sábado, 14 de agosto de 2010

Educação SP: propostas tiradas da cartola

Brasilianas.Org:
Enviado por luisnassif, sex, 13/08/2010 - 10:02

16 anos de projeto educacional que deveria ter um mínimo de continuidade. Agora, no apagar das luzes, o governo de São Paulo anuncia uma forma de premiar alunos que participem de aulas de recuperação: pagando a eles.

Ora, essa medida foi tomada de afogadilho e chupada da proposta (polêmica) apresentada por Antonio Anastasia em Minas Gerais. O próprio Anastasia me falou dela recentemente, quando me telefonou para rebater críticas ao Centro Administrativo.

São Paulo teve 16 anos de administração do PSDB, quatro de Serra, para adotar práticas inovadoras, propostas novas, modelos eficientes de educação. No apagar das luzes, vem com essa proposta tirada da cartola. Olha se uma medida radical (e polêmica) como essa pode ser tomada por um governador interino, em final de mandato?

Aposto uma cerveja como essa ideia brilhante foi ordem do José Serra, chupando o que ouviu em Minas. Duvido que tenha havido uma discussão anterior sobre ela.

É a inversão da meritocracia: só ganhará a mesada quem piorar a nota para merecer aulas de recuperação. O que bom aluno irá receber de safanão em casa, para parar de ser besta, não está no gibi.

Da Folha

SP paga R$ 50 a aluno que for a reforço de matemática

Projeto abrange estudantes de 6º e 7º ano com dificuldade na disciplina

"Vale-presente" começa a ser testado com 1.200 alunos da rede estadual; dinheiro será entregue para o próprio aluno

ROGÉRIO PAGNAN
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

O Governo de São Paulo vai pagar até R$ 50 a alunos do ensino fundamental (11 e 12 anos) com notas baixas que participem de aulas de reforço em matemática -disciplina em que os resultados da rede estadual são piores.
O dinheiro será dado diretamente ao estudante, e não a sua família. O valor é proporcional à presença nas atividades, realizadas duas vezes por semana, em sessões de 90 minutos, por três meses. Se não faltar nenhuma vez, o aluno ganha R$ 50 ao final do período.
Educadores ouvidos pela reportagem mostraram opiniões diferentes sobre o tema. Os mais críticos dizem ver um estímulo para que o aluno tire nota baixa pensando na possibilidade de ganhar o dinheiro e um combate equivocado do problema.
Para outros, trata-se de um bom incentivo para comparecimento ao reforço.
O pagamento a alunos com dificuldade integra o projeto da Secretaria da Educação em que 400 bons estudantes do ensino médio da rede estadual darão tutoria (atividades de reforço) em matemática para 1.200 alunos do 6º e 7º anos.
A gestão Alberto Goldman (PSDB) decidiu dar o "vale-presente" aos alunos com notas baixas para estimular a presença às atividades, que não são obrigatórias.
Durante o desenvolvimento do projeto, levantou-se a possibilidade de que houvesse muitas faltas dos estudantes e até mesmo desistências. Chegou-se a pensar em sorteios de notebooks.
O reforço começa no mês que vem. O projeto é piloto e pode ser ampliado. A rede tem 4,2 milhões de alunos.

MÉDIAS BAIXAS
Exames estaduais e nacionais mostram que matemática é o ponto mais crítico do ensino público, tanto em São Paulo como no país. Na última avaliação paulista, chegou a haver recuo na média no ensino médio.
A Folha conversou com professores da rede, que mostraram preocupação com o pagamento aos alunos. A principal é que eles poderão tirar notas baixas apenas para integrar o reforço e ganhar o dinheiro.
Os participantes do projeto serão escolhidos com base nas notas do Saresp e boletins escolares. As inscrições começaram no dia 4 e terminam hoje, no site www.multiplicandosaber.org.br.
Para isso, é preciso que a escola do estudante tenha sido uma das 441 escolhidas. Os estudantes-tutores ganharão bolsa de R$ 115.
O projeto é financiado pelo governo, Banco Interamericano de Desenvolvimento e parceiros. Também participam a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) e docentes da USP.

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