sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A frágil imagem do competente e preparado

clip_image001Ao fazer a campanha, encontrei uma conhecida que me contou que votaria no Serra porque ele é mais competente e preparado. Expus alguns argumentos que desconstroem essa imagem criada na sua propaganda e reforçada pela imprensa aliada, já há alguns anos. Na falta de tempo para conversar, pois ela estava com pressa, ela disse que ia pensar no que havia dito e me passou o facebook dela para que eu mandasse as informações que fundamentavam minha argumentação.

Os dados que passei para ela, resolvi publicar no Politikei e aproveitar o final da campanha. Pesquisei alguns dos milhares de artigos que publiquei nos meus blogs desde 2010 que pudessem resumir como a imagem de Serra é uma criação de marketing frágil se submetida a pequenas análises.

O caso das enchentes do Rio Tietê no final do governo Serra deixam claro o que quero dizer. O descaso de Serra com a obra herdada de seu antecessor levou São Paulo àquelas imensas enchentes no início de 2010. Lembro que Marta e Erundina eram crucificadas pela mídia quando chovia. Mas apesar das marginais totalmente alagadas por dias em 2010, a culpa segundo a imprensa era da chuva mesmo. Não contaram que Serra havia deixado de realizar a manutenção da obra de Alckmin por 3 anos, deixando metros e metros de terra sobre o leito do rio. Tanto que uma escavadeira caiu, mas não afundou como denunciou o jornalista Luiz Carlos Azenha, em seu blog (aqui).

Esse favoritismo por Serra nos grandes meios de comunicação e por governos tucanos não é produto do acaso. O Blog Nas Retinas fez uma bela análise da distribuição das verbas de comunicação feita por Lula. A verba que era centralizada por FHC em poucas centenas de jornais, revistas, rádios e televisão da Região Sudeste, passou a ser distribuída para milhares de meios de comunicação de porte menor no Brasil inteiro, retirando receita de grandes corporações como Globo, Folha, Veja e Estadão que ganhavam muito com anúncios do governo. Os dados detalhados estão no blog (aqui).

Já, Serra, em São Paulo, assim como o faz Kassab, gasta milhões com a Revista Veja que costuma ser muito grata aos dois, oferecendo capas com destaque em momentos de eleição. Uma propaganda nada gratuita paga com dinheiro público como já publiquei em meu próprio blog (aqui).

Essa relação de Serra e do PSDB com essas empresas de comunicação permite blindagem dos acontecimentos reais de seus governos poupando-os de críticas e permitindo que a imagem da competência e preparo se estabeleça. O próprio Azenha que denunciou a história da escavadeira denunciou a lentidão com que a Folha de São Paulo publicou seis dias depois a notícia em ano que Serra concorria à Presidência (aqui).

Notícias aparecem na grande imprensa sem explicar razões como a Exame (também da Abril de Veja) que anuncia o corte de gastos de Alckmin após receber o governo de Serra e novos gastos com desassoreamento do rio (aqui).
São os blogs progressistas que fazem a releitura e a denúncia sobre as notícias. Alckmin teve de cortar gastos porque Serra deixou o Governo quebrado e o novo gasto com o desassoreamento foi resultado da incompetência ou inconsequência de Serra com as obras de prevenção de enchentes (aqui).

Mas a imagem de competência e preparo não se desmancham apenas em questões pontuais. A totalidade das políticas públicas em governos tucanos são temerárias e levaram à precarização da vida do cidadão. Altamiro Borges, jornalista, blogueiro e liderança no movimento de democratização dos meios de comunicação realizou excelente resgate de como o PSDB desmonta a saúde pública pela terceirização utilizando o sóbrio nome de OS´s (Organizações Sociais) para transferir dinheiro do SUS para o setor privado. A pilhagem do dinheiro público por esses meios pode acontecer sem nenhum controle social e o resultado tem sido a piora da saúde pública (aqui).

Privatização, terceirização, conveniamento e organizações sociais. São vários os nomes que os governos tucanos e seus postes utilizam para transferir dinheiro público para o setor privado. Na educação em São Paulo não foi diferente. Serra e Kassab se utilizaram das creches conveniadas para reduzir o número de alunos em toda a rede. De 2005 a 2012 a rede municipal de ensino passou a atender 268 mil alunos a menos. A rede que devia crescer encolheu. Todas as modalidades de ensino caíram, menos as creches que possuem 75% do atendimento conveniado e realizado por entidades que recebem a verba da prefeitura. Mesmo assim, nesse período a rede atende menos 18 mil crianças na educação infantil. Por isso as creches nunca diminuem a demanda. Não houve aumento de vagas na rede, mas transferências das vagas das EMEIs para as creches para facilitar o conveniamento e diminuir a pressão por vagas no Ministério Público. Mesmo assim, o atendimento foi reduzido e o acesso de crianças menores de 2 anos restringido, pois as creches priorizam o atendimento de crianças mais velhas cujo número por professor é maior. Com Serra e Kassab foi a primeira vez desde que o Censo Escolar passou a registrar os dados que a rede municipal encolheu. Os dados do Censo Escolar e do Portal da Prefeitura foram por mim analisados e publicados detalhadamente em meu blog (aqui).

Quando se fala em segurança pública, a coisa piora. O crescimento do PCC em São Paulo que começa a partir das cadeias coincide com a diminuição dos homicídios. Isso porque a venda de drogas passou a ser a grande fonte de renda para a manutenção do crime organizado. Assaltos com homicídios atraíam muito a ação policial e do governo, enquanto o governo não sofre a mesma pressão para o enfrentamento ao tráfico de drogas. Firma-se um pacto entre Estado e crime organizado, desestabilizado em 2006 com a saída de Alckmin para disputar a Presidência. Como afirma a repórter Fátima Souza, que escreveu o livro "PCC, a facção", em troca de exclusividade em entrevistas, o governo de São Paulo pede aos programas policiais não usem a palavra PCC. A entrevista com a escritora pode ser ouvida no blog do Azenha (aqui).

O assunto deixa o Alckmin bem nervoso, como ficou em 2006 quando questionado pela a tv americana NBC. Ele se retirou da entrevista quando questionado da ação policial desmedida em reação aos ataques do PCC, matando jovens na periferia pela simples suspeita. A reportagem pode ser vista no Youtube (aqui).

Em matéria de escrúpulos e ética, também a imagem de Serra é bem frágil, fora da grande mídia que o blinda. Ele é o personagem principal do Livro "A Privataria Tucana", resultado da investigação e rastreamento de documentos realizados pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr. Com dúzias de documentos obtidos em pesquisas nos cartórios, Amaury rastreia as fraudes nas privatizações comandadas por Serra na era FHC, o favorecimento de amigos, a saída de dinheiro para ser lavado no exterior e o retorno ao Brasil como investimentos. Envolvidos nas armações estão homens de confiança de Serra, parentes, ex-sócio, a filha e o genro. Quando soube que essa investigação iria virar um livro, em 2010 Serra gritava para a imprensa que era o PT investigando seus amigos e que era um "dossiê". A mídia o ajudou bastante a elaborar teses que camuflavam a realidade. O livro lançado em 2011 virou best-seller, mas foi ignorado pela grande imprensa. Um resumo em vídeo passou a circular na internet para romper o bloqueio corporativo (aqui).

A imagem de Serra que vai se desvanecendo aos poucos é um produto de má qualidade por sua própria natureza. Não resiste aos fatos. Nem a mídia a sustenta mais e ninguém defende o voto em Serra, preferindo ocultar ou fazer ataques a seus adversários.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O Rei do Terror

Eu disse que ia ficar pior (leia A baixaria desce a Serra!).

A estratégia não é novidade. No Brasil pós ditadura militar, ainda ingênuo, era comum ouvir pessoas dizendo que tinham medo de votar no Lula e no PT porque não queriam ter de dividir a casa com outra família. O boato sobre esse suposto método “socialista” de resolver o problema habitacional era espalhado pelas forças da direita.

Mesmo naquela época parecia uma estratégia boba, mas em um país que perdera a experiência democrática por tantos anos, funcionava. Porém, hoje, segunda década do segundo milênio cristão, como explicar um candidato que se diz experiente (ao menos em eleições, deveria ser)legitimando como estratégia de marketing o convencimento do eleitor em não votar em alguém por medo. O medo costuma ser a ferramenta dos autoritários e dos terroristas, para manter ou para enfrentar o poder. O medo é o sentimento mais primitivo. Compartilhamos com os répteis a mesma estrutura no cérebro que dispara reações de fuga ou ataque em nós ou nos crocodilos. Evoluímos e desenvolvemos áreas no córtex que nos permitem a racionalidade que nenhum outro mamífera possui. Por sua ancestralidade e por questões de preservação, o medo é capaz de frear a razão. Por ser mais simples e necessário ele é disparado antes que pensemos. Por isso as fobias e a inutilidade de sabermos que um filme de terror é apenas um filme. Mas a razão pode curar fobias, e assistir um filme duas ou mais vezes dissipa o medo.
Segundo a previsão feita em 2010 pelo profeta do apocalipse, José Serra, o Brasil ia acabar em 2012 se Dilma fosse eleita, e ele, o Salvador.
Mas como explicar a estratégia de Serra em 2010 contra Dilma? Ele foi capaz de distribuir um vídeo há uma semana do segundo turno daquele ano que previa um futuro apocalíptico para o país caso a guerrilheira Dilma fosse eleita. Como na sua propaganda da tv, ele poupava Lula, por mero oportunismo, como lhe é peculiar. Quem tiver a paciência de assistir, vai ver o quanto o material soa ridículo, apesar de bem produzido. Talvez tenha surtido efeito em algumas pessoas naquela época em que a grande mídia ostentava maior poder ao auxiliar seu candidato. Hoje é só isso: ridículo.
Mais terror se Dilma fosse eleita
Da mesma forma, ridículos foram os ataques finais da campanha oficial do Mestre do Terror. O vídeo ao lado, com ícones criados pela Revista Veja, amiga de Serra e do Cachoeira, mostrava como Dilma e o PT iam acabar com o Brasil. Segundo os marqueteiros de Serra, era Lula que impedia o PT de acabar com o país, mas com Dilma não ia dar mais para segurar os petistas. Aliás, ela ia trazer os mensaleiros cassados de volta.
 

A mídia fazia campanha para Serra que usava seus ícones na Campanha
 
Hoje parecem ridículos os argumentos de Serra em 2010, já que o país continua em crescimento, bem avaliado no exterior, Dilma bem avaliada no país e o Governo Federal não interferiu no STF e na Procuradoria Geral da República como fazia FHC (leia a matéria de Paulo Henrique Amorim: “Os juízes do Lula e da Dilma. Por que votam contra eles?”).
Então, como Serra permanece com as mesmas estratégias?
A primeira tese, a do simples desespero, poderia explicar. Mas por quê a insistência em um formato de campanha que não tem surtido outro resultado que não o reverso do esperado?
Como seria a propaganda de Serra com cenas reais?
A segunda hipótese é a da fragilidade de sua plataforma. Serra há muito tempo não convence mais ninguém. Sua competência foi desmascarada por sua passagem no Estado e na Prefeitura e a sua propaganda parece mostrar outra cidade muito diferente de São Paulo. A desaprovação de Kassab desmonta qualquer argumento de quem queira dar continuidade.
Talvez não existisse mais nada a Serra que não atacar, atacar e atacar. Mas como os ataques parecem  aumentar sua rejeição, seria burrice?
Saul Leblon na Carta Maior (Serra está entregue às togas) busca explicar também o esgotamento do repertório do tucano e descreve que a soberba é o seu ponto forte, pelo menosprezo que destinou à importância de uma plataforma consistente para concorrer em SP. O raciocínio político tosco seria outro traço que os próprios amigos da Unicamp creditam a ele.
Agora, FHC está incomodado e já questionou o “conservadorismo” de Serra. De tão soberbo, Serra é o grande responsável pela falta de oxigenação do PSDB, tão necessária e sabiamente percebida por Lula ao preferir Dilma e Haddad a antigas lideranças nas disputas de 2010 e 2012.
Mas, eu acrescentaria que Serra além de soberbo, é incapaz de compreender os eleitores no momento da eleição e os cidadãos depois de eleito ou de derrotado. Serra acostumou-se com certo público cativo de São Paulo que tem garantido votos a si e a outros tucanos e associados, por mais lastimável que estivesse o país, o Estado ou o município sob suas administrações na última década.
Essa parcela da população sequer defende o indefensável voto em Serra. Opta por adotar o estilo de seu candidato, atacando adversários com chavões marqueteiros ou midiáticos do momento, por mais inverossímeis que sejam. Muitos nem admitem o voto em Serra e se dizem apartidários apesar da fidelidade. Será a opção desse conjunto de cidadãos por Serra baseada nesse medo ingênuo do PT. Medo, sim. Ingênuo, não. O medo não está em um Brasil apocalíptico, pois já viram que não aconteceu. Muito pelo contrário.
Seu medo do PT também não está baseado, como afirmam, na defesa de um país sem corrupção, pois essas pessoas não são ingênuas. Sabem quem são Serra, Kassab e as figuras do PSDB, DEM ou PSD. Sabem que seus candidatos não são alternativas éticas.
O medo real e que os move é o da mudança e do rompimento. Cresceram em um país que lhes garantiu privilégios na medida que suas conquistas pessoais se deram em um sistema absurdamente desigual. Ignoram completamente as condições sócio-históricas e atribuem suas conquistas a méritos próprios. Distribuição de renda, programas assistenciais, urbanização de favelas, reforma agrária, cotas nas universidades são termos, esses sim que trazem o medo. Pânico que se concretiza na visão da classe C com seus hábitos próprios, comprando carros, frequentando praias, shoppings e aeroportos. Pobres morando na região central. O filho da empregada fazendo universidade e ela cobrando cada vez mais caro para trabalhar. Como será o mundo de seus filhos, pensam eles. Quem sobrará para limpar os banheiros? Esses são os verdadeiros medos.
Mas como o país há séculos se constituiu para poucos, aqueles não são a maioria. Ainda assim, Serra insiste no mesmo discurso de medo para todos, pois subestima os eleitores de quem quer tirar os votos, como despreza o cidadão para quem deveria governar. Serra não percebe que o medo passou e que a Globo, a Folha, a Veja já não tem o mesmo poder, a não ser o de reforçar e alimentar o discurso de seus cativos, uma minoria. Serra não enxerga que esse discurso do terror não se fundamenta. Lula e o PT, e agora também Dilma, começam a se consolidar a cada eleição, não como as representações e estereótipos construídos pela grande mídia e pelos partidos de direita, mas como representantes de um grande projeto de inclusão social e econômica e de políticas sociais para garantias de direitos básicos. Como diz o título dado por Paulo Henrique Amorim, em seu blog, ao artigo de André Singer na Folha sobre o alinhamento do voto dos mais pobres com os candidatos lulistas, “o pobre não é bobo”. Começam a diferenciar a cada pleito, as diferenças entre dois projetos que se acumulam na experiência eleitoral e na vida do cidadão. Então, apostar no medo como estratégia, não é só inócuo, mas um amplificador da rejeição a Serra. Mas assim como a grande mídia, Serra não enxerga quem é esse eleitor, o subestima e o trata como idiota. Se é para ter medo de alguma coisa, é do próprio Serra, um coronel que deita-se com o povo apenas quando lhe quer usar.

domingo, 21 de outubro de 2012

Haddad desmente boatos na rede de creches conveniadas

Ainda que eu seja defensor da rede direta como política pública para a educação, este meu blog e os demais que criei antes deste, recebem constantes visitas de profissionais das creches conveniadas. Portanto, vou utilizar este meio para ajudar a desfazer a boataria que se implantou na rede de creches conveniadas. Vários profissionais dessas unidades denunciaram que o governo Kassab tem dito às entidades mantenedoras que Haddad irá acabar com os convênios. A coordenação da campanha do candidato petista respondeu ao Sindicato que representa os profissionais das conveniadas (Sitraemfa) que apesar de dar preferência à construção de novas creches, manterá os convênios para cumprir a meta de abertura de 150 mil vagas. O conteúdo da carta encaminhada, segue na íntegra ao final desta postagem.

Serra e Kassab privatizaram a educação
Já demonstrei aqui que Erundina ampliou as vagas em creches diretas (28,65%) bem como em creches conveniadas (19,37%) quando todas pertenciam à assistência social, e que as matrículas na educação naquele período, em toda a rede municipal subiram 15,9%. Já com Paulo Maluf, as creches diretas foram sucateadas, seus funcionários transferidos, e as unidades conveniadas e transformadas em rede indireta. Ele reduziu em 12,7% as vagas nas creches diretas e privilegiou os convênios que aumentaram as vagas em 91,39%.  Enquanto isso, na educação, o total de matriculados na rede municipal cresceu apenas 0,14%. Pitta continuou o processo, mas diante do movimento pela integração das creches na rede municipal de ensino foi obrigado a nomear ADIs concursadas no final do seu governo. Mesmo assim, reduziu as vagas nas diretas em 1,27% e ampliou em 31,82% nos convênios, enquanto a rede de ensino cresceu apenas 1,89%. Marta construiu 44 CEIs diretos, e mais CEIs com o dobro da capacidade (300 crianças) em 21 CEUs, o que equivalia a um total de 86 unidades novas. Para a rede direta significou um crescimento das vagas superior a 87%, enquanto houve investimento também na rede conveniada, porém menor, em torno de 23%. As vagas na rede municipal de ensino, computando-se matrículas em EMEIs, Ensino Fundamental e Médio e EJA (creches não estavam incluídas no censo de 2000), cresceram 10,8%.
Serra e Kassab deram um sentido novo para a política de convênios. Como demonstrei aqui, com as creches conveniadas, a dupla realizou transferência de investimento da educação infantil ao ensino médio para as entidades. Hoje, 75% das creches e 60% das unidades de educação infantil são indiretas e conveniadas. O aumento de vagas em creches(122 mil) nos últimos 5 anos coincidiu com a queda de vagas em EMEIs (140 mil). Como resultado a educação infantil perdeu 18 mil vagas. Para responder à pressão da justiça e da sociedade sobre as vagas em creches, Kassab e Schneider articularam verdadeiros golpes para reduzir a demanda, como aumentar a idade das crianças nos CEIs e o número de crianças por sala, além de excluir mais de 80 mil cadastros de pais que não responderam a cartinha que o governo mandou. O crescimento da rede conveniada durante os anos Serra e Kassab também acompanhou a redução de toda a rede municipal de educação, com menos 268 mil alunos em 7 anos, sendo 103 mil alunos a menos do Ensino Fundamental e 83 mil que ficaram sem estudar no EJA. Atendem menos do que o governo Pitta para baratear os gastos, apostando em convênios. Essa prática que não reduziu a demanda, tinha por objetivo, a mera privatização da educação pública municipal. Gastaram em 2010, quando Serra foi candidato, mais com propaganda do que orçaram e gastaram com construção de CEIs e EMEIs entre 2006 e 2009. Cumpriram 1/3 da meta nesse período e em 2011 foram impedidos de trocar com construtoras amigas um quarteirão com 9 equipamentos no Itaim Bibi para exploração imobiliária, em troca de creches. Ao mesmo tempo se negaram a fazer acordo com o governo federal e aceitar verba para construir 172 creches.

Boatos tem sido estratégia eleitoral de Serra
Fazer campanha com boatos tem sido uma prática comum nas eleições em José Serra participa. Foi assim em 2010 em vários momentos. Quando lançou os boatos de que Dilma assinaria a lei do aborto sem discussão, a própria esposa do candidato saía às ruas dizendo que Dilma queria matar criancinhas. A baixaria de Mônica Serra só acabou quando sua ex-aluna foi às mídias divulgar que a professora universitária revelara sobre um aborto que fizera no Chile quando lá morava com Serra.
Mais uma semana pela frente com baixarias para serem combatidas. O bom é que essa estratégia não tem funcionado nos últimos 10 anos.

Conteúdo da carta da Campanha de Fernando Haddad aos profissionais das conveniadas

“Em primeiro lugar, gostaria de cumprimentar, em nome de Fernando Haddad, a diretoria do SINTRAEMFA e solicitar a você que dê conhecimento desta carta a todos os membros da diretoria e aos filiados.

O objetivo desta carta é tranquilizar a todos os trabalhadores das entidades conveniadas quanto à continuidade da política de convênios para atendimento das crianças em creches. Queremos esclarecer que consideramos as entidades parceiras neste atendimento à população.

Em nosso programa de governo propomos a criação de 150 mil novas vagas na tentativa de zerar a demanda desta faixa etária. Estamos propondo a construção de novas creches como política preferencial, isto é queremos retomar a construção de creches e administrá-las, mas manteremos a política de conveniamento:

“Atender 150 mil novas matrículas na Educação Infantil em rede própria e por meio de parcerias com o Governo Federal, Estadual e entidades comunitárias conveniadas.” (Programa de Governo, PA. 57)

Queremos também propiciar condições para o diálogo da equipe da Secretaria de Educação e seus representantes regionais com a direção tanto das entidades como do sindicato para que possamos avançar na melhoria dos serviços ofertados.

Vale lembrar que Fernando Haddad, enquanto ministro da Educação, ao lutar pela implantação do FUNDEB, garantiu a inclusão das creches conveniadas para também serem incluídas na distribuição de recursos provenientes deste fundo.”

sábado, 20 de outubro de 2012

Serra e Kassab privatizaram a educação na cidade

Números do Censo Escolar e do Sistema On Line da Prefeitura de São Paulo explicam porque houve aumento de vagas em creche sem redução do déficit. Investimento na rede conveniada aconteceu pela redução da rede direta de educação.

Educação infantil conveniada é maior que direta
Hoje, mais de 75% das creches são indiretas ou conveniadas, o que corresponde a quase 60% das unidades de educação infantil, incluindo EMEIs.

Unidades de Educação Infantil

Quantidade

Centro de Educação Infantil Direto

357

Centro de Educação Infantil Indireto ou creche conveniada

1118

Escolas Municipais de Educação Infantil

468

Centro Municipal de Educação Infantil

1

Dados do Portal SME: mar/2012

Vagas criadas não diminuíram déficit
A Justiça de São Paulo determinou em 2011 que Kassab atendesse até início de 2012, 62 mil crianças cadastradas até a época da decisão. Sob pressão da sociedade e da justiça, a administração Kassab promoveu aumento de vagas em creche. Porém, o aumento não conseguiu acabar com o déficit de vagas para crianças com até 3 anos de idade, uma das metas da própria administração que não foi cumprida.
Pelos dados da própria administração (Imagem 1) apresentados pelo sistema EOL (Escola On Line), foram criadas entre junho de 2007 e março de 2012, 122.511 vagas em creche. Desse total, apenas em 4 meses, entre dezembro de 2010 e março de 2011 foram criadas 60.279 vagas. Estranhamente, o EOL deste período não reflete a redução da demanda, mas um aumento. A redução vem acontecer mais de seis meses depois quando descendo de 174.168 para 97.751 entre outubro e dezembro de 2011, apenas em três meses.

clip_image002[4]Imagem 1

Vagas em creches cresceram, mas em EMEIs diminuíram
Mas o acréscimo das vagas em creche entre 2007 e 2012 coincide com a redução vagas em pré-escola (EMEIs), com 140.667 vagas a menos (Imagem 2). Mas não se trata de simples coincidência, e sim de uma política de transferência do atendimento direto em EMEIs para o atendimento em CEIs concentrado em unidades indiretas e conveniadas. O período de dezembro de 2010 a março de 2011 deixa bem clara tal transferência. Enquanto cresciam mais de 60 mil vagas em CEIs e creches, foram extintas 102 mil vagas nas EMEIs. Talvez o fato explique o aumento e não redução da demanda de creche que também recebeu a transferência das EMEIs.

clip_image002[6]Imagem 2

A comparação entre matrículas e creches e pré-escolas entre 2007 e 2012 (Imagem 3) permite verificar que Kassab não realizou investimentos efetivos para a educação infantil como um todo. Optou por uma reorganização do atendimento que lhe garantiu a transferência de vagas.

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Imagem 3

Educação Infantil perdeu 18 mil vagas de 2007 a 2012
Os dados do Censo Escolar no período, considerando-se a rede municipal direta e toda a rede privada (não há discriminação pelo Censo entre as entidades conveniadas com a prefeitura e as privadas) não identificam acréscimos significativos de vagas nas creches do município. Mas são os dados da própria administração que demonstram que ao contrário de ampliar a rede de educação infantil, o que houve de fato foi uma redução de mais de 18 mil vagas (Imagem 4), considerando-se creche e pré-escola.

clip_image002[13]Imagem 4

Reduziram a demanda excluindo 86 mil cadastros
Outro fato que pode ser observado e foi denunciado, ao menos em parte da imprensa escrita (Imagem 5) e na Blogosfera é a manipulação dos números da demanda a partir de uma estratégia que se configurou em um imenso golpe contra a população. Kassab e Schneider adotaram a tática de mandar cartas para as famílias cadastradas com prazos de recadastramento. Mais de 86 mil crianças foram retiradas da lista de demanda em novembro de 2008, porque os pais não responderam pelos mais diversos motivos. A maior parte não tinha noção que seus filhos não estavam mais na demanda. A queda da demanda pode ser observada em todos os gráficos anteriores.

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Imagem 5

Outros golpes para reduzir a demanda: mudar faixa etária e superlotar salas
Tais maquiagens para reduzir a pressão da sociedade sobre a demanda de creche não se restringiu a retirar crianças do cadastro. A ampliação em mais de 60 mil vagas em creche no início de 2011, de fato, aconteceu, mas com um redução de 100 mil vagas em pré-escola (Imagem 6).


clip_image002[15]Imagem 6

Como já foi dito, houve uma transferência de vagas e demandas de EMEIs diretos para CEIs diretos e conveniados. Também houve a redefinição da faixa etária da creche que aumentou para quatro anos em 2011. E, para uma absorção tão repentina de tantas vagas, Kassab e Schneider se valeram de superlotar as salas nas creches. As primeiras tentativas de Serra para reduzir a demanda em creches aconteceu no sentido oposto. As crianças com 3 anos passaram em 2006, a frequentar EMEIs ao invés de CEIs.
Kassab manteve tal política nos anos seguintes, porém, a justiça de São Paulo passou a incomodá-lo com várias ações questionando o atendimento dos pequenos de 3 anos nas EMEIs. A saída encontrada foi trazer não somente as crianças com 3 anos para os CEIs, mas também as de 4 anos. Apesar de Serra e Kassab já terem criado a possibilidade de colocar até 35 crianças em salas de CEIs. Ao trazer os grupos mais velhos de volta, Kassab aumentou o número de crianças por professor, de 18 para 25, a partir de 2011, o que permitiu aumento de 38% das vagas em muitas salas. Como consequência, a maior parte dos agrupamentos acabaram sendo criados para o atendimento de crianças com 3 e 4 anos, fechando vagas para os mais novos (Imagem 7).

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Imagem 7

Transferência de recursos: a rede encolheu da pré-escola ao EJA; só a conveniada cresceu
Uma consequência imediata da transferência das vagas da pré-escola pra creches é a fuga de recursos da educação pública para instituições privadas, ainda que com caráter filantrópico. Poderíamos supor simplesmente que se trata de busca de alternativas para o déficit de vagas na educação infantil. Afinal, houve aumento real de vagas em creches.
Mas se analisarmos além desta modalidade (Imagem 8), o que vemos na gestão Kassab é um quadro mais alarmante. O Censo Escolar corrobora os dados do EOL no que diz respeito à redução de matrículas na rede direta em todas as modalidades.

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Imagem 8

Enquanto as vagas em conveniadas cresceram, houve uma diminuição geral na rede direta com redução de vagas da pré-escola ao ensino médio e EJA. A rede teve de 2007 a 2012, 146.274 matrículas a menos (Imagem 9).

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Imagem 9

Serra e Kassab deixaram 268 mil alunos fora da escola
A redução de vagas do governo Serra e Kassab fica evidente quando comparado com a tendência da gestão Marta de ampliação de vagas em todas as modalidades educacionais da rede direta. Marta criou 140 mil vagas na rede, ampliando em 16% as matrículas como revelam os dados do Censo Escolar (Imagem 10). Serra em 2 anos reduziu as matrículas em 4% e Kassab deu continuidade diminuindo mais 23%. Os dois diminuíram a rede direta deixada por Marta em 268 mil vagas.

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Imagem 10

Vagas em creches diretas cresceram sem investimento
A única rede direta que cresceu nos governos Serra/Kassab foi a de CEIs que aumentou cerca de 10 mil vagas entre 2005 e 2011. Marta fez a rede direta de CEIs crescer 88% (Imagem 11). Serra a encolheu em 39% ao encaminhar as crianças com 3 anos para EMEIs. Kassab recuperou progressivamente esses números e a ampliação das 10 mil vagas em relação aos números de Marta somente aconteceu em 2011 com a superlotação das salas, o aumento da faixa do atendimento de crianças de 4 anos e a redução de berçários. Esses números revelam que o único investimento real foi em convênios, já que nos últimos dois governos não foram construídos nem um CEI Direto fora de CEUs.

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Imagem 11

EJA e Fundamental perderam o maior número de vagas
Em todos os demais segmentos, Serra e Kassab excluíram alunos do sistema. No Ensino Fundamental em que a gestão Marta criou 10 mil vagas, Serra e Kassab deixaram 103 mil alunos sem atendimento, havendo redução de 7% no período Serra e 12% até 2011(Imagem 12).

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Imagem 12

No mesmo período Serra diminui 33% das vagas de EJA e Kassab deu sequência na exclusão de jovens e adultos do sistema, realizando um corte de mais 1/3 das vagas. Foram 82 mil excluídos das matrículas de EJA deixadas por Marta que em seu mandato havia criado 18 mil vagas(Imagem 13).

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Imagem 13

A opção pelo convênio reduz gastos e qualidade
A população e os professores desconhecem os dados ora apresentados. Tal redução contínua de vagas na rede pública retira de jovens e adultos a oportunidade de estudar e obriga as famílias a dependerem do atendimento do setor privado, uma vez que não há política integrada com o Estado para a demanda do Ensino Fundamental. A redução massiva das vagas em pré-escola também se transforma em um golpe na continuidade do atendimento na educação infantil. O aumento de vagas em creche como resposta à pressão da sociedade e da justiça esconde a depreciação da rede pública que precisa ser resgatada de forma pensada, planejada e integrada com as políticas do Estado e da União. A necessidade de atendimento do déficit de vagas em creche exige medidas que conciliem o investimento na rede direto sem abrir mão da rede conveniada, necessária para a expansão. Porém, há de se ter clareza de que a opção pela rede conveniada é uma opção de baixo custo, como consentiu Schneider em reunião com entidades sindicais, portanto, a opção confere redução da qualidade.
clip_image002[8]Os valores pagos per capita não são suficientes para um atendimento de qualidade (Tabela ao lado). Há inúmeras denúncias de mau uso e desvio das verbas por entidades, além de recebimento indevido por crianças que não frequentam as unidades. Segundo a Ong Ação Educativa, o modelo de creches conveniadas adotado por Kassab não atende um plano de expansão da rede de forma a atender as regiões com maior demanda acumulada. Isso porque elas aproveitam prédios sem atendimento a um planejamento com o olhar na demanda. A política é de ampliar vagas não importando a qualidade. São prédios e espaços inadequados, aprovados sem o mínimo critério.
O salário pago ás Professoras da rede conveniada, pela jornada de 40 horas semanais, no valor de R$ 1.500,00 é bem inferior ao da rede direta com piso de 2600 Reais para jornada de 30 horas semanais e plano de carreira prevendo final de carreira com valores de 3700 Reais, o que atrai pelo concurso público, os melhores profissionais do mercado.

As opções de Kassab atendiam o setor imobiliário e os interesses partidários, mas não a necessidade da população
A necessidade imediata não justifica a política de transferência de recursos públicos para o setor privado, pois enquanto há investimento nos convênios, a rede direta decresce nos demais segmentos. Há de se discutir, pensar e cumprir um plano para a cidade que a pense ao longo de anos, superando o imediatismo das políticas atuais. A opção política do atual Prefeito pela aplicação de recursos públicos nos setores privados também é verificada em outras medidas que revelam ainda ações partidárias acima das necessidades de nossa cidade. Maior exemplo foi a lei de Kassab, aprovada a toque de caixa, que pretendia trocar um quarteirão no Itaim Bibi com inúmeros equipamentos públicos por 200 creches. Sua história e relação com construtoras e o ramo imobiliário parecem determinantes de sua política. Kassab chegou a ser cassado juntamente com sua vice por irregularidades no financiamento da campanha pelo recebimento de doações ilegais que somam R$ 10 milhões, provenientes de construtoras, do banco Itaú e da AIB (Associação Imobiliária Brasileira). Segundo o MP a AIB servia de fachada do Secovi (sindicato do setor imobiliário), sindicato do qual Kassab fez parte quando era corretor de imóveis. O promotor não conseguiu provar a relação, mas o fato é que as construtoras que financiaram a eleição de Gilberto Kassab receberam mais de R$ 2 bilhões da Prefeitura de São Paulo. E o setor lucraria mais com o quarteirão em uma proposta de PPP.
A Associação Preserva São Paulo, uma das envolvidas no movimento contra a especulação imobiliária disparada nos últimos anos em São Paulo, denunciou os gastos da PMSP com propaganda (Imagem 15) que superaram em 2010 várias vezes os valores orçados e aplicados em construções, reformas e ampliações de creches e pré-escolas (Imagem 16).

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Imagem 15

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Imagem 16

As metas físicas do PPA 2006/2009 para a construção de EMEIs e CEIs foram cumpridas em menos de 30% do pretendido para as primeiras e menos de 38% dos CEIs que deveriam ser construídos (Imagem abaixo). clip_image002[35]
Lembra a Associação Preserva São Paulo que, segundo o Tribunal de Contas do Município, no final do exercício de 2009, permaneciam aplicados, sem utilização, recursos do Fundeb no montante de R$ 128.837.557.
A mobilização no Itaim conseguiu barrar a ação de Kassab para vender o quarteirão, com uma liminar impedindo a aplicação da lei.
A investida do Prefeito conta com interesses de seu Secretário Marcos Cintra. Se a lei tivesse emplacado, a Incorporadora JHFS teria direito de explorar o quarteirão com 20 mil m², avaliado em 200 milhões. A empresa em que a filha do Secretário trabalha também é responsável pela construção de uma casa de sua propriedade no interior de São Paulo. Se a opção de Kassab se concretizasse, seriam criadas 32 mil vagas em creche. Porém, o Prefeito não demonstrou o mesmo interesse na criação de 34 mil vagas, caso aceitasse o convênio com o MEC de Fernando Haddad e o governo Dilma que disponibilizaria recursos para a construção de 172 creches, sem desfazer do patrimônio e de equipamentos públicos. O Secretário na época, Alexandre Schneider, informou ao MEC que não havia terrenos para a construção das creches cuja verba foi disponibilizada por Haddad. Depois, alegou que houve dificuldades de preenchimento de formulários, não manifestando mais interesse.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

SINDSEP pergunta, Haddad responde, Serra ignora servidores

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O ofício com questões centrais do funcionalismo e prazo foi encaminhado pelo SINDSEP aos dois candidatos.
Haddad respondeu no prazo.
Serra ignorou.
Na resposta de Haddad, destaque para compromisso de mudança na lei salarial, revisão das carreiras, promoção de concursos públicos, combate ao assédio moral e o estabelecimento de um sistema de negociação permanente. O boletim pode ser visto abaixo ou baixado aqui.

A resposta de Fernando Haddad pode ser lida na íntegra, ao final.

 

Resposta do Candidato Fernando Haddad

A valorização do funcionalismo é fundamental para garantirmos políticas públicas de qualidade. Nos governos Lula e Dilma, entre 2003 e 2011, houve um crescimento médio de 120% nos salários, enquanto a inflação chegou a 52% no período, corrigindo distorções históricas e garantindo aumentos reais a todas as categorias de servidores federais.

Em São Paulo não deveria ser diferente. A população precisa de serviços públicos de qualidade, executados por trabalhadores valorizados pela administração municipal. Dessa forma respondemos ao SINDSEP, apresentando as propostas presentes no programa de governo de Haddad Prefeito:

Vocês devem se lembrar que entre 2003 e 2004, o governo Marta corrigiu a defasagem dos profissionais do nível básico e médio, reestruturando as carreiras. A carreira de Agente de Apoio teve elevado seu piso em 75%, passando de R$ 238,26 para R$ 418,69, quase dois salários mínimos da época. Os AGPPs, cujo inicial de carreira era de R$ 422,11, passaram a receber R$ 630,00, cerca de 50% a mais. Após essa medida, seria necessário, para manter o ganho salarial, estabelecer uma política salarial para o funcionalismo além das reestruturações das demais carreiras, o que não foi realizado por Serra e Kassab. Oito anos depois, os Agentes de Apoio no início de carreira, recebem míseros R$ 440,39. Apenas 5% a mais do que em 2003 e 30% menos que o atual salário mínimo. Os profissionais de nível médio foram reajustados em 2,5% e o piso é de 645,74 Reais.

Nosso programa de governo possui um capítulo especial que trata da valorização dos Servidores Públicos Municipais onde são tratados temas como a democratização das relações de trabalho, por meio de instituição de mesas de negociação permanente e outros canais de diálogo entre a prefeitura e o funcionalismo. Identificamos a necessidade de fortalecimento do Sistema de Negociação Permanente (SINP), criado no governo Marta e abandonado pelos governos de Serra e Kassab.

Nossa proposta é estabelecer uma política de revisão dos planos de cargos, carreiras e salários visando aprimorá-las. Em alguns casos, como o da vigilância em saúde já identificamos a necessidade de elaborar e fazer aprovar na Câmara Municipal uma estrutura organizacional que se adeque à preservação da saúde no município, com implantação de estrutura de cargos gerenciais, técnicos e de apoio, compatíveis. As demais carreiras precisam ser analisadas, o que faremos com a representação sindical dos trabalhadores. É preciso praticar o princípio do salário igual para trabalho igual e a capacitação permanente das equipes.

Atualizar a legislação referente ao funcionalismo, também é uma proposta nossa, sobretudo o Estatuto do Servidor Público Municipal de 1979, elaborado na ditadura e utilizado pelo atual governo como instrumento de coerção e assédio.

A lei salarial atual precisa ser reformulada com a representação dos trabalhadores pelo sindicato, pois não há nenhuma garantia de reposição de perdas, o que permitiu a Serra e Kassab, impor reajustes consecutivos de 0,01% aos servidores, ao passo que o atual Prefeito quase dobrou seu salário e aumentou em 250 % o de seu secretariado. Teremos que olhar para todos os profissionais, pois além dos profissionais dos níveis básico e médio, os de nível superior estão sem reajustes há cinco anos.

Quero chamar a atenção para as condições dos trabalhadores da saúde que também necessitam de valorização. No Programa de Governo estamos nos comprometendo em garantir condições salariais adequadas, do salário igual para trabalho igual, capacitação permanente das equipes, com processo de trabalho articulado, em condições justas, favorecendo a integralidade da ação dos profissionais.

Nosso governo fará ainda uma campanha pela ratificação das Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) números 100 e 111 que tratam da igualdade de condições de trabalho e salários entre homens e mulheres e do combate à discriminação racial no ambiente de trabalho.

As condições de trabalho e formação são também aspectos fundamentais para a valorização de servidores. Iremos reformular a Escola de Formação do Servidor Público Municipal, articulando-a com centros de excelência e dotando-a de estrutura adequada para a capacitação dos servidores. Faz-se urgente criar uma política integrada de saúde do servidor público municipal e requalificar o Hospital do Servidor Público Municipal, uma vez que Serra e Kassab sucatearam o HSPM e desmontaram o DESS.

A presença de um Estado forte nas políticas públicas é essencial para que os direitos da população sejam respeitados. Estamos propondo intensificar as parcerias com o governo Federal de forma a implantar os programas existentes na área de saúde, educação, esporte, lazer, cultura e assistência social para um melhor atendimento da população paulistana. Mas a execução dessas políticas no âmbito municipal depende dos servidores e servidoras. Por isso, se faz necessário a promoção de concursos públicos que supram a necessidade da cidade como pode ser observado no nosso Programa de Governo: contratação de pessoal qualificado na área de vigilância da saúde, mediante concurso público; garantia da realização periódica e sistemática de concursos públicos de ingresso no magistério; contratação de agentes públicos, por meio de concurso, para dar sustentação ao planejamento, à execução e ao monitoramento da Política Municipal de Educação Ambiental e de outras políticas integradas; fortalecer a Guarda Civil Metropolitana com aumento de efetivo, modernização de equipamento e formação continuada entre outras.

Algumas ações dos governos Serra e Kassab têm andado na contramão do fortalecimento das políticas públicas como no caso da Atividade Delegada realizada pela polícia militar do Estado que não poderia levar ao sucateamento da Guarda Civil Metropolitana, como acontece atualmente.

No caso da saúde, além de não haver investimento suficiente, não há fortalecimento das equipes de saúde, havendo necessidade, de se definir uma política de pessoal, reafirmando a adoção legal de processos de contratação, com adequada seleção pública e de acordo com as diretrizes do SUS. O modelo institucional de gestão e controle social precisa ser reorganizado com garantia de participação dos trabalhadores e da população na gestão, defesa e valorização do papel e da autonomia das instâncias de controle social, retomada da direção pública da gestão regional e microrregional do sistema municipal de saúde, reforço da gestão pública dos serviços públicos municipais de saúde e, gradativamente, a direção das unidades de saúde estatais do município, assegurando um quadro de servidores municipais contratados por meio de adequados processos seletivos públicos, que atenda ao quantitativo de trabalhadores de saúde necessários aos serviços.

A política de militarização das subprefeituras do atual governo é antagônica à proposta pela qual criamos as subprefeituras. Vamos descentralizar e valorizar as Subprefeituras, tanto quanto ao orçamento municipal, quanto à sua execução. Os subprefeitos e a estrutura local devem ser valorizados, dotando-os de capacidade de decisão para enfrentar os desafios e reduzir as desigualdades regionais. Descentralizaremos também as ações das diversas áreas sociais (saúde, educação, assistência social, cultura e esportes) e, para tanto, as subprefeituras precisam deixar de serem quartéis. O assédio moral no serviço público também deve ser combatido, com participação dos trabalhadores e dos sindicatos.

A democracia também não se estabelece pela centralização de poder, recursos e ações como fez Serra na educação em 2005. Iremos descentralizar a gestão municipal da educação, recriando as coordenadorias de educação em cada subprefeitura.

Nas escolas, os conselhos precisam ser fortalecidos como ferramentas de participação e exercício da cidadania, com as devidas ações de formação política, bem como devemos implementar o Conselho Regional dos Conselhos de Escola (CRECE).

Haddad pretende articular a Política de Assistência Social de São Paulo com a Política Nacional pela efetivação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), descentralizando e democratizando também, a gestão e execução da assistência social, atribuindo-as aos territórios correspondentes nas 31 subprefeituras.

Dentro do eixo de gestão, há um Sistema Municipal de Participação Popular e Cidadã com diversos Conselhos, Conferências e outras ações e instrumentos democráticos, incluindo os Conselhos de Representantes nas Subprefeituras.

Quanto à reorganização do controle social prevista para a saúde, além de ações descentralizadas na Secretaria, é preciso garantir participação dos trabalhadores e da população na gestão, fortalecendo o controle social exercido pela Conferência Municipal de Saúde, pelos Conselhos Gestores e Conselho Municipal de Saúde. Diferentemente das perseguições e boicotes realizados pelo atual governo defender e valorizar o papel e a autonomia há o compromisso de das instâncias de controle social e adotar medidas visando à revogação do Decreto nº 52.914/2012, que adultera a livre participação. O processo de controle social do SUS será praticado prá valer no âmbito da gestão dos serviços e instituição de processos de gestão participativa. Somente dessa forma, cumpriremos os princípios da administração pública da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Entendendo a Privataria Tucana

Como o tesoureiro de José Serra montava consórcios de empresas e emprestava dinheiro do Banco do Brasil para comprar as estatais privatizadas por FHC e Serra.
Como amigos e parentes de Serra lavaram dinheiro no exterior para usá-lo no Brasil.
Como foi montada uma central de espionagem no Ministério da Saúde e no Governo de São Paulo para destruir os adversários de José Serra.

Dia do Professor com muito pelo que lutar

Republicado às 15:11

Nesse dia 15 de outubro, além de comemorar o dia do Professor, vale uma reflexão. Nos últimos anos, a luta dos professores e professoras tem conquistado o espaço da educação no centro dos debates nacionais, e das carreiras e pisos do magistério como instrumento de valorização do profissional. Mas as discussões sobre salário e carreira mascaram questões básicas sobre as condições do trabalho docente. Números sobre licenças médicas e readaptações dos servidores, apresentados pela SEMPLA em documento publicado recentemente, revelam muito com o que nos preocuparmos. Apesar de inúmeras tentativas em vão do SINDSEP de solicitar números sobre afastamentos médicos e patologias dos servidores, foi somente ao apagar das luzes do governo Kassab e após a promulgação da lei de acesso à informação, que alguns dados se tornaram públicos. Um deles virou notícia no Estadão: "Número de licenças médicas aumentou 15,3% em 2011".
Os números de 2009 a 2011 revelam que esse crescimento se deve em grande parte pelo aumento de licenças médicas em SME que teve um aumento de 27%, enquanto o número de servidores cresceu somente 3%. O número de professores cresceu quase 7%, mas as licenças, 24%. SME, com mais 80 mil licenças publicadas em 2011 (73% do total da PMSP), das quais cerca de 62 mil licenças são de professores, lideram os números absolutos de licenças médicas e proporcionalmente somente perdem para a GCM. Nas readaptações, o mesmo fenômeno se repete. Mesmo concentrando o efetivo mais jovem da Prefeitura, é a educação que puxa para cima as estatísticas de problemas de saúde na Prefeitura que revelam a maior incidência de casos de transtornos e desordens mentais e doenças osteomusculares. Portanto, caberia ao governo identificar de que forma as condições de trabalho tem afetado a saúde dos professores.
Kassab e Schneider, em junho de 2011, por meio de um protocolo assinado pelas entidades sindicais, comprometeram-se com a criação de um Programa de Assistência e desenvolvimento da saúde do servidor em parceria com a SEMPLA. Além de nenhuma ação concreta, o desmanche do HSPM e do DESS permaneceram. Faltando 77 dias para encerrar esse governo, que não deixará saudade, e a 13 dias das eleições cabe a nós verificarmos as propostas dos candidatos que atendem às questões da saúde do professor para elegermos um governo interessado em discutir com os trabalhadores as condições de trabalho que o levam a adoecer. Em 2013 queremos poder cobrar compromissos, para quem em 15 de outubro possamos comemorar como merecemos o Dia do(a) Professor(a).
Enquanto isso, no dia 19 de outubro, o SINDSEP realizará o curso de formação sindical com dispensa de ponto para professores e gestores prevista pela Portaria 6778/11 que debaterá o papel das CIPAs e dos cipeiros e os desafios para a organização de CIPAs nas unidades educacionais, além do papel dos Conselhos como instrumento de gestão democrática. Os conselhos podem ser utilizados como ferramenta de combate ao assédio moral e ao autoritarismo e a CIPA pode vir a ser um ótimo instrumento de defesa dos direitos dos trabalhadores. Inscreva-se: 2129-2999 ou educacao@sindsep-sp-org.br.

SME é campeã em licenças médicas e readaptações.

Uma análise mais detalhada do "Atlas Municipal de Gestão de Pessoas" revela mais aspectos que merecem atenção para pensarmos a questão da saúde do servidor e mais especificamente dos professores. Dos quase 140 mil servidores, mais de 100 mil são mulheres, 72%. A proporção de mulheres sobe para 83% se considerarmos somente servidores lotados em SME. A Secretaria de Educação corresponde a 60% do efetivo de servidores, mais de 84 mil pessoas, sendo quase 58 mil professores e professoras. Portanto, são os números de SME que mais pesam na questão de saúde do servidor.
Quando analisamos as licenças médicas a partir dos dados de 2009 a 2011, fornecidos por SEMPLA, enxergamos mais do que denunciou o Estadão. O crescimento de licenças entre servidores (15,3%) foi muito além do aumento do número de servidores que cresceu 0,5% entre 2009 e 2011. As licenças cresceram mais entre as mulheres (18,14%) e menos entre homens (4,85%).
O que chama a atenção é que SME apresenta o segundo maior índice de licença médicas entre as Secretarias, mas foi a campeã com 80.647 do total de 110.781 licenças. 73% dos afastamentos por doença de 2011 aconteceram em SME. O índice de licenças médicas de SEMPLA corresponde ao número de licenças médicas obtidas para cada 100 servidores. SME chegou a 101,8, perdendo apenas para a Secretaria de Segurança Urbana, onde a Guarda Civil chegou ao índice de 125, 8 licenças para cada 100 servidores. Em terceiro lugar vem a saúde com índice pouco maior que a metade do de SME, (56,6%). O número de readaptados em SME também é campeão. Mais de 8 mil servidores de SME, 10% é composto por readaptados. Denuncia que o trabalho na educação merece atenção redobrada. Se desconsiderar a Secretaria Municipal da PESSOA COM DEFICIÊNCIA E MOBILIDADE REDUZIDA, SEMPED, que possui 18 funcionários, sendo 3 readaptados, mais uma vez, o índice de SME para a GCM, que com 1184 readaptados, chega a quase 17% daquela Secretaria.

Professores e professoras lideram em problemas de saúde

Dentre os onze cargos que acumulam os maiores índices de licenças médicas, nove são cargos da educação correspondendo a 56% do funcionalismo. Esses números podem indicar de imediato problemas com as condições de trabalho. Em primeiro lugar estão os Inspetores de Alunos (índice de 130), mas que representam apenas 0,3% do funcionalismo e cujas licenças poderiam estar relacionadas mais à idade e ao tempo de serviço, já que se trata de cargo em extinção. Em segundo lugar, vem o índice da Guarda Civil que sofre assédio moral no governo Kassab para perseguir trabalhador e morador de rua, além de viver uma militarização da Guarda, sem receber a gratificação que o município paga somente para os Policiais do Estado, mal pagos por Alckmin. Os professores e professoras fazem parte da terceira categoria que mais sofre percentualmente com licenças médicas. Apesar dos 57.153 professores corresponderem a 43% dos servidores, tiveram publicadas 61.694 licenças médicas em 2011, 55% de todas as licenças da Prefeitura (108 de índice). 5.618 professores estavam readaptados em 2011, 9,8% do total de docentes. Considerando que os professores correspondem à média de idade abaixo da média da Prefeitura, podemos supor que são as condições de trabalho que estão adoecendo o professor e a professora. Corroboram para esta conclusão outros dados gerais, já que SEMPLA não cruzou alguns dados que seriam interessantes como os motivos de licença por cargo e por faixa etária. De uma forma geral, as licenças médicas têm ocorrido sem grandes variações nos índices por faixa etárias dos 20 aos 70 anos, revelando que não é o fator idade que tem contribuído para altos índices e pelo aumento no número de licenças. Fizeram maior diferença a Secretaria e o cargo, como no caso de SME e dos professores. A maior parte dos afastamentos de servidores que se deram em 2011 foram por doenças mentais (24%) e doenças osteomusculares (16%), dois grupos de diagnósticos relacionados ao tipo e às condições de trabalho.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A baixaria desce a Serra!

Ficha falsa publicada pela Folha dizia “Terrorista/Assaltante de Banco”
Pensei inicialmente em tratar o título acima como uma interrogação. Mas as diversas notícias que já li hoje, não me deixaram dúvidas quanto ao que exclamei. Vai ter baixaria mesmo, montada pela equipe de trucagens de José Serra, e pelo próprio candidato, assim como fez em 2010 contra Dilma. Virei madrugadas desfazendo mentiras e terrorismos eleitorais, naquele ano em que iniciei a atividade paralela de blogueiro e que ingressei na luta pela democratização dos meios de comunicação (oligarquizados por Globo, Veja, Folha e Estadão). Em 2010, para eleger Serra, a Folha publicou uma ficha falsa de Dilma para criar a imagem de terrorista. As redes sociais desmontaram a farsa e a foto de Dilma tirada pelo DOPS se transforme em ícone para a militância.
imageSegurança de Serra acertou bolinha de papel. Serra acusou os petistas.
A Globo tentou vender um ataque petista a Serra, mas foi desmascarada pela Internet que provou que era uma bolinha de papel, e pior, jogada pelo próprio segurança do candidato.
A Veja lançou capas e capas aos sábados contra o governo Lula e o ministério de Dilma para dar o que falar no Jornal Nacional e nas edições de segunda a sexta de Folha e Estadão. Algumas capas da revista, como descobriu a polícia federal, eram encomendadas pelo Cachoeira.
Além da máfia midiática, Serra se usou do que há de mais conservador, moralista, fascista e reacionário nos espaços religiosos. Dos porões de igrejas, com padres ressurgidos da Santa Inquisição, saíram panfletos condenando Dilma que se Presidente faria a liberação do aborto. Como se a discussão, caso acontecesse mesmo, não passasse por um debate nacional. A própria mulher de Serra saiu às ruas para dizer aos eleitores que “Dilma iria matar criancinhas!”. A palhaçada só acabou quando uma ex-aluna de Mônica Serra revelou que a hipócrita professora universitária confidenciara aos alunos o aborto que fizera no Chile. Lá pode?
Folha publica a história do aborto de Monica Serra dias após a divulgação na internet. Na época Serra distribuía santinhos com a sua cara e assinatura em baixo dos dizeres “Jesus é a verdade e a justiça.”
A mesma linha de perseguição moral e religiosa foi lançada contra os homossexuais com as relações entre Serra e algumas igrejas evangélicas. Serra disseminou ódio e, naquele ano, aumentaram os casos de ataque a homossexuais, especialmente na cidade de São
Ataques homofóbicos na Paulista. A campanha eleitoral de 2010 promoveu intolerância
Paulo. A onda de e-mails com ódio religioso, puxou votos de Dilma para Marina, permitindo um segundo turno e chance para Serra.
A coligação de Dilma reagiu tarde, mas reagiu no início do 2º turno. Cadê o Paulo Preto? Dilma jogou no colo de Serra, durante o primeiro debate, o nome do correligionário e amigo do adversário, ligado ao escândalo da DERSA  ocorrido na administração serrista no Estado de São Paulo. Para não responder, Serra fingiu que não o conhecia, para no dia seguinte explicar que não o identificou pelo apelido de Paulo Preto. Foi chumbo contra chumbo.
Serra atrás de Paulo Preto, de quem se esqueceu no debate
Dilma ganhou, mas ficou o ódio puxado por Serra e pelo conservadorismo dos seus aliados que repelem mudanças como a da ascensão das classes D e E para a classe C. Após as eleições, o rastro de Serra estava espalhado pela internet com ataques morais e preconceituosos a nordestinos.
Confesso que tive medo de ver o Brasil dividido, não somente pelas condições entre os que não querem perder privilégios e os que não têm direitos, mas pelo sentimento de ódio. Hoje com aprovação pessoal beirando os 80% e rejeição de apenas 7% ao seu governo, o medo só fica por conta novamente do clima eleitoral já que Serra é candidato. Isso porque o medo é outro sentimento que Serra gosta muito de apresentar às pessoas no lugar de propostas, já que se ele tivesse alguma, a teria implementado após ter passado por tantos cargos, ainda que não tenha permanecido em nenhum deles até o final.
 
imageA Polícia Federal apreendeu dinheiro da empresa de Roseana e do marido, e publicou as fotos em toda a grande imprensa. Do 2º lugar nas pesquisas, sua candidatura desabou. A operação Lunus aconteceu quando o amigo de Serra, Delegado Marcelo Itagiba (acusado de comandar milícias nos morros do Rio e suposta inspiração do “Tropa de Elite 2”) estava na PF para moer adversários de Serra. O caso foi arquivada um ano depois pelo STF, por falta de provas.
imageRegina Duarte tinha medo de que Lula acabasse com tudo o que FHC tinha feito. A esperança venceu o medo e virou realidade.
Seu estilo não deve mudar. Deve ser o mesmo estilo que adota desde 2002, quando usou a Polícia Federal para acabar com a candidatura de Roseana Sarney  que estava em segundo lugar nas pesquisas, à frente de Serra, e quando Regina Duarte tentou vender o seu medo de Lula. A Folha e Veja devem publicar matérias contra Haddad que poderiam ter sido publicadas há um ano, mas que ficaram guardadas ou serão requentadas somente agora para não dar tempo para que sejam esclarecidas. A Globo vai continuar explorando a vaidade dos ministros do STF. Do Estadão não sabemos se haverá novo editorial em apoio a José Serra ou se será velado. As igrejas vão imprimir textos apócrifos para convencer fiéis e desavisados que Haddad não é um “homem de Deus”.
Livro apresenta documentos para contar como as privatizações de FHC geraram o maior processo de lavagem de dinheiro da história do país, protagonizado por sócios, amigos e parentes de Serra. O livro foi um dos mais vendidos e concorre ao Prêmio Jabuti, mas a grande mídia o esconde.
Vai ser assim nossa luta nas próximas duas semanas. Faço esse texto como uma espécie de vacina e alerta contra o que vem por aí. Além de debater propostas para uma cidade melhor do que esta, deixada por Serra e Kassab, vamos ter que ir da defesa para o ataque em vários momentos. Relembrar do Paulo Preto, da Privataria Tucana. Do dinheiro das privatizações das telecomunicações que foi lavado por obra e em favorecimento de amigos e parentes de José Serra. Do mensalão tucano que originou o segundo e que está na gaveta do STF e fora da pauta da grande mídia desde 1998. Enquanto não democratizarmos as comunicações de forma a diminuir o poder e o oligopólio dessas famílias que por décadas manipulam a informação, e garantir pelo controle social o direito de resposta das múltiplas forças políticas que compõem nossa sociedade, a batalha ficará por nossa conta, militância presente, seja nas redes sociais, seja nas ruas.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Bolinha de papel, outra vez?


Produção Global: gravata desarrumada, suor de glicerina para parecer com o “povo” e pastas vazias para acusar Lula. Para o Diretor da tv, Boni foi apenas uma questão de tornar as coisa menos “desiguais”.

Temos de ficar atentos! Como alerta o Blog PAG2: “Evento tucano coincide com caminhada petista. Medo é uma redição do ataque da bolinha de papel”
Essa sexta é o último dia para propaganda paga.
Ficam os candidatos à mercê da grande imprensa, como ficou Lula em 1989, quando a Globo fez no Jornal Nacional a sua versão pró-Collor do debate, como denunciou o documentário feito pela BBC de Londres, mas proibido no Brasil desde a estreia, em 1993, por decisão judicial. O documentário “Muito Além do Cidadão Kane” (clique aqui para ver na íntegra) conta quem era Roberto Marinho e como construiu seu império nas relações com o governo militar e suas primeiras intervenções nos primeiros anos da redemocratização. A produção inglesa demonstrou como cortes e manipulações na edição pelo Jornal Nacional do último debate entre Lula e Collor influenciaram a eleição de 1989 para eleger o candidato criado por ela (veja o trecho do documentário aqui). Também contribuiu a armação da imprensa, incluindo a Globo, é claro para associar o PT ao sequestro do Empresário Abílio Diniz. O desmentido só foi publicado depois de color eleito (leia mais na Rede Brasil Atual)
Com o crime prescrito, o ex Capo da Globo, Boni, confessou em 2011, 22 anos depois, que a manipulação se iniciou já na produção do debate, realizado pela Globo. Boni conta que a briga entre Lula e Collor nos últimos debates tinha sido muito “desigual”, pois o primeira era o “povo” e o segundo a “autoridade”. Para promover a justiça, Boni conta como a produção do debate tirou a gravata de Collor, colocou glicerina na testa do candidato para parecer suor e encheu a mesa de pastas vazias com supostas denúncias contra Lula (quem ainda não viu e não acredita, assista aqui).
Esse tipo de manipulação grosseira fica mais difícil de se praticar hoje em dia. Mas eles sempre inovam. Em 2010, Serra armou a história da bolinha de papel para criar um fato político e a Globo deu toda a sustentação. Desmascarada pela internet, a Toda Poderosa ainda forçou a barra com o perito Molina para provar a sua versão pró-Serra. Não vingou, ficou mais chato ainda. Mais vídeos demonstravam que quem jogou a bolinha de papel na cabeça do Serra foi um dos seus seguranças. Se alguém duvida, eu mesmo fiz meu vídeo comprovando (veja abaixo).
O blog PAG2 acendeu a luz vermelha, informando o encontro de tucanos e petistas na manhã dessa sexta a partir das 11 horas. “Serra e seu vice, Schneider, fazem mobilização em frente ao teatro municipal e iniciam uma caminhada pelo centro. Ao meio dia é a vez de Haddad. A tradicional caminhada da vitória, feita pelo PT desde sua fundação, começa na Praça da República, ao lado do evento de Serra.
A caminhada de amanhã terá a participação de Lula e pode ser a bala de prata da campanha tucana. Militantes estão preocupados com possíveis agressões por parte das duas militâncias. Na eleição passado, Serra simulou ter recebido um golpe de um objeto pesado durante caminhada no RJ.
Dirigentes petistas ouvidos agora à noite pedem calma e sangue frio. Câmeras e celulares podem ser úteis na hora descobri culpados pela baderna.

A militância e os eleitores devem ficar atentos, pois realmente pode haver nova armação de última hora, não havendo tempo de desmentidos. A vantagem é que a internet consegue fazer a resistência contra essas máfias midiáticas. Mas canja de galinha não faz mal a ninguém.


 

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