quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Os dois pesos da imprensa golpista

Quem não se limita a estar informado pelo monopólio dos meios de comunicação que age como uma quadrilha no eixo Rio/São Paulo tem discernimento suficiente para saber que há um grande esquema golpista. Sabe, por exemplo, que a dobradinha Veja e Globo atuou nas eleições publicando no sábado e reverberando no Jornal Nacional de sábado e segunda, as matérias que eram incrementadas durante a semana pela Folha e Estadão em São Paulo e pelo O Globo no Rio. Em um esquema mafioso eles atacavam a candidatura Dilma e blindavam a candidatura Serra. Quem acompanha blogs e redes informativas alternativas sabe que Civita, il capo da Abril que publica a Veja, mandou recado para a Presidenta que ia derrubar seu governo.
Nesse esquemão que esperou o segundo semestre com o objetivo de desestabilizar o governo Dilma, já conseguiram derrubar ministros sem precisar de uma evidência palatável do ponto de vista investigativo ou jurídico. Sem serem obrigados a ouvir dois lados ou de darem direito de resposta, já que a “ley de medios” que os obrigaria a isso nunca foi para o Congresso, eles publicam o que querem e praticam o que há de pior no jornalismo, se é que podemos chamar assim tal prática.
Se há quem duvide da parcialidade com que age essa mídia corrupta que pretende ser um quarto poder monocrático, lembremos do escândalo do Paulo Preto no governo Serra que estava na IstoÉ desde agosto de 2010, mas só se nacionalizou porque Dilma esfregou o caso na cara do seu adversário no primeiro debate do 2º turno, dois meses depois. Pouparam Serra o quanto puderam. E não há nenhum interesse dessas empresas em limpar o espaço público corrompido, pois sempre há um corruptor do setor privado e é bom que não se chegue neles. Orlando Silva saiu sem qualquer fato além do depoimento à Veja de um bandido condenado pela justiça. Depois foi esquecido pela imprensa, assim como seu Ministério. A bola da vez, o falastrão Lupi, esta sendo acusado de andar de avião. Esse é o furo de reportagem, publicado em conta-gotas e explorado semanalmente pelos inimigos do governo Dilma nos meios de comunicação, apenas para desestabilizar e criar crises com partidos aliados que dão a governabilidade. Se há evidências que sejam encaminhadas para a polícia e para a justiça. Que se apure, e que se julgue e condene, se for o caso. Mas o objetivo não é este. O que se quer é derrubar ministros e criar um clima de caos concentrado em Brasília, é claro. Tanto, que além de não ocupar os noticiários, aliados dessa mídia, como Kassab e Alckmin não precisam faxinar suas administrações.
Em junho, o médico Jorge Roberto Pagura somente pediu a Alckmin a demissão do cargo de secretário estadual de Esporte, Lazer e Juventude de São Paulo porque o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) abriu sindicância em que o mesmo era suspeito de receber dinheiro público por plantões não cumpridos no Hospital de Sorocaba, no interior de São Paulo, e já estavam presos outros 12 médicos.
Já o secretário de Desenvolvimento Metropolitano, Edson Aparecido, é mantido por Alckmin desde maio, mesmo após ser citado pelos líderes do esquema de fraudes em obras públicas de Campinas, conforme os grampos colhidos pelo Ministério Público Estadual de São Paulo. Em um negócio envolvendo a Sabesp, Aparecido atuaria em uma votação a favor do interesse da quadrilha.
Alckmin, depois de impedir uma CPI para investigar as denúncias do deputado Roque Barbiere que afirmou em setembro que 30% de seus colegas vendem emendas parlamentares, poupou seu secretário de Meio Ambiente e deputado licenciado, Bruno Covas (PSDB) de ser sequer ouvido no Conselho de Ética da ALESP, sobre o esquema, após ter declarado que um prefeito teria oferecido propina a ele para o recebimento de emendas, mas encobriu o nome.
Kassab é outro que em abril disse não ver "razão nenhuma" para afastar seu secretário da Saúde, Januário Montone, mesmo sendo este citado na investigação do Ministério Público de São Paulo sobre a "máfia da merenda". Para o Prefeito de São Paulo bastou a atitude do secretário de se colocar à disposição. Para a mesma mídia que julga e condena ministros sem prova, também foi suficiente no caso paulistano.
Kassab também não viu problema algum ao nomear “para a Secretaria de Participação e Parceria Uebe Rezeck, ex-prefeito de Barretos que tem contra si seis condenações judiciais, uma delas confirmada em segunda instância pelo Tribunal de Justiça”. O homem de confiança do Prefeito está desde maio comandando um orçamento de R$ 96 milhões.
Nada disso é de se estranhar já que Kassab, mesmo acusado por enriquecimento ilícito na época em que foi secretário do Planejamento de Pitta e deputado estadual, não deixou de ser vice de Serra e candidato a prefeito eleito posteriormente. Seu patrimônio entre 1994 e 2008 cresceu 50 vezes o que não rendeu nenhuma capa da Veja. Kassab que teve o mandato cassado por um juíz eleitoral por um dia, responde a processo por serem consideradas ilegais as doações feitas pela Associação Imobiliária Brasileira (AIB), construtoras e pelo Banco Itaú. Kassab é responsável, segundo especialistas, por tornar a prefeitura uma aliada da maior especulação imobiliária já feita em São Paulo. Faz sentido. Mas você não vai ver na tevê.

domingo, 13 de novembro de 2011

Kassab guarda 7 bilhões e nega reajustes a servidores

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São 7 Bilhões guardados para 2012

No ano que vem temos eleições municipais e Kassab passou 2011 debruçado sobre o projeto de montar um novo partido, o PSD, para preencher o espaço deixado pela direita derrotada em 2010. Infelizmente, apesar de todas as denúncias sobre nomes fantasmas e uso da máquina para preenchimento das listas de assinatura para a criação do novo partido, o Prefeito de São Paulo conseguiu o que queria e vai poder lançar candidato para continuar sua “obra” na cidade. Para o seu projeto dar certo, Kassab economizou com os servidores e com a população e aplicou 7 bilhões de 2011 para gastar só no ano eleitoral.
Não podemos ficar parados observando tais desmandos. Desde o início de novembro, várias audiências públicas estão acontecendo na Câmara. O SINDSEP está organizando visitas à Câmara, mas a audiência principal acontecerá em 12 de dezembro às 10 horas no 1º andar da Câmara . Convocamos os trabalhadores para acompanhar essa audiência, pois é a oportunidade de mudarmos o orçamento de 2012, incluindo reajuste para os servidores.
Devemos lembrar que em ano eleitoral nossa campanha não pode passar de maio. Na plenária de mobilização ocorrida em 20 de outubro, os trabalhadores já organizaram propostas da antecipação da campanha salarial 2012.

Prefeitura tem dinheiro, mas reajuste foi de 0,01%

A notícia não é nova, mas vale ser relembrada diante da intransigência do prefeito Gilberto Kassab em conceder o reajuste há anos reivindicado pelo funcionalismo público municipal. A prefeitura tem um superávit de quase 7 bilhões de reais em seu caixa – valor equivale ao orçamento de Belo Horizonte, que neste ano foi de 7,5 bilhões –, mas continua se recusando a garantir a reposição de 39,7% de perdas salariais acumuladas.
O aumento médio de 14% na arrecadação do IPTU entre o primeiro quadrimestre deste ano e o de 2010 explica parte do superávit. O tributo teve acréscimo de até 45% para residências e até 60% para comerciantes em 2010. O dinheiro no caixa da Prefeitura mais que dobrou em oito meses, entre agosto do ano passado, quando o acúmulo atingia R$ 2,8 bilhões, e abril deste ano, com a marca de R$ 6,9 bilhões.
Com um superávit dessa magnitude, não faz sentido a prefeitura permanecer se negando a dar ao funcionalismo o justo aumento pleiteado. Mas, ao que parece, esse valor será investido no próximo ano,quando Kassab certamente tentará emplacar seu sucessor.
Depois de muita luta do Sindsep e dos trabalhadores, diante da greve, o governo decidiu reajustar em 15% o chamado piso mínimo (soma do padrão e de todas as gratificações), de maneira que se algum servidor receber menos que R$ 630,00, será feita uma complementação para se chegar a este valor, medida que atingiu apenas 10 mil trabalhadores aposentados e algumas centenas de ativos. Para a direção do Sindsep, “a política salarial adotada pelo prefeito é de divisionismo e exclusões, pois gratificação não é salário”.
Para tentar aplacar a insatisfação dos trabalhadores do município, a prefeitura propôs reajuste de 11,23% para 2012, atendendo apenas os quadros da saúde da rede direta, das Autarquias Hospitalares e do HSPM. Ao mesmo tempo, resolveu desengavetar proposta até hoje não cumprida de enviar para a Câmara o Plano de Carreira das Autarquias Hospitalares. Ou seja, enquanto o prefeito teve aumento de 94% e seus secretários de 250%, o funcionalismo sequer pôde ter a reposição da inflação em 2010, calculado em 6,4% pelo IPC-Fipe.
A falta de compromisso com os trabalhadores também pode ser constatada na proposta orçamentária para 2012. Estão previstos 38 bilhões para o próximo ano, crescimento de 7% em relação a 2011, porém somente funcionários da educação e da saúde terão reajuste com impacto de 12%na folha salarial. Conforme o Sindsep tem ressaltado, é importante que os funcionários públicos permaneçam mobilizados, lutando por melhores condições de trabalho e salário para toda a categoria.

Matérias publicadas nas páginas 4 e 5 do boletim de novembro do SINDSEP

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Traficante Nem: “Lula foi quem combateu o crime com mais sucesso por causa do PAC da Rocinha”

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Meu encontro com Nem

Ruth de Aquino, em Época , sugerido por Fernando

Era sexta-feira 4 de novembro. Cheguei à Rua 2 às 18 horas. Ali fica, num beco, a casa comprada recentemente por Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, por R$ 115 mil. Apenas dez minutos de carro separam minha casa no asfalto do coração da Rocinha. Por meio de contatos na favela com uma igreja que recupera drogados, traficantes e prostitutas, ficara acertado um encontro com Nem. Aos 35 anos, ele era o chefe do tráfico na favela havia seis anos. Era o dono do morro.

Queria entender o homem por trás do mito do “inimigo número um” da cidade. Nem é tratado de “presidente” por quem convive com ele. Temido e cortejado. Às terças-feiras, recebia a comunidade e analisava pedidos e disputas. Sexta era dia de pagamentos. Me disseram que ele dormia de dia e trabalhava à noite – e que é muito ligado à mãe, com quem sai de braços dados, para conversar e beber cerveja. Comprou várias casas nos últimos tempos e havia boatos fortes de que se entregaria em breve.

Logo que cheguei, soube que tinha passado por ele junto à mesa de pingue-pongue na rua. Todos sabiam que eu era uma pessoa “de fora”, do outro lado do muro invisível, no asfalto. Valas e uma montanha de lixo na esquina mostram o abandono de uma rua que já teve um posto policial, hoje fechado. Uma latinha vazia passa zunindo perto de meu rosto – tinha sido jogada por uma moça de short que passou de moto.

Aguardei por três horas, fui levada a diferentes lugares. Meus intermediários estavam nervosos porque “cabeças rolariam se tivesse um botãozinho na roupa para gravar ou uma câmera escondida”. Cheguei a perguntar: “Não está havendo uma inversão? Não deveria ser eu a estar nervosa e com medo?”. Às 21 horas, na garupa de um mototáxi, sem capacete, subi por vielas esburacadas e escuras, tirando fino dos ônibus e ouvindo o ruído da Rocinha, misto de funk, alto-falantes e televisores nos botequins. Cruzei com a loura Danúbia, atual mulher de Nem, pilo-tando uma moto laranja, com os cabelos longos na cintura. Fui até o alto, na Vila Verde, e tive a primeira surpresa.

Não encontrei Nem numa sala malocada, cercado de homens armados. O cenário não podia ser mais inocente. Era público, bem iluminado e aberto: o novo campo de futebol da Rocinha, com grama sintética. Crianças e adultos jogavam. O céu estava estrelado e a vista mostrava as luzes dos barracos que abrigam 70 mil moradores. Nem se preparava para entrar em campo. Enfaixava com muitos esparadrapos o tornozelo direito. Mal me olhava nesse ritual. Conversava com um pastor sobre um rapaz viciado de 22 anos: “Pegou ele, pastor? Não pode desistir. A igreja não pode desistir nunca de recuperar alguém. Caraca, ele estava limpo, sem droga, tinha encontrado um emprego… me fala depois”, disse Nem. Colocou o meião, a tornozeleira por cima e levantou, me olhando de frente.

Foi a segunda surpresa. Alto, moreno e musculoso, muito diferente da imagem divulgada na mídia, de um rapaz franzino com topete descolorido e riso antipático, como o do Coringa. Nem é pai de sete filhos. “Dois me adotaram; me chamam de pai e me pedem bênção.” O último é um bebê com Danúbia, que montou um salão de beleza, segundo ele “com empréstimo no banco, e está pagando as prestações”. Nem é flamenguista doente. Mas vestia azul e branco, cores de seu time na favela. Camisa da Nike sem manga, boné, chuteiras.

– Em que posição você joga, Nem? – perguntei.

– De teimoso – disse, rindo –, meu tornozelo é bichado e ninguém me respeita mais em campo.

Foi uma conversa de 30 minutos, em pé. Educado, tranquilo, me chamou de senhora, não falou palavrão e não comentou acusações que pesam contra ele. Disse que não daria entrevista. “Para quê? Ninguém vai acreditar em mim, mas não sou o bandido mais perigoso do Rio.” Não quis gravador nem fotos. Meu silêncio foi mantido até sua prisão. A seguir, a reconstituição de um extrato de nossa conversa.

Nem, líder do tráfico

UPP “O Rio precisava de um projeto assim. A sociedade tem razão em não suportar bandidos descendo armados do morro para assaltar no asfalto e depois voltar. Aqui na Rocinha não tem roubo de carro, ninguém rouba nada, às vezes uma moto ou outra. Não gosto de ver bandido com um monte de arma pendurada, fantasiado. A UPP é um projeto excelente, mas tem problemas. Imagina os policiais mal remunerados, mesmo os novos, controlando todos os becos de uma favela. Quantos não vão aceitar R$ 100 para ignorar a boca de fumo?”

Beltrame “Um dos caras mais inteligentes que já vi. Se tivesse mais caras assim, tudo seria melhor. Ele fala o que tem de ser dito. UPP não adianta se for só ocupação policial. Tem de botar ginásios de esporte, escolas, dar oportunidade. Como pode Cuba ter mais medalhas que a gente em Olimpíada? Se um filho de pobre fizesse prova do Enem com a mesma chance de um filho de rico, ele não ia para o tráfico. Ia para a faculdade.”

Religião “Não vou para o inferno. Leio a Bíblia sempre, pergunto a meus filhos todo dia se foram à escola, tento impedir garotos de entrar no crime, dou dinheiro para comida, aluguel, escola, para sumir daqui. Faço cultos na minha casa, chamo pastores. Mas não tenho ligação com nenhuma igreja. Minha ligação é com Deus. Aprendi a rezar criancinha, com meu pai. Mas só de uns sete anos para cá comecei a entender melhor os crentes. Acho que Deus tem algum plano para mim. Ele vai abrir alguma porta.”

Prisão “É muito ruim a vida do crime. Eu e um monte queremos largar. Bom é poder ir à praia, ao cinema, passear com a família sem medo de ser perseguido ou morto. Queria dormir em paz. Levar meu filho ao zoológico. Tenho medo de faltar a meus filhos. Porque o pai tem mais autoridade que a mãe. Diz que não, e é não. Na Colômbia, eles tiraram do crime milhares de guerrilheiros das Farc porque deram anistia e oportunidade para se integrarem à sociedade. Não peço anistia. Quero pagar minha dívida com a sociedade.”

Drogas “Não uso droga, só bebo com os amigos. Acho que em menos de 20 anos a maconha vai ser liberada no Brasil. Nos Estados Unidos, está quase. Já pensou quanto as empresas iam lucrar? Iam engolir o tráfico. Não negocio crack e proíbo trazer crack para a Rocinha. Porque isso destrói as pessoas, as famílias e a comunidade inteira. Conheço gente que usa cocaína há 30 anos e que funciona. Mas com o crack as pessoas assaltam e roubam tudo na frente.”

Recuperação “Mando para a casa de recuperação na Cidade de Deus garotas prostitutas, meninos viciados. Para não cair na vida nem ficar doente com aids, essa meninada precisa ter família e futuro. A UPP, para dar certo, precisa fazer a inclusão social dessas pessoas. É o que diz o Beltrame. E eu digo a todos os meus que estão no tráfico: a hora é agora. Quem quiser se recuperar vai para a igreja e se entrega para pagar o que deve e se salvar.”

Ídolo “Meu ídolo é o Lula. Adoro o Lula. Ele foi quem combateu o crime com mais sucesso. Por causa do PAC da Rocinha. Cinquenta dos meus homens saíram do tráfico para trabalhar nas obras. Sabe quantos voltaram para o crime? Nenhum. Porque viram que tinham trabalho e futuro na construção civil.”

Policiais “Pago muito por mês a policiais. Mas tenho mais policiais amigos do que policiais a quem eu pago. Eles sabem que eu digo: nada de atirar em policial que entra na favela. São todos pais de família, vêm para cá mandados, vão levar um tiro sem mais nem menos?”

Tráfico “Sei que dizem que entrei no tráfico por causa da minha filha. Ela tinha 10 meses e uma doença raríssima, precisava colocar cateter, um troço caro, e o Lulu (ex-chefe) me emprestou o dinheiro. Mas prefiro dizer que entrei no tráfico porque entrei. E não compensa.”

Nem estava ansioso para jogar futebol. Acabara de sair da academia onde faz musculação. Não me mandou embora, mas percebi que meu tempo tinha acabado. Desci a pé. Demorei a dormir.

Traficante Nem- “Lula foi quem combateu o crime com mais sucesso por causa do PAC da Rocinha” -

R$ 1,5 mi em salário ilegal: acusado Presidente da OAB que organizava marcha contra corrupção

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A máscara cai: A direita tem se organizado para criar a sensação de caos na classe média, e jogar a população contra o governo federal. Uma das estratégias tem sido organizar Marchas contra a corrupção, mas blindando escândalos dos Governos Alckmin e Kassab. Desmoralizando tais iniciativas, um dos seus organizadores, Ophir Cavalcante é acusado de receber mais de 1, 5 milhões do Estado do Pará em licença remunerada de 20 mil mensais, enquanto atende clientes privados e empresas estatais.

OAB fará uma marcha contra Ophir?

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Por Altamiro Borges
Ophir Cavalcante, presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ganhou os holofotes da mídia nos últimos meses com a sua “pregação pela ética na política”. Revistonas, jornalões e TVs o entrevistam quase que diariamente. Ele passou a ser um dos líderes da operação derruba-ministro da mídia demotucana, que visa enquadrar e sangrar a presidenta Dilma Rousseff.
Apesar das resistências internas, Ophir envolveu a própria OAB – que teve papel de destaque na luta pela democratização do país – na convocação das chamadas “marchas contra a corrupção”. Nos atos já ocorridos, ele virou a estrela, junto com alguns chefões demotucanos. Mas o mundo dá voltas e prega surpresas. Agora é o seu nome que aparece numa grave denúncia, publicada sem maior escarcéu na Folha:
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Presidente da OAB é acusado de receber R$ 1,5 mi em salário ilegal
Elvira Lobato
O presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Filgueiras Cavalcante Júnior, é acusado de receber licença remunerada indevida de R$ 20 mil mensais do Estado do Pará.
A ação civil pública foi proposta na semana passada por dois advogados paraenses em meio a uma crise entre a OAB nacional e a seccional do Pará, que está sob intervenção. Um dos autores da ação, Eduardo Imbiriba de Castro, é conselheiro da seccional.
Segundo os acusadores, Ophir Cavalcante, que é paraense, está em licença remunerada do Estado há 13 anos – o que não seria permitido pela legislação estadual –, mas advoga para clientes privados e empresas estatais. Eles querem que Cavalcante devolva ao Estado os benefícios acumulados, que somariam cerca de R$ 1,5 milhão.
Cavalcante é procurador do Estado do Pará. De acordo com os autores da ação, ele tirou a primeira licença remunerada em fevereiro de 1998 para ser vice-presidente da OAB-PA. Em 2001, elegeu-se presidente da seccional, e a Procuradoria prorrogou o benefício por mais três anos. Reeleito em 2004, a licença remunerada foi renovada.
O fato se repetiu em 2007, quando Cavalcante se elegeu diretor do Conselho Federal da OAB, e outra vez em 2010, quando se tornou presidente nacional da entidade. Segundo os autores da ação, a lei autoriza o benefício para mandatos em sindicatos, associações de classe, federações e confederações. Alegam que a OAB não é órgão de representação classista dos procuradores. Além disso, a lei só permitiria uma prorrogação do benefício.

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Um baque no plano golpista
A denúncia de que Ophir Cavalcante, um dos líderes das “marchas contra a corrupção”, recebe R$ 20 mil mensais sem trabalhar – e que já garfou R$ 1,5 milhão dos cofres públicos – deve atrapalhar os planos de alguns golpistas. Como ficam os demotucanos e os “calunistas” da mídia, como Eliane Cantanhêde, que apostaram todas as suas fichas neste “movimento dos indignados”?
Será que eles agora eles vão convocar uma “marcha” para apurar as denúncias contra o presidente da OAB? Será que a entidade, hoje sob domínio dos poderosos escritórios de advocacia, vai exigir a renúncia de Ophir Cavalcante? Será que a Veja, a TV Globo e os jornalões darão capa para a explosiva denúncia? Cantanhêde, fale alguma coisa!

Altamiro Borges- OAB fará uma marcha contra Ophir-

Golpismo da mão invisível da imprensa

Por Gilson Caroni Filho:
O reino dos céus, de acordo com a tradição cristã, será dos homens de boa fé. A eles já pertencem, na sua íntegra, os conteúdos noticiosos do dispositivo midiático nativo. No momento em que a Comissão Européia prevê um forte freio na atividade econômica em 2012 e não descarta a hipótese de uma longa e profunda recessão, editoriais e os conhecidos representantes do jornalismo de mercado pregam como "medidas de cautela contra o contágio" a mesma agenda que quase nos levou ao colapso nos oito anos do consórcio demotucano.
Fingindo ignorar que se rompeu uma coisa que já estava rompida, homens e mulheres de "boa fé," de prestigiosas redações, voltam a aplicar a estratégia do terrorismo econômico, na expectativa de gerar uma profecia que se auto-cumpre. Enquanto o Banco Central, acertadamente, revê medidas de restrição ao crédito, depois de ter iniciado a redução das taxas de juro em agosto, os oráculos da grande imprensa sonham em ver reinstalada a política fundamentalista que, de 1994 a 2002, implementou radical mecanismo de decadência auto-sustentada, marcada por crescentes dívidas e desemprego, e anemia da atividade econômica.
O Brasil ideal seria aquele com juros elevados, maior dificuldade de financiamento, menor mercado para exportações e a volta a negociações duras com bancos e organismos multilaterais. A nostalgia cega qualquer possibilidade de análise séria. Se a liberdade de imprensa é tanto mais ampla quanto maior for a responsabilidade ética dos que a fazem diariamente, podemos afirmar, ancorados em um razoável número de citações jornalísticas, que só a regulamentação da mídia pode salvar a esfera pública por ela ameaçada.
No capítulo das mentiras complexas que se arrastam há décadas, há que se arremeter com energia demolidora contra o sequestro da moral pública pelos critérios que definem a lógica do mercado. Está em curso uma ação que não tem outro objetivo senão o do esvaziamento da essência da política.
Não há mais como transigir , em nome da diversidade de opiniões, com a velha ortodoxia assimilada pelos jornalões, portais e emissoras de televisão como "exemplo de racionalidade econômica". O receituário se repete como mantra: liberalização do comércio; ênfase no setor privado como fonte de crescimento, incluindo a privatização de empresas estatais; redução geral de todas as formas de intervenção governamental no mercado de capitais e no câmbio; precarização dos direitos trabalhistas e sucateamento do Estado. Já aprendemos demais com a tragédia para vê-la rediviva como farsa.
Sabemos que a desregulamentação dos mercados financeiros resultou numa explosão da dívida privada, numa especulação nunca vista anteriormente e abusos sórdidos do capital financeiro. O fundamento religioso de mercado está na base do estancamento da economia global e da crise que afeta a zona do Euro. Por que reeditá-lo por aqui? São inocentes os consultores e jornalistas de plantão? Não.
Eles sabem que a repercussão de alguns destes problemas vão bem além da esfera econômica. A capacidade de sobrevivência de governos democráticos como os do Brasil, Argentina, Uruguai, entre tantos outros, frente a contínuas reduções do nível de vida, seria discutível. Das redações o mercado articula o golpe. São insanas as corporações midiáticas? Não, são ávidas de poder, riquezas e inimigas juradas da democracia. O desprezo com que se referem às instituições representativas revela o autoritarismo que embasa sua estrutura discursiva. É preciso dar um basta aos que se inclinam, siderados, a qualquer aventura antidemocrática. A "mão invisível" se move implacável em edições diárias.

Altamiro Borges- Golpismo da mão invisível da imprensa

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Sobre o PL 332, pisos e Agentes de Apoio

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Mancada: no final de setembro, Schneider, pensando em 2012, anunciou que o PL 332 voltava para a Câmara, contemplando integração de Agentes de Apoio, ADs nos CEIs, duas referências a mais no final da carreira. Nada foi cumprido. Após bronca do próprio governo, Secretário foi obrigado a retirar a proposta.

Publicado em quarta-feira, 9 de novembro de 2011 – SINDSEP

O PL 332, que trata do abono complementar para os profissionais da educação e as confusas negociações decorrentes até sua aprovação, deixaram cair a máscara desse governo que se despede em 2012 sem deixar saudade. Justamente no seu término, a atual administração da SME não se importa em esconder a forma  como faz política. Todos sabíamos que as mesas de negociação eram para disfarçar acordos sem transparência desenvolvidos nos bastidores entre figuras do próprio governo. M as, não há negociação com a SME desde fevereiro. 
O PL 332 tornou-se um dos projetos mais sombrios dos últimos anos, foi negociado sem qualquer transparência pelo Secretário de Educação, Alexandre Schneider, com um único vereador da base aliada do Prefeito. Até a votação o conteúdo era desconhecido. O próprio Schneider chegou a falar publicamente que o PL substitutivo transformava Agente de Apoio em Agente Escolar, criava os cargos de Assistente de Diretor nos CEIs, aumento dos pisos originais de apoio e de gestores, aumento de duas referências no final da carreira. Nada disso aconteceu. Não fosse uma emenda acordada entre as bancadas, os pisos dos gestores e dos apoios permaneceriam rebaixados em 13,43%. Ou seja, o próprio governo encurtou as pernas do Secretário.
Conflitos de interesse eleitoral para 2012 se misturaram com o movimento sindical, sem preservar os interesses dos trabalhadores, à mercê de disputas eleitoreiras. O desconhecimento de quem é governo ou sindicato é nocivo. Alija-se o trabalhador do debate, da mobilização e traz a sensação de que tudo se resolve em gabinetes. Assim o aliena. Os Diretores de CEIs mais uma vez ficam sem ADs. Os Agentes de Apoio, pior. Foi prometida a eles a integração no QPE, conforme protocolo assinado pela SME, garantindo negociação entre junho e julho. Nunca aconteceu. O Sindsep vai cobrar o compromisso da secretaria e voltará a exigir que os vigias não fiquem de fora e que se conte o tempo de Agente de Apoio para o enquadramento salarial, aposentadoria e para a remoção, como consta em ofício já enviado ao secretário, até agora sem respostas.

-- SINDSEP --

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Prof. Alckmin dá aula de democracia no Jornal Nacional


Tropa de Elite: Polícia de Alckmin não fica para trás. Não querendo perder para os cariocas em termos de segurança e seguindo os exemplos das UPPs no RJ, Alckmin põe ordem na USP e prende mais de 70 perigosos alunos porque eles acham que há abuso por parte da polícia. Imaginem só se é possível?      
O tiozão de Pinda mandou de madrugada sua tropa de negociação para fechar acordo com os alunos que tomaram a reitoria da USP. Em um exemplo cristão de preocupação com a moçada baderneira que poderia se machucar, os meganhas, a mando do religioso da Opus Dei, entraram gritando pros meninos: "Deita! Deita!"
Alckmin sabe negociar e tem comando sobre a polícia de SP como demonstrou em 2006 para Marcola e para o PCC. Na época ele já dava aulas de democracia para a tv americana NBC como no imperdível vídeo ao final.
E não é só isso! Essa gente branca e bonita, tendo o Serra como exceção, sabe o que é administrar. Em São Paulo, essa terra de gestão tucana há mais de duas décadas, todos sabem, é a locomotiva do país. Aqui, até o crime é mais organizado. E o Mestre Alckmin não deixou barato no JN. Passou um pito na molecada fumeta da USP: "Que negócio é esse de quebrar o patrimônio do povo paulista, uma das melhores universidades da América do Sul".

Eficiência e coragem: PM apreende arsenal de rebeldes USPianos
Alckmin e Serra se preocupam muito com a USP e sua qualidade. Não sei se tem a ver com o fato da universidade ter caído 84 posições no ranking mundial em dezembro de 2010 ou com o seu preço que vai cair caso queiram vendê-la. Mas na falta do que vender, Alckmin, bom gestor, busca ajuda da iniciativa privada em empresas sólidas como a Alstom ou mesmo poderá recorrer a empresas nacionais, como seu antecessor fazia com a Editora Abril. Essas parcerias são muito importantes para um governador tão empreendedor. 
Democracia: Alckmin manda negociadores
Mas ainda que não sobre mais nada do Estado de SP para o governador vender, na Assembleia Legislativa seria possível buscar saber um pouco com o Deputado e Secretário Bruno Covas sobre a venda de emendas. Mas o higiênico Governador preferiu aderir ao estilo faxineiro da Presidenta e tratou de varrer mais uma vez, qualquer possibilidade de uma CPI para investigar as denúncias do Dep. Barbieri. Também espanou qualquer notícia de destaque na velha mídia. A Veja até lavou as mãos sobre o assunto. E a Globo está muito ocupada colocando em pratos limpos a investigação de denúncias no Governo do DF que não é do mesmo partido do tucano, mestre em democracia. Os paulistas podem até ficar chateados de nunca ver a sua locomotiva nas manchetes do JN com a mesma notoriedade, mas dará graças ao seus líderes que trataram de limpar o caminho impedindo mais de 80 investigações.
Por isso que tem tanta gente que assiste o JN: para ficar bem informada!

domingo, 6 de novembro de 2011

Folha, Estado, Veja e televisões minimizam corrupção em SP

Blog da Cidadania

No último dia 12 de outubro, este blog cobriu ato público “contra a corrupção” que começou no Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista, e terminou no “Centro Velho” da cidade, na praça Ramos de Azevedo, diante do Teatro Municipal de São Paulo. A matéria reproduziu respostas a um questionário que esta página apresentou aos manifestantes. Aquele questionário foi elaborado de forma a identificar possível viés político-partidário e ideológico nos integrantes da manifestação.

Das 27 entrevistas feitas com os manifestantes, 26 apontaram forte viés político-partidário, deixando ver que o que ocorria ali era produto de campanha de partidos e entidades de oposição ao governo federal. Dessas 26 entrevistas que apuraram esse fato, sete se estenderam em breves conversas entre o entrevistador e os entrevistados. Só não foram relatadas antes porque o blog esperou pelo contato com fonte da Assembléia Legislativa que só ocorreu na semana passada.

Naquelas conversas com os manifestantes “contra a corrupção”, eles foram perguntados sobre se também estavam protestando contra o escândalo das emendas parlamentares na Assembléia Legislativa de São Paulo. Apesar de o entrevistador ter percebido que um dos entrevistados se fez de desentendido, os outros seis pareceram sinceros ao declararem que não sabiam de nada sobre esse escândalo, o que pode ser explicado pela discretíssima e rara cobertura do assunto pela imprensa.

Para quem não sabe, aliás, explica-se que há três meses o deputado estadual Roque Barbiere (PTB-SP) denunciou que ao menos “um terço” dos deputados estaduais paulistas “venderiam” a “prefeitos e empresas privadas” as emendas parlamentares ao Orçamento que os governos tucanos do Estado há muito distribuem a aliados e até a um pequeno contingente de deputados “de oposição” que fontes da AL informaram ao blog (na semana passada) que são tão governistas quanto os deputados assumidamente da base do governo.

Por conta disso, a base de apoio do governo Alckmin na AL-SP está conseguindo enterrar mais esse escândalo. Na última quinta-feira, os deputados governistas conseguiram derrubar, por seis votos a dois, o funcionamento do Conselho de Ética. Segundo um funcionário da AL (que preferiu não se identificar) ouvido pelo blog no último sábado, sem uma divulgação da imprensa igual à que é feita em relação a ministros do governo Dilma investigação relevante e profunda alguma ocorrerá, como nenhuma ocorre há muito tempo em São Paulo.

A explicação que esses veículos dão em off (através de alguns de seus jornalistas que freqüentam redes sociais como Twitter ou Facebook e entram em debates com quem questiona a omissão da imprensa nos escândalos tucanos) é a de que são escândalos “regionais” e que, por isso, receberiam cobertura tão “diferenciada”, um claro eufemismo para cobertura omissa porque, a bem dos fatos, não há, em relação ao PSDB, o jornalismo “investigativo” que chega a tentar invadir domicílios em busca de “provas” contra pessoas ligadas ao governo federal.

A cobertura e fiscalização pífias da imprensa em relação ao comportamento da oposição ao governo Dilma nos Estados em que essa oposição é governo – como em São Paulo ou em Minas Gerais – se dá sob o argumento de que seriam assuntos “regionais”. Todavia, tal falácia pode ser facimente desmontada meramente lembrando o que era feito pela imprensa quando a petista Marta Suplicy ou a ex-petista Luiza Erundina governaram a capital paulista. Então, críticas e denúncias ganhavam manchetes quase diárias nos jornais supracitados e nos telejornais de alcance nacional.

A imprensa, por essa razão, não investiga o escândalo das emendas parlamentares em São Paulo, um escândalo que lança suspeitas sobre os governos tucanos que se encastelaram no poder desse Estado há quase vinte anos, suspeitas comparáveis às que desencadearam o escândalo do mensalão federal porque insinuam que os governos tucanos paulistas subornam deputados para obterem deles favores em votações na Assembléia Legislativa.

À diferença das matérias investigativas que veículos como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e a revista Veja passaram a fazer todos os meses contra o governo federal desde o começo do governo Lula e que neste ano ganharam uma intensidade nunca vista em anos anteriores, com trabalhos de investigação se sobrepondo em várias frentes simultâneas, nenhuma das matérias sobre o governo de São Paulo, na última década, partiu da imprensa brasileira, mas, sim, da repercussão de denúncias antigas que circulam entre os aliados do governo federal ou da repercussão de investigações no exterior.

O caso Alstom é um exemplo. Contém denúncias sobre propina que teria sido paga pela empresa francesa Alstom a vários políticos do PSDB, entre eles o ex-governador Mario Covas, já falecido, e o atual governador de São Paulo, Geraldo Alkmin. As raras matérias que saíram na imprensa brasileira foram “chupadas” da mídia internacional, de veículos como Wall Street Journal e Der Spiegel, entre outros. A imprensa brasileira mesma, não investiga nada sobre esse caso.

Todavia, é um caso gravíssimo. Trata-se de escândalo que envolve muitos milhões de dólares e que tem alcance internacional. Fora do Brasil, as notícias correm soltas.  O assunto é tão sério que está sendo investigado pelo ministério público da Suíça, onde estão arrolados os nomes dos políticos tucanos aqui citados e de outros brasileiros envolvidos.

De acordo com o que consta em documentos enviados ao Ministério da Justiça do Brasil pelo ministério público da Suíça, no período que vai de 1998 a 2001 pelo menos 34 milhões de francos franceses teriam sido pagos em propinas a autoridades do governo do Estado de São Paulo através de empresas offshore (empresas criadas em paraísos fiscais, onde gozam de sigilo de suas contas bancárias que dificultam investigações).

Segundo o ministério público suíço, os pagamentos teriam sido feitos utilizando-se do esquema de contratos de “consultoria de fachada”. O valor das “comissões” supostamente pagas pela Alstom em troca da assinatura de contratos pelo governo de São Paulo chegaria a aproximadamente R$ 13,5 milhões. Segundo o Ministério Público da Suíça, pelo cruzamento de informações esses trabalhos de “consultoria” foram considerados como sendo fictícios.

No período de negociação e da assinatura dos contratos de consultoria estava à frente da Secretaria de Energia de São Paulo o então genro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, David Zylbersztajn, que deixou o cargo em janeiro de 1998 ao assumir a direção geral da Agência Nacional do Petróleo. O atual secretário de Coordenação das Subprefeituras da cidade de São Paulo, Andrea Matarazzo, que ocupou a secretaria por alguns meses, e o atual secretário estadual dos Transportes, Mauro Arce, também estão envolvidos.

Para que se tenha uma idéia da enormidade do caso e para que se possa mensurar a enormidade da minimização que a imprensa brasileira faz dele, o TCE (Tribunal de Contas do Estado) julgou irregular uma compra de 12 trens da Alstom no valor de R$ 223,5 milhões feita sem licitação pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), empresa do governo de São Paulo. O contrato foi assinado em 28 de dezembro de 2005, no governo de Geraldo Alckmin.

Pergunta: você se lembra, leitor, de quando foi a última vez que recebeu uma única notícia sobre esse caso?

O caso Alstom é apenas um dos muitos casos de corrupção que pesam sobre o partido que há quase duas décadas governa o segundo orçamento da União, o de São Paulo, que, como se sabe, é maior do que os orçamentos da maioria dos países da América Latina. Imagine o leitor o que faria a imprensa brasileira se houvesse um escândalo internacional contra o PT.

A imprensa daria ajuda inestimável ao ministério público suíço usando contra o PSDB esse “jornalismo investigativo” que descobre “provas” contra petistas e aliados toda semana. Contudo, é escandaloso o total desinteresse da imprensa brasileira sobre qualquer pedido de CPI entre as dezenas deles que hibernam nas gavetas da Assembléia Legislativa de São Paulo, que, agora se sabe, vem sendo banhada pelos impostos dos paulistas que acabam escorrendo para o setor privado através de nada mais, nada menos do que… ONGs.

É possível concluir, então, que a única forma de os governos federal, estadual e municipal serem fiscalizados pela imprensa é sendo governos petistas, pois só estes são alvos de investigação da imprensa. Essas campanhas “jornalísticas” contra ministros, com manchetes de capa e de primeira página tomando os telejornais todos os dias e com a Justiça sendo célere, só ocorrem desse jeito. Votar no PSDB, portanto, significa conceder a políticos uma espécie de licença para roubar sob as barbas da imprensa e da Justiça.

Folha, Estado, Veja e televisões minimizam corrupção em SP - Blog da Cidadania

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Blogueiros: Carta de Foz do Iguaçu

O 1º Encontro Mundial de Blogueiros, realizado em Foz do Iguaçu (Paraná, Brasil), nos dias 27, 28 e 29 de outubro, confirmou a força crescente das chamadas novas mídias, com seus sítios, blogs e redes sociais. Com a presença de 468 ativistas digitais, jornalistas, acadêmicos e estudantes, de 23 países e 17 estados brasileiros, o evento serviu como uma rica troca de experiências e evidenciou que as novas mídias podem ser um instrumento essencial para o fortalecimento e aperfeiçoamento da democracia.
Como principais consensos do encontro – que buscou pontos de unidade, mas preservando e valorizando a diversidade –, os participantes reafirmaram como prioridades:
- A luta pela liberdade de expressão, que não se confunde com a liberdade propalada pelos monopólios midiáticos, que castram a pluralidade informativa. O direito humano à comunicação é hoje uma questão estratégica;
- A luta contra qualquer tipo de censura ou perseguição política dos poderes públicos e das corporações do setor. Neste sentido, os participantes condenam o processo de judicialização da censura e se solidarizam com os atingidos. Na atualidade, o WikiLeaks é um caso exemplar da perseguição imposta pelo governo dos EUA e pelas corporações financeiras e empresariais;
- A luta por novos marcos regulatórios da comunicação, que incentivem os meios públicos e comunitários; impulsionem a diversidade e os veículos alternativos; coíbam os monopólios, a propriedade cruzada e o uso indevido de concessões públicas; e garantam o acesso da sociedade à comunicação democrática e plural. Com estes mesmos objetivos, os Estados nacionais devem ter o papel indutor com suas políticas públicas.
- A luta pelo acesso universal à banda larga de qualidade. A internet é estratégica para o desenvolvimento econômico, para enfrentar os problemas sociais e para a democratização da informação. O Estado deve garantir a universalização deste direito. A internet não pode ficar ao sabor dos monopólios privados.
- A luta contra qualquer tentativa de cerceamento e censura na internet. Pela neutralidade na rede e pelo incentivo aos telecentros e outras mecanismos de inclusão digital. Pelo desenvolvimento independente de tecnologias de informação e incentivo ao software livre. Contra qualquer restrição no acesso à internet, como os impostos hoje pelos EUA no seu processo de bloqueio à Cuba.
Com o objetivo de aprofundar estas reflexões, reforçar o intercâmbio de experiências e fortalecer as novas mídias sociais, os participantes também aprovaram a realização do II Encontro Mundial de Blogueiros, em novembro de 2012, na cidade de Foz do Iguaçu. Para isso, foi constituída uma comissão internacional para enraizar ainda mais este movimento, preservando sua diversidade, e para organizar o próximo encontro.

Altamiro Borges- Blogueiros- Carta de Foz do Iguaçu

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