe; na maioria dos casos, o serviço é prestado só pela operadora de telefonia fixa. Na longa distância, o quadro é ainda pior. Algumas prefeituras tentam oferecer serviço gratuito para a população, mas se veem frente ao controle da rede de longa distância por operadoras privadas monopolistas, que cobram quanto querem.
Para enfrentar esse quadro, o governo desenhou um Plano Nacional de Banda Larga. A principal ação prevista é a reativação da Telebrás, que passa a coordenar o uso das redes de fibra ótica de várias empresas da administração indireta (Eletronorte, Chesf, Petrobras etc.). Ela vai ofertar capacidade de tráfego de longa distância para provedores locais. A expectativa é que essa ação gere competição e abra espaço para milhares de pequenos provedores prestarem o serviço diretamente.
Mas e naquelas cidades em que não há provedores interessados ou não há oferta adequada? A Telebrás diz que nestes casos, e só nesses, vai ofertar o serviço diretamente ao cidadão. Não deveria ser assim. Onde o custo de implementação é mais baixo e há mais usuários dispostos a pagar, a Telebrás não entra. Onde ela vai ter de investir milhões para se instalar e há um mercado pouco lucrativo, ela entra para cobrir as 'falhas de mercado'. É uma concessão injustificável. Banda larga deve ser um serviço público universal, barato e de qualidade para garantir o direito fundamental dos cidadãos a comunicação.

Altamiro Borges: As agruras da banda larga

Direita midiática cria doentes mentais

Blog do Miro
Altamiro Borges

Reproduzo artigo de Pascual Serrano, publicado no sítio da Revista Fórum:
Em plena era da informação, é estarrecedor como se pode conseguir que amplos setores da opinião pública possam executar uma alteração tão impressionante da realidade. Na Venezuela, atende pelo nome de ‘dissociação psicótica’, isto que consiste em um processo mental pelo qual se cria no subconsciente do indivíduo uma realidade fictícia na qual todos os males e todo o mal que se sucede provém de uma só causa ou de uma só pessoa.
A tese levantada pelos setores alinhados ao governo venezuelano e à manutenção da institucionalidade é que os meios de comunicação implantaram este modo de pensamento, de tal maneira que responsabilizam de forma patológica Hugo Chávez e o governo venezuelano por todo o mal que ocorre, perdendo assim qualquer capacidade de análise racional da realidade. O curioso é que não é somente na Venezuela que isto ocorre. Nos Estados Unidos se trata de uma forma de pensamento que não para de aumentar e se difundir entre a ultra direita política e midiática.
No dia 6 de março de 2003 o membro da Câmara de Representantes do Texas, Debbie Riddle, em uma entrevista ao jornal El Paso Times, afirmava: “De onde surge esta idéia de que todo o mundo merece uma educação gratuita, atenção médica gratuita, independente de quem seja? Vem de Moscou, da Rússia. Vem diretamente da boca do inferno. E é habilmente disfarçada como uma idéia de gente de bom coração. Nada de bom coração. Isso é o que rasga o coração deste país” [1].
O professor de História da Universidade de Houston, Robert Zaretsky recordava [2] que a supracitada congressista republicana levantou no início de 2010 aquilo que chamou de “o problema dos terroristas de bermudas”. Segundo ela, existiriam mulheres enviadas por terroristas que cruzariam a fronteira para dar à luz seus filhos em solo estadunidense. Uma vez crescidos, estes “agentes adormecidos” passariam à ação com o objetivo de disseminar o caos nos Estados Unidos.
Não se trata de uma paranóia exclusiva de Riddle; outro membro do Texas na Câmara de Representantes, Louie Gohmert, afirmou em um discurso pronunciado na Câmara em junho de 2010 que um ex-agente do FBI lhe havia contado sobre os “terror baby”. Segundo explicou mais tarde em uma entrevista ao Fox Business News, ele conheceu num avião um passageiro com um familiar que pertencia ao Hamas que lhe contou que este tinha a intenção de conseguir que um neto seu nascesse nos Estados Unidos [3].
Na entrevista, Gohmert afirmou que as mulheres grávidas viajam do Oriente Médio aos EUA com vistos de turista e munidas da intenção de dar a luz nos Estados Unidos e conseguir assim para seus filhos a cidadania estadunidense. Segundo Gohmer, depois a criança voltaria ao país de origem da mãe onde faria um treinamento com terroristas com o objetivo de voltar depois aos Estados Unidos. Quando o jornalista pediu a Gohmert que fornecesse provas disto, ele se limitou a indicar um artigo do Washington Post [4] que descrevia o que denominam de turismo de nascimento (“birth tourism”).
Tratava-se da existência de pacotes turísticos, em especial para cidadãos chineses, com o objetivo que a “turista” grávida tivesse seu filho em território estadunidense. Aquilo foi descrito pelo político republicano como um “enorme rombo na segurança do nosso país”. Perguntando pela relação disto com as crianças terroristas, afirmou: “Se você não acredita que isto é uma prova, é porque acha que os terroristas são mais tontos que estas pessoas empreendedoras” [5]. O assunto foi de tal maneira absurdo que provocou uma paródia no The Daily Show [6], mas sem dúvida, tendo em vista os hábitos eleitorais, não faltariam cidadãos para compartilhar a tese de Gohmert.
A paranoia política da ultra direita tem também seu correspondente braço midiático. O professor de literatura da Universidade de Illinois, Walter Benn Michaels, conta [7] que no verão do ano passado surgiu uma controvérsia entre duas “estrelas” da direita estadunidense da emissora Fox, em torno da pergunta: Qual é o inimigo mais perigoso dos Estados Unidos da América? O primeiro deles, Bill O’Reilly, responde o previsível: Al-Qaeda. Porém, o outro jornalista, Glenn Beck, afirmou: “não são os jihadistas os que ‘querem destruir nosso país’, mas sim ‘os comunistas’”.
Pode se pensar que Beck somente respondeu mediante um condicionamento mental característico da Guerra Fria. No entanto, ele nasceu em 1964, e não pode conhecer este período com pleno uso da razão. Por outro lado, Beck não é um apresentador minoritário. Em 2009 seu programa foi um dos que obteve maior audiência de notícias comentadas na televisão a cabo, com oito milhões de espectadores. Em programas de outros canais, como a ABC, ele foi selecionado pelo público como uma das “10 pessoas mais fascinantes” de 2009 [8]. E em 2010 o jornal The Times o incluiu entre os cem líderes políticos mais influentes [9].
Benn Michaels recorda que na lista dos best-sellers da Amazon, o ensaio político mais vendido é Caminho de Servidão, do economista ultraconservador austríaco Friedrich Hayek, falecido em 1992. Uma das teses do livro é que qualquer política dirigida diretamente a um ideal de justiça distributiva, isto é, o que se entende como uma distribuição “mais justa”, tem necessariamente que conduzir à destruição do império da lei. Nos Estados Unidos pode-se escutar o jornalista de rádio com maior audiência do país, Rush Limbaugh, alertando contra os espiões “comunistas” que “trabalham para Vladimir Putin” [10].
O fenômeno, como era de se esperar, não se restringe aos Estados Unidos nem à Venezuela. Na Itália, Silvio Berlusconi afirma que os comunistas querem eliminá-lo [11], apesar dos comunistas não terem ali nem mesmo um só deputado nacional. Na Espanha, até mesmo o setores midiáticos próximos ao governo tentam dar o sinal de alerta sobre a paranoia da direita midiática [12].
Assim o denuncia o ex-diretor adjunto do jornal El País, José Maria Izquierdo, em seu livro As Cornetas do Apocalipse, onde passa por algumas das figuras da direita troglodita espanhola e suas “pérolas” de análise sobre a situação espanhola e o governo Zapatero. Ainda que valesse a pena recordar ao autor que foi em seu jornal que mais soaram as trombetas do apocalipse contra os governos progressistas da América Latina. Também se na Espanha se une a eles a Igreja, a instituição mais antiga na arte de disseminar o pânico e a angústia. O bispo de Córdoba assegurou que a Unesco tem um plano “para, nos próximos vinte anos, fazer com que a metade da população mundial seja homossexual” [13].
Em qualquer caso, a inquietante conclusão é a angústia de comprovar que, com todas as possibilidades técnicas e jornalísticas do século XXI, a demência de alguns líderes políticos e o poder de algumas vias midiáticas de propaganda consigam arrastar grandes setores da opinião pública para uma psicose, uma dissociação psicótica que ninguém sabe até onde pode nos levar.
* Pascual Serrano é jornalista. Acaba de publicar o livro Traficantes de información. La historia oculta de los grupos de comunicación españoles. Foca.

NOTAS
1- "Legislators Question Border Health", El Paso Times. 6-3-2003;
2- Le Monde Diplomatique (edição espanhola) Dezembro, 2010;
3- Editorial. The Boston Globe, 14-8-2010; http://www.boston.com/bostonglobe/editorial_opinion/editorials/articles/2010/08/14/and_avoid_crackpot_theories_too/ ;
4- Richburg, Keith. "For many pregnant Chinese, a U.S. passport for baby remains a powerful lure", Washington Post, 18-7-2010 http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2010/07/17/AR2010071701402.html 
5- "Video: Rep. Gohmert on `terror babies` ”. CNN, 12-8-2010. http://ac360.blogs.cnn.com/2010/08/12/video-rep-gohmert-on-terror-babies-conspiracy/ 
6- "Jon Stewart & Anderson Cooper Look at Gaping Holes - Security - The Daily Show with Jon Stewart. Video Clip | Comedy Central" . Thedailyshow.com. 17-8-2010. http://www.thedailyshow.com/watch/tue-august-17-2010/jon-stewart---anderson-cooper-look-at-gaping-holes---security  .
7- Le Monde Diplomatique, Dezembro 2010.
8- "Top 10 Most Fascinating People of 2009" . ABC News. http://abcnews.go.com/Entertainment/slideshow?id=9225910&page=3  .
9- “ Time`s 2010 Top 100 most influential people list ”. The Times, 29-4-2010. http://www.time.com/time/specials/packages/completelist/0,29569,1984685,00.html  http://www.time.com/time/specials/packages/article/0,28804,1984685_1984864_1985415,00.html 
10- Se puede escuchar en Media Matters, 8-7-2010 http://mediamatters.org/mmtv/201007080038 
11- Berlusconi: "Os comunistas existem e usam dos juízes próximos para me eliminar". El País, 5-1-2011. http://www.elpais.com/articulo/internacional/Berlusconi/comunistas/existen/usan/jueces/cercanos/eliminarme/elpepuint/20110105elpepuint_9/Tes 
12- “O `discurso do ódio` envenena a democracia”. Público, 16-1-2011. http://www.publico.es/internacional/356440/el-discurso-del-odio-envenena-la-democracia 
13- El País, 2-1-2011 http://www.elpais.com/articulo/sociedad/obispo/Cordoba/Unesco/quiere/hacer/mitad/poblacion/sea/homosexual/elpepusoc/20110102elpepusoc_5/Tes

Altamiro Borges: Direita midiática cria doentes mentais

Obama recua diante da ditadura midiática

Blog do Miro
Altamiro Borges

Reproduzo artigo do professor Venício A. de Lima, publicado no Observatório da Imprensa:
Há pouco mais de dois anos (18/11/2008) publiquei neste Observatório artigo motivado por mensagem recebida de Josh Silver, diretor da organização não-governamental Free Press, que chamava a atenção para as grandes transformações que deveriam ocorrer na mídia estadunidense se o presidente eleito Barack Obama cumprisse as promessas de campanha (ver "Comunicações nos EUA: O que muda com Barack Obama?").
Volto ao assunto agora, motivado pelo mesmo Josh Silver.
Após a fusão da Comcast – a maior operadora de TV a cabo e maior provedora de internet dos EUA – com a NBC-Universal (NBCU), autorizada pela Federal Communications Commission (FCC), no último dia 18 de janeiro, ele admite ter perdido as esperanças e mostra como, uma a uma, as promessas de Obama estão sendo descumpridas com prejuízos óbvios para a pluralidade e a diversidade na mídia dos EUA (ver "Comcastrophe: Obama’s FCC Approves Enormous Corporate Media Merger for Comcast/NBC").

De que se trata
As informações disponíveis dão conta de que o negócio de 30 bilhões de dólares, isto é, a compra de 51% da NBCU pela Comcast, faz surgir o maior grupo de comunicação dos Estados Unidos. A Comcast passa a controlar também um enorme leque de programas de televisão e um arquivo com mais de quatro mil filmes. A nova empresa terá 16,7 milhões de assinantes de banda larga, 23 milhões de usuários de TV por assinatura, estações de transmissão e dezenas de canais que incluem a rede de televisão NBC, USA Network, Bravo e MSNBC, além da participação de 32% no serviço de vídeos online Hulu.
O que isso representa para o mercado de comunicações nos EUA?
Para Josh Silver, a fusão autorizada pela FCC possibilita à Comcast "fundir" a internet com a TV a cabo, vale dizer, desfrutar de enorme vantagem sobre competidores e liberdade plena para determinar os preços a serem cobrados por seus programas e serviços. Pior de tudo, a fusão diminui ainda mais o que sobra de vozes independentes e da diversidade na televisão americana.
Promessas quebradas
Para refrescar a memória, reproduzo abaixo duas promessas de campanha do então candidato Barack Obama (ver aqui):
Sobre concentração da mídia
"Eu me comprometo a reavaliar as atuais políticas da FCC [Federal Communications Commission, agência reguladora das comunicações nos EUA] em termos de diversificação da mídia. E algo que quero fazer é expandir a diversidade de vozes na mídia, ou adotar políticas que o incentivem, levando em conta que a própria natureza da nossa mídia vem mudando tão rapidamente que talvez a coisa mais importante que possamos fazer seja preservar a diversidade que vem emergindo com a internet. A internet ainda não é a principal fonte de notícias para o povo, mas vem se tornando, cada vez mais, a principal fonte de notícias... Ainda há uma multiplicidade de vozes na internet e, portanto, trata-se de saber como preservá-la, na medida em que as grandes empresas começam a tentar ocupar esse espaço."
Sobre a neutralidade na internet
"Não recuarei em meu compromisso com a neutralidade. A internet é a rede mais aberta que existiu até hoje. Assim a teremos que manter. Evitarei que provedores utilizem, de alguma maneira, uma discriminação que limite a liberdade de expressão na internet. Como a maioria dos norte-americanos tem como única opção um ou dois provedores de banda larga, as operadoras não resistem à tentação de impor um custo ao conteúdo e serviços, discriminando sites que não se disponham a pagar por um tratamento igual. Isso poderia criar uma internet em dois níveis, na qual os sites que melhor se relacionassem com os provedores teriam mais rápido acesso aos consumidores, enquanto seus concorrentes permaneceriam num nível mais lento. Esse tipo de conseqüência representaria uma ameaça à inovação, à tradição aberta e à arquitetura da internet, e incentivaria a concorrência entre conteúdo e os principais provedores. Representaria também uma ameaça à igualdade de oratória com que a internet começou a transformar o discurso político e cultural norte-americano. Conseqüentemente, os provedores de internet não deveriam ser autorizados a cobrar pelo privilégio de conteúdo e diligência a alguns sites da internet em detrimento de outros."
E o Brasil?
O artigo de 2008 terminava evocando a famosa frase do ex-embaixador brasileiro em Washington (1964-1965) e ex-ministro das Relações Exteriores (1966-1967), general-de-divisão Juraci Magalhães (1905-2001): "O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil".
A esperança era de que, com Obama na presidência, pelo menos no que se refere às políticas públicas de comunicações, a frase do general Juraci se tornaria verdadeira.
Junto com muitos milhões de americanos e brasileiros, tudo indica que era um equívoco.

Altamiro Borges: Obama recua diante da ditadura midiática

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O problema da Globo é o povo

Conversa Afiada

 

Brigar com o cliente costuma dar errado

Comentário do amigo navegante MauMauQuirino:

Dá nojo assistir ao JN
Quem assiste ao JN perde seu tempo e corre o risco de ter uma úlcera. Hoje 2ª feira, 24/01/2011 duas reportagens me chamaram a atenção.
A primeira sobre a invasão de um morro carioca pela polícia civil, à procura de armas, drogas, como também para fazer um levantamento da área, pois pretende instalar uma UPP.
Estranhamente, a reboque desta reportagem o casal 45 noticiou que o GLOBOCOP foi atingido por três tiros de fuzil, concluindo que seria um atentado à liberdade de imprensa.
O que pretende a Globo com isso ???
A segunda diz respeito às inundações em São Paulo.
Foram longos dez minutos para atribuir a culpa à população, que joga o seu lixo nos córregos, nas ruas etc. e a enorme quantidade de chuva.
Eles seriam os responsáveis pelo caos em que se encontra a cidade de São Paulo, apesar dos esforços das autoridades (grupo político) que governa o Estado há mais de 25 anos.
São essas autoridades que não retiraram o lixo dos córregos, do rio Tietê e outros.
Os rios transbordam a cada chuva mais forte. Mas, a culpa é do povo e de Deus, por intermédio de São Pedro.
Nenhum questionamento foi feito sobre o corte de verbas no governo Serra para a limpeza dos rios.
Nada, nadinha.
Ao mesmo tempo, outras reportagens atacam o governador Sérgio Cabral e a presidenta Dilma, indiretamente, pelo o ocorrido na região Serrana do Rio de Janeiro.
A Globo foi, é e será sempre golpista.
A ley de medios tem que vir logo.

O problema da Globo é o povo | Conversa Afiada

O PT não vai defender Lula?

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O PIG precisa diminuir e desconstruir Lula, “Ou seja: destruir a crença popular que a sociedade veio construindo nos últimos anos de que é possível sonhar com um país menos desigual não só para os netos de nossos netos, mas para os que vivem hoje.”
Blog do Miro
Altamiro Borges

O PT não vai defender Lula?

Reproduzo artigo de Eduardo Guimarães, publicado no Blog da Cidadania:
Vai se institucionalizando uma campanha permanente de “desconstrução” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agora que ele não tem mais o palanque presidencial para se contrapor a uma mídia que acredita que pode prestar ao que sobrou da oposição o serviço que, por mais que tentasse, não conseguiu prestar durante os últimos oito anos.

A institucionalização dessa campanha de destruição de imagem do ex-presidente pode ser vista no furioso noticiário, em novelas e até em programas humorísticos. Insultos, desqualificações, acusações, ridicularizações invadiram tevês, rádios, jornais, internet.
Como sempre, a oposição fica quietinha, deixando à mídia a missão de desmoralizar o ex-presidente que ambas acreditam que tentará voltar ao poder em 2014 ou em 2018, preocupação da direita que lhe insinua certa patologia psicológica por tentar desconstruir hoje um político que, como qualquer um de nós, pode nem estar vivo daqui a 4 ou a 8 anos.
Todavia, não falta consciência dos fatos à direita. Muito pelo contrário: ela sabe muito bem o que está tentando. A destruição do mito Lula é imperativa, para que o povo deixe de acreditar que a política pode lhe mudar a vida “rapidamente” – em termos históricos, oito anos são um piscar de olhos.
A desigualdade brasileira foi construída sobre a premissa do topo da pirâmide social de que seria impossível redistribuir renda rapidamente. O processo demoraria décadas e se daria através do maior enriquecimento dos já muito ricos, de forma que as migalhas acabariam transbordando da mesa do banquete deles.
Lula, em seu governo histórico, provou o contrário. Chegamos ao fim de seu período com um processo intenso de distribuição de renda, ainda que muitos tentem, em vão, desmentir que a renda tenha se desconcentrado no Brasil nos últimos anos, apesar das evidências que caem sobre as cabeças de todos diariamente.
O aumento da participação da renda do trabalho assalariado em relação ao Produto Interno Bruto não deixa dúvidas, mas os pistoleiros da direita na imprensa não param de construir teses malucas que questionam o fato mesmo com eles saltando aos olhos, com aqueles que sempre estiveram alijados do mercado de consumo mergulhando nele de corpo e alma.
O colunista da Folha de São Paulo Clóvis Rossi, por exemplo, há anos trava uma luta inglória no pouco tempo que dedica ao trabalho, com suas coluninhas (agora semanais) na página A2 do jornal nas quais diz que os métodos de aferição da distribuição da renda não contemplam o caixa 2 dos muito ricos e que, por isso, a distribuição de renda propalada seria “lenda”
A tese de Rossi é tão estapafúrdia que não valeria a pena comentar se não fosse o fato de que ainda há formadores de opinião que dão bola a um panfleto partidário como a Folha. Por isso, o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, no caderno “Ilustríssima” do jornal, no último domingo, teve que rebater tese tão absurda.
Para resumir, Pochmann deixou claro que os ricos não passaram a ocultar rendimentos hoje e explicou que a comparação, portanto, tem que ser feita entre os indicadores oficiais de hoje e do passado – indicadores como, por exemplo, o índice de Gini.
Esses indicadores com os quais o presidente do Ipea esgrimiu mostram que a renda se concentrou fortemente após o golpe militar de 1964 e permaneceu concentrada, quase sem se mexer, até 2005, a partir de quando começou a se desconcentrar de forma tão intensa que já é possível ver os efeitos, com a classe C virando maioria da população.
É preciso destruir o que Lula representa, pois. Ou seja: destruir a crença popular que a sociedade veio construindo nos últimos anos de que é possível sonhar com um país menos desigual não só para os netos de nossos netos, mas para os que vivem hoje.
Lula representa esse conceito que vai de encontro à mentalidade que permitiu que o Brasil chegasse a ser, ao fim do século XX, o terceiro país mais desigual do mundo, quadro que só começou a melhorar de verdade ao fim do primeiro mandato do ex-presidente, com seus investimentos imensos na inclusão social.
Há uma aposta da direita de que Dilma Rousseff ficará encolhidinha no Palácio do Planalto até 2014, sem incomodar a elite étnico-financeiro-midiática, prontinha para ser derrotada pelo golden boy conservador de turno. Acha isso por prever que a presidente da República não assumirá a liderança política que seu cargo impõe e, assim, será facilmente derrotada.
Contudo, a debilidade eleitoral de Dilma daqui a quatro anos depende da destruição moral de Lula e de sua obra, para que ele não tome o lugar da sucessora na sucessão dela ou para que não volte a avalizá-la eleitoralmente com o sucesso que teve no ano passado.
É nesse ponto que espanta o imobilismo do PT e do próprio governo Dilma diante da campanha difamatória contra o ex-presidente, campanha que a mídia intensificou após ele deixar o poder, no último dia primeiro.
Claro, Dilma não tem nem um mês de governo. Mas e o PT? O partido de Lula não rebate os ataques a ele, à sua família, os deboches, a difusão de uma “herança maldita” que ele teria deixado para a sucessora, teoria tão absurda que não resiste a cinco minutos de análise séria por gente que entenda do traçado.
O governo Dilma não quer marola agora. Vem aí a escolha dos presidentes da Câmara e do Senado, por exemplo. São postos–chave para o governo. Resta saber, apenas, se é inteligente a estratégia de deixar que tentem destruir o legado de Lula e que construam um clima de medo do futuro por conta da tal “herança maldita” que tentam criar.
O debate político é atemporal e não-circunstancial. É perene. Fugir dele já se mostrou um erro – no primeiro turno da campanha eleitoral de 2010. Tudo bem que não estejamos mais em campanha eleitoral, mas como já vi a mídia destruir políticos que durante o mandato foram populares, penso que o PT deveria refletir sobre uma reação a esses ataques.

Altamiro Borges: O PT não vai defender Lula?

Trevisan, Lula e 42 milhões de merendas escolares

Conversa Afiada

Antoninho acha o PiG muito engraçado

O Brasil do presidente Lula e da presidenta Dilma distribui 42 milhões de merendas escolares por dia.
São distribuídas a alunos do ensino fundamental até  quinze anos de idade.
Elas custam aproximadamente 50 centavos.
O Governo Federal (do presidente Lula) entrou com 30 centavos e as prefeituras entram com os outros 20.
(O governo do Farol de Alexandria entrava com 10 centavos.)
(A propósito: o amigo navegante conhece alguma obra do Farol que tenha utilizado cimento e tijolo ?)
Quem compra a merenda é a prefeitura.
E aí reside o perigo.
E aí entra o Antoninho Marmo Trevisan.
Ele montou uma grande rede com o apoio do Conselho Federal de Nutricionistas e o Conselho Federal de Contabilidade.
Como o apoio também da Microsoft, que o ajudou a subir o portal www.acaofomezero.org.br
Quem audita as contas são a Price e a KPMG.
Antoninho fez também uma parceria com o Banco do Brasil, que está em 4 mil municípios do Brasil.
Resultado: o Antoninho montou o programa “Ação Fome Zero” em 2 mil 273 municípios do País.
Cada cidade tem um contador e uma nutricionista, que fazem parte de um conselho para ficar de olho no prefeito.
E garantir que o dinheiro da merenda não desapareça.
E garantir o conteúdo nutricional da merenda.
São os monitores da merenda.
Antoninho resolveu criar o prêmio anual “gestor eficiente da merenda escolar” para prefeitos.
Eles contam no portal “histórias gostosas de se contar” – tem que ser experiências que possam ser replicadas em outras cidades.
No primeiro ano, 300 prefeitos se inscreveram.
Ano passado, 1 mil e 300.
Há um efeito de propagação, conta Antoninho.
Se você for ao mapa, verá que um prefeito inscrito induz, no ano seguinte, o prefeito vizinho a concorrer: ninguém quer ficar feio na foto da região.
E o que ganha o prefeito vencedor?
O direito de ir a uma festa e tirar uma foto ao lado do Lula.
Em novembro do ano passado, em Gramado, RS, num congresso anual com 6 mil de contadores, o Lula foi lá assinar um novo convenio e deu um show.
Antoninho observa com aquele sorriso maroto por trás dos bigodes que o PiG (*) espinafrou o lançamento do programa.
Desconfiou que a doação inicial, de R$ 3 milhões da empresa CBMM, fosse sumir em algum bolso.
Antoninho se diverte: os R 3 milhões estão lá, em caixa, devidamente aplicados.
Ele conta que voltou de Gramado para Brasília no avião do Lula.
(Cuidado, Antoninho, o Globo vai querer que você pague a passagem !)
Por um tempo, Lula contemplou o por de sol na Serra Gaucha e disse, “queria que a Marisa estivesse aqui para ver isso”.
Depois, chamou o Cesar Alvarez para examinar, página por página, por duas horas seguidas, o plano de inclusão digital através da banda larga.
Entretanto, traçava um galetinho esquálido.
Quando acabou, olhou pela janela: o sol já se tinha posto.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Trevisan, Lula e 42 milhões de merendas escolares | Conversa Afiada