domingo, 4 de setembro de 2011

Kassab, a greve do serviço funerário e a mídia

Em resposta a uns colegas servidores municipais, indignados com o tratamento dado pela grande imprensa à nossa greve, deixei um comentário no Facebook para esclarecer aqueles que ainda tem expectativas de apoio dos grandes meios de comunicação. Como creio ser oportuno, republiquei aqui no blog.

“Os grandes meios de comunicação são isso mesmo! A culpa não é do repórter, não! O problema está na linha editorial. As TVs e os jornais determinam as pautas que os jornalistas devem buscar informação. No caso de nossa greve, a pauta focou inicialmente no sofrimento das famílias. Não fosse a greve no serviço funerário, dificilmente a grande mídia teria tanto interesse pelos demais setores. Os repórteres têm a missão de levantar a desgraça que vai virar reportagem. Somente depois de alguns dias que a mídia começou a perguntar sobre a versão do sindicato sobre as negociações e mesmo assim, a maioria sequer divulgou. A edição segue a linha editorial definida pelos donos das mídias. Geralmente eles têm seguido a linha de criminalizar os movimentos sociais, populares e sindicais. Apoiam as terceirizações e privatizações. Defendem as políticas liberais que defendem a proteção do capital e dos bancos. Em momento de crise eles defendem o corte nas políticas sociais como tem acontecido na Europa e EUA e depois criminalizam as revoltas resultantes dessas políticas como fizeram contra os revoltosos da Inglaterra. Quem acompanha a mídia alternativa e blogs progressistas sabe que o governo municipal e estadual têm sido blindado por Folha, Veja, Estadão e Globo, para não falar de outros veículos de comunicação. A Abril tem grandes contratos com o governo do Estado e com a Prefeitura. Globo e Folha se tornaram o que são apoiando a ditadura. O Estadão não foi diferente. Eles defendem o dinheiro. Serviço e servidor público é algo que se opõe ao que eles defendem. Governos como o de Kassab representam os interesses dos mesmos que sustentam esses grandes veículos. Pouco tem sido investigado, por exemplo, pela mídia, sobre as relações da AIB (Associação Imobilliária Brasileira) com Kassab cuja campanha foi financiada em 2008 de forma irregular a ponto de quase ser cassado o seu mandato. Infelizmente, o Ministério Publico não conseguiu provar se a AIB era uma fachada para o sindicato das construtoras, com grandes interesses em mudar o zoneamento da cidade. Por outro lado, o MP conseguiu impedir em 2009 que Kassab aprovasse mudanças no plano diretor. Todas essas informações podem ser pesquisadas na imprensa, mas de forma isolada. Ninguém fez uma reportagem juntando os fatos e trazendo ao público, inclusive exigindo uma investigação maior sobre os incêndios em favelas nos finais de semana, sobre o funcionário contratado pela SEHAB para aterrorizar e espantar moradores das favelas, sobre a especulação imobiliária em São Paulo e a construção das linhas do Metrô de forma a valorizar áreas de interesse das construtoras. Ou seja, a cobertura da grande mídia seguirá a linha editorial de demonstrar como os servidores prejudicam a cidade e os cidadãos com suas greves. Vão insinuar que se trata de um bando de vagabundos intransigentes diante de um bom Prefeito que ofereceu 15%. Vão omitir ou tornar imprecisas as informações do sindicato como a da contraproposta que o Prefeito recusou, tudo isso para preservar Kassab. Enquanto isso, imensa parte da população, cuja formação política se constrói diariamente pelo Jornal Nacional, os Homer Simpson, como Willian Bonner classificou seu público, acabam renovando a imagem negativa sobre o servidor público. E quem sabe, Kassab, apesar de um ser politicamente inexpressivo, continue na vida pública. Um prefeito que surgiu das sombras, cujos principais feitos políticos foram ser um desconhecido vereador eleito pela Associação Comercial de São Paulo, ser Secretário de "Planejamento" do governo Pitta (tá explicado) e responsável pelo Plano Diretor na época (talvez sua maior experiência). De política ele entende, como disse no
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Kassab: Meu governo é de centro-esquerda!
Roda Viva que seu novo partido não é de esquerda, nem de direita, porque, ainda segundo ele, isso não faz diferença. Na mesma entrevista disse que seu governo é de centro-esquerda, apesar de não fazer diferença. Só não disse se estava usando como referência o nazismo, para considerar sua gestão de centro-esquerda. Sobre greve, como informou a Globo, ele entende que não é um instrumento de negociação. O que sabe o Kassab (perdoem-me pela piada) sobre negociação? Talvez saiba sobre aquelas que fez para montar o PSD. Ou para aprovar projetos na Câmara. Com os servidores, Kassab não aprendeu nenhuma lição. Se não aprender nada logo, tudo indica que Kassab será reprovado como Prefeito.”

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