sábado, 13 de março de 2010

O Congresso da tese única - balanço preliminar

Categoria
A categoria presente foi composta em sua maioria por filiados que tiveram o seu primeiro contato ou participação em um evento formal do sindicato. RSUs (Representantes Sindicais de Unidade) e CRRs (Conselheiros Regionais de Representantes) naturalmente foram minoria, já que as reuniões com RSU, vem se esvaziando, e quando muito, chegaram a uma centena de presentes. Quanrto aos CRRs, as 100 vagas não estãi preenchidas.
Dessa forma, poucos conheciam o estatuto da entidade e o verdadeiro papel do Congresso (instância suprema) de constituir a linha de ação e o plano de lutas da entidade. Tampouco a diretoria que organizou o Congresso se preocupou em explicar para que e por quem as pessoas foram delegadas.
Somente quem tinha alguma história no sindicato, ou novos companheiros que conhecem o movimento estudantil, a organização sindical ou partidária, se deram conta que algo estava errada. Se perguntavam: o que era aquilo?

A Diretoria
A própria diretoria admitiu ao final que rompeu com a cultura e história do sindicato que sempre promoveu o congresso como espaço de debate e de disputa de teses e concepções sobre o sindicalismo. Apesar das mais diversas desculpas, inclusive responsabilizando o CRR que nada além do seu adiamento, palpitou sobre o Congresso, a opção da diretoria foi por impedir a manifestação de qualquer pensamento que não concorde com sua própria política.
A diretoria é composta desde longa data por dois grupos políticos chamados Articulação e O Trabalho. Até 2007, o discurso do Trabalho, sempre mais à esquerda, combatia a condução da Articulação, sempre maioria. Havia um discurso de ruptura do modelo que invocava a necessidade de organização pela base. Com o racha ocorrido entre 2006 e 2007, internamente nos dois grupos políticos, mediante a condução inaceitável da política sindical no SINDSEP, surgiu uma aglutinação de descontentes dentro e fora da diretoria, o que culminou na constituição de uma chapa de oposição formada a 45 dias das eleições de 2008. Apesar do pouco tempo para organização, e sem contar com a máquina sindical, o descontentamento na base era tanto que a chapa do sindicato sofreu muito para se manter no poder. Supostamente criou-se um trauma na diretoria atual. Realizaram o Congresso mais autoritário da história do SINDSEP, e o discurso do Trabalho não distoa mais do discurso da Articulação, como se fosse uma minoria dependendo da maioria para sua própria sobrevivência. Há um temor permanente por qualquer organização dos filiados que não seja absolutamente controlada de forma a impedir os trabalhadores de pensarem, e se quiserem, de constituir uma, duas, ou mais oposições nas eleições previstas para março de 2011. A democracia ali morreu. Cabe a nós, filiados, ressucitá-la.

Tese única
A única tese apresentada foi uma coletânea de textos apresentados por alguns elementos da diretoria. Não houve divulgação antecipada de prazo para a categoria apresentar teses alternativas, nem apresentação à categoria do caderno de teses com antecedência. Ainda que o delegado que só recebeu a tese no primeiro dia do Congresso tivesse tempo para ler ao longo do dia, não teve um dia para organizar os delegados em grupos de discussão de onde sairíam as resoluções. Moções, resoluções e inscrições (estas no limite de 10 de 3 minutos cada) só podiam ser feitas ao logo de palestras temáticas. Devem ter aprendido com a SME do governo Kassab, que está avisando com menos de uma semana de antecipação, que as escolas deverão discutir um texto de 100 páginas para contribuir com o Plano Municipal de Educação, que se aprovado será a lei que define a política educacional pelos próximos 10 anos. Por sorte, no Congresso, alguns delegados apresentaram e aprovaram a resolução de que nos próximos congressos, se abra assembléias regionais para apresentação de teses com publicação antecipada.

Plano de Lutas
Por mais incrível que pareça, nenhum dos textos da tese única propôs um plano de lutas. A diretoria enganou a categoria mais novata dizendo que a agenda do sindicato e a pauta de reivindicações são a mesma coisa que um plano de lutas. Nada se tratou sobre a forma de atuação ou de organização dos trabalhadores. Conseguimos aprovar, ao menos, que essa discussão sobre o plano de lutas se faça no CRR que acontecerá dia 19 de março, a partir das 9 horas, aberto à participação da categoria.

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