terça-feira, 10 de agosto de 2010

Avisem a Globo: Brasil vai crescer 6,5% em 2010 | Viomundo - O que você não vê na mídia

10 de agosto de 2010 às 17:10

por Luiz Carlos Azenha

A estratégia adotada pela campanha de José Serra ficou razoavelmente aparente no debate da TV Bandeirantes: diminuir as conquistas do governo Lula, assumir co-produção em algumas conquistas do governo Lula e colocar o tucano no papel de herdeiro natural do legado de Lula, não por afinidade política, mas por competência gerencial e experiência política e administrativa.

A “naturalização” de Serra como herdeiro de Lula vem sendo trabalhada há muito tempo, tanto pelo ativismo da grande mídia ao apresentá-lo assim quanto pelo tratamento crítico não isonômico. O Brasil tem graves e profundas crises federais (nos portos, nos aeroportos, nas rodovias) mas não tem graves e profundas crises paulistas (saúde, educação e segurança). Os problemas, em São Paulo, são pontuais e nunca chegam ao Palácio dos Bandeirantes. A mídia não articula, em nível local, o mesmo discurso que faz em nível federal, onde todo e qualquer problema é debitado na conta da ex-ministra Dilma Rousseff (o financiamento das APAEs, por exemplo, independentemente das críticas serem ou não justas).

A entrevista do Jornal Nacional com a candidata governista precisa ser entendida assim. Duvido que William Bonner e Fátima Bernardes tenham formulado por conta própria o rumo da entrevista. A primeira pergunta seguiu na linha de desqualificação pessoal da candidata petista, que não teria jogo de cintura e, segundo o próprio presidente Lula, teria “maltratado” ministros. Em seguida, questionou-se um ponto central da plataforma da petista: o crescimento econômico brasileiro. Através de comparações meramente numéricas e descontextualizadas, houve uma tentativa de diminuir o extraordinário período de crescimento que o Brasil atravessa. A candidata conseguiu enfiar numa das respostas que o Brasil criou 1,7 milhão de empregos no ano da crise econômica.

No dia seguinte, qual foi a manchete de O Globo?

Após 7 anos, Dilma diz que país cresce pouco por culpa de FH

Ou seja, o jornal adotou a premissa de William Bonner e Fátima Bernardes, segundo os quais o Brasil cresce pouco.

É uma formulação claramente absurda, para qualquer observador.

Mas serve para demonstrar como, se não existe uma articulação aberta entre a campanha de José Serra e a TV Globo, existe uma simbiose intelectual.

Quanto o Brasil vai crescer em 2010? Segundo o mais recente relatório do Ministério da Fazenda, 6,5%.

Pelos padrões tradicionais do Brasil, é uma enormidade, especialmente num quadro de crise mundial.

Além disso, não custa nada relembrar o que disse um dos comentaristas da Globo, que trabalha na rádio CBN e no Jornal da Globo, quando a economia brasileira se expandiu em ritmo chinês, de 9%:

“Não é bom e não é um problema só brasileiro. O país quando ele cresce além das suas possibilidades o que acontece? Começa a faltar estrada, começa a faltar porto, começa a entupir os aeroportos, começa a faltar mão de obra, começa a faltar matéria prima, etc. O correto para os bancos centrais, para os governos é não deixar a coisa estourar nesse ponto, é tomar medidas preventivas quando a economia ameaça crescer mais do que pode, que é o caso do Brasil e até o caso da China, que está crescendo mais do que pode lá no esquema deles, né?”.

O vídeo da fala do comentarista Carlos Alberto Sardenberg (no Jornal da Globo) aparentemente foi retirado do ar

Tudo isso seria cômico, não refletisse uma profunda desonestidade intelectual e o engajamento não declarado da maior rede de emissoras de rádio e TV do Brasil — concessões públicas — em uma das campanhas.

Desonestidade intelectual, diga-se, sustentada com dinheiro público: Petrobras, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil etc.

Fiquem com o recém-divulgado relatório do Ministério da Fazenda sobre a economia:

10/08/2010
Fazenda: País cresce 6,5% em 2010 e taxa de inflação deve ficar próxima de 5%

Relatório aponta avanço da classe C e manutenção de equilíbrio fiscal

O Ministério da Fazenda divulgou nesta terça-feira o relatório bimestral junho/julho “Economia Brasileira em Perspectiva”.  O documento traz projeções macroeconômicas para 2010, como perspectivas de crescimento do PIB em 2010, o comportamento do mercado de consumo de massa, previsão da inflação, juros e crédito, política fiscal.

Conforme projeção da Fazenda, o PIB este ano deverá ser de 6,5%. O crescimento médio da economia será de 5,7% nos próximos quatro anos, ritmo a ser puxado pelos investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo), que estão crescendo três vezes superior ao do PIB, e pelo consumo das famílias, com nível de demanda acima de 9% neste ano. Com o crescimento do PIB estimado em 6,5%, o PIB per capita atingirá o valor recorde de R$ 17,3 mil em 2010, segundo o relatório.

Inflação – Com o fim dos estímulos fiscais e monetários, das chuvas e dos ajustes sazonais em educação, saúde e transporte público, o IPCA volta a uma trajetória compatível com o atual nível de crescimento da economia, afirma o documento. De acordo com o relatório, as expectativas de mercado recuaram e se alinharam ao patamar previsto pelo Ministério da Fazenda anteriormente e apontam para IPCA próximo de 5% em 2010.

A inflação apurada pelo IPCA ficou em 0% em junho de 2010, abaixo da variação de 0,43% do mês anterior, enquanto o índice de julho ficou estável em 0,01%. O resultado representa a variação mensal mais baixa de 2010. A desaceleração dos preços de junho de 2010 em relação ao mês anterior resultou da desaceleração de oito dos nove grupos que compõem o IPCA.

Avanço da classe C – O Ministério da Fazenda estima que a classe C manterá expansão nos próximos anos. A expectativa é de que o percentual da população nesta faixa cresça 21,5% de 2008 a 2010. Em 2010 a classe C responde por cerca de 103 milhões de brasileiros. Desde 2002, cerca de 25 milhões de brasileiros deslocaram-se para o meio da pirâmide social.

Além disso, desde 2002 até agora, o poder de compra das classes sociais de menor renda tem evoluído constantemente, o que deve resultar no aumento da participação das classes C e D no ranking de potencial de consumo, reflexo, segundo o relatório, do aumento do salário mínimo, controle da inflação, geração de empregos e benefícios sociais, como o programa Bolsa Família.

O benefício pago pelo Bolsa Família eleva a renda da população atendida em 48,7%, conforme análise divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. O efeito geral do programa foi diminuir o tamanho da população em extrema pobreza, que era de 12%, para um patamar de 4%. Cerca de 49 milhões de pessoas foram beneficiadas.

Crédito –  O crédito total disponibilizado pelo sistema financeiro no Brasil cresceu 2% em junho em comparação a maio e 19,7% frente a junho de 2009, fechando o primeiro semestre do ano com desembolso de R$ 1,5 trilhão, equivalente a 45,7% do PIB.

O crédito para Pessoa Física liderou a expansão no primeiro semestre, impulsionado pela redução dos juros médios cobrados, a migração para modalidades de menor risco e custo, como empréstimo consignado e financiamento imobiliário. A queda nos spreads e na inadimplência e o alongamento dos prazos também foram destaques no primeiro semestre de 2010.

Em relação ao período pré-crise, o avanço do crédito foi de 31,6%, enquanto que, nos últimos 12 meses, a concessão média diária de novos empréstimos acumulou expansão de 16,6%.

A avaliação do Ministério da Fazenda é de que os bancos públicos representam papel essencial na disponibilização do crédito desde o período da crise. De setembro de 2008 a junho de 2010, o saldo das operações de crédito desses bancos cresceu 63,9%, acima dos bancos privados de capital nacional (19,7%) e dos estrangeiros (9,4%).

Em junho, a participação dos bancos públicos no saldo total de créditos do sistema financeiro nacional atingiu 42,3% em junho, ante 40,1% dos privados nacionais e 17,6% dos estrangeiros.

Com o recuo da inadimplência verificado ao final de 2009, aliado ao favorável cenário de retomada de crédito em 2010, as taxas médias anuais de juros bancários caíram a níveis históricos: 41,1% para pessoa física e 26,3% para pessoa jurídica.

O documento do Ministério da Fazenda demonstra ainda recuo de 0,7% na demanda das empresas por crédito em junho, na comparação com o mês anterior. No acumulado do ano, porém, a demanda das grandes empresas por crédito avançou 13,3% em relação ao primeiro semestre de 2009. Micro e pequenas empresas obtiveram alta de 10,5% e as de médio porte registraram queda de 8,3% anualizados.

A demanda de crédito do consumidor caiu em junho. Na comparação com o mês anterior, junho registrou queda de 10,2%. A Fazenda avalia que o principal motivo foi o ajuste orçamentário das famílias às antecipações de compras de bens duráveis, no primeiro trimestre de 2010, diante do fim das desonerações tributárias.

Indústria – Após o fim dos estímulos fiscais, a produção industrial também recuou em quase todas as atividades ao longo do segundo trimestre. Em junho, a queda foi de 1% em relação a maio. As atividades de máquinas e equipamentos (-11,6%), vestuários e acessórios (-8,1%) e mobiliário (-10%), foram as que registraram as maiores quedas no mês de junho. No acumulado em 12 meses, o crescimento da produção industrial aumentou 4,5% em maio e para 6,5% em junho.

A produção de bens de capital apresentou recuo (-2,1%) em junho, sendo que equipamentos de transporte responderam por queda de 4%, contra crescimento de 3,8% em maio. Os bens de consumo duráveis também apresentaram queda (-3,2%).

O Ministério da Fazenda espera recuperação nos dados de produção de bens de capital em função da grande gama de investimentos que está ocorrendo no país.

Apesar do recuo na produção industrial, o órgão estima crescimento da produtividade real, já que o setor volta a investir em inovação tecnológica e redução de custos com o objetivo de ampliar sua capacidade competitiva. “A nossa indústria responde por 22% do PIB e 25% dos empregos e 68% do valor exportado”, diz o relatório, que nega haver uma desindustrialização no país.

Outro dado constante do documento divulgado hoje é o crescimento de 6% na venda de veículos em julho deste ano sobre julho de 2010 (302,3 mil unidades). O mês de julho de 2009 já havia sido o melhor de todos os tempos, com emplacamento de 285,4 mil veículos. No acumulado do ano, foram vendidas 1.882.122 unidades.

A produção de veículos automotores em junho totalizou 315,9 mil unidades. No acumulado do ano, a produção cresceu 18,3% em relação a igual período de 2009 e as exportações subiram 65,9%, totalizando US$ 6,9 bilhões.

Em junho, a indústria operou com 82,5% da capacidade instalada, recuo de 0,2 ponto percentual frente a maio. O relatório indica que a queda deve-se não apenas à menor atividade industrial, mas também à ampliação do parque produtivo.

Equilíbrio fiscal – O relatório “Economia brasileira em perspectiva“ confirma o compromisso com o equilíbrio fiscal, que se mantém ao longo de 2010, com expansão das receitas e desaceleração das despesas marcando o primeiro semestre do ano. Até 2010, já são doze anos de superávit acima de 2%.

O documento afirma que, ao contrário de 2009, a economia não precisa de estímulos adicionais. O resultado fiscal forte permite reduzir o déficit nominal e a dívida pública mantendo a inflação sobre controle. Conforme a publicação, o déficit nominal zero será realidade a partir de 2014, considerando o nível atual de superávit primário (3,3% do PIB).

O relatório cita ainda a trajetória de queda da Dívida Líquida Pública do Setor Público, acumulando redução de 18,5 pontos percentuais do PIB desde dezembro de 2001. A Dívida Bruta do Governo Geral, incluindo os títulos utilizados pelo Banco Central, apresenta queda em 2010 depois do crescimento em 2009.

A Dívida Pública Federal melhora seu perfil, minimizando custos nos papéis de longo prazo e mantendo os riscos em níveis prudentes. A demanda externa e doméstica para esses títulos é reflexo da confiança no bom desempenho da economia e da gestão da dívida brasileira.

Investimento – Conforme o relatório da Fazenda, considerando a parcela de investimentos realizados por Estados e Municípios com recursos próprios, a taxa de investimento federal deve ser próxima de 5% do PIB, melhor resultado obtido desde 1994. Em junho, a taxa de investimento federal atingiu 3,2% do PIB, expansão de quase dois pontos percentuais desde 2003/2004.

Em 2010, o crescimento dos investimentos federais (União e empresas estatais) está batendo todos os recordes desde 1994. Nos seis primeiros meses do ano, a União já investiu no país R$ 19,2 bilhões e as estatais outros R$ 31,9 bilhões. Em valores reais a cifra total de R$ 51,2 bilhões é a maior desde o início do Plano Real e três vezes maior do que a registrada no mesmo período de 2002.

Poupança – O Ministério da Fazenda considera que o ano de 2010 deve entrar para a história das finanças públicas como o da maior taxa de poupança do governo geral desde a década de 80. Após anos de poupança negativa, abaixo de 2% do PIB, a Administração Pública (União, Estados e Municípios) registrou o primeiro saldo positivo em conta corrente em 2008 (0,2% do PIB) e neste ano de superar esta marca, com até 0,7% do PIB de superávit.

Fonte: Assessoria de Comunicação Social – GMF

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