quinta-feira, 24 de junho de 2010

Para entender o caso Eduardo Jorge | Luis Nassif Online

Para entender o caso Eduardo Jorge

Enviado por luisnassif, seg, 21/06/2010 - 07:11
Com novos dados
A excessiva politização da cobertura política produziu uma miscelânea nessa história de supostos dossiês divulgados pela mídia – particularmente pela Folha. É incrível o contorcionismo do jornal para dar voltas em cima de um episódio relativamente simples de ser contado.
Começaram com a história do livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr – que, de repente, sumiu do noticiário -, passaram para as conversas com o tal do Onézimo até chegar na declaração de renda de Eduardo Jorge.
São histórias totalmente distintas.
O livro do Amaury levanta histórias da privatização e dos sistemas off-shore supostamente utilizados para lavagem de dinheiro por pessoas próximas a José Serra. Pelas informações que circularam, termina em 2002. A do Onézimo, até agora, não passou de uma reunião que não resultou em nada de concreto.
Já a história do Eduardo Jorge é recente, do ano passado. Passa pelos órgãos oficiais de combate à lavagem de dinheiro – não por dossiês apócrifos. Não sei a razão do repórter Leonardo de Souza não divulgar a informação principal da história.
p>No ano passado, o COAF (Conselho de Controle das Atividades Financeiras) foi informada por um gerente do Banco do Brasil de uma movimentação extraordinária na conta de Eduardo Jorge – que havia sido indicado coordenador de campanha de José Serra. Houve movimentação de R$ 3,9 milhões – em três depósitos de R$ 1,3 milhão.
Pelas normas do COAF, todo gerente é obrigado a se informar sobre a origem de depósitos extraordinários e a comunicar ao órgão quando não houver explicações satisfatórias. Foi feito.
O passo seguinte foi o COAF solicitar ao Ministério Público Federal inquérito contra Eduardo Jorge por lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro. Isso foi feito pelo procurador Lauro Pinto Cardoso.
A notícia vazou para o Correio Braziliense. Eduardo Jorge se valeu do vazamento para denunciar o procurador ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e solicitar o trancamento da ação. Não se entrou no mérito das acusações nem do crime do qual era acusado: obteve-se o trancamento exclusivamente demonstrando que houve vazamento do inquérito.
Ocorre que objetivamente ficou pendente uma acusação de crime de lavagem de dinheiro. O MP conseguiu destrancar a ação e partiu novamente para cima de Eduardo Jorge – a esta altura com Lauro, em sua ascensão na carreira, promovido a segundo homem do órgão.
A explicação de Eduardo Jorge é que o dinheiro tinha sido fruto de uma herança que recebeu com o falecimento do sogro, que tinha terras em Maricá. O MP constatou que o sogro morreu há 40 anos. E que não haveria terreno em Maricá valendo isso tudo.
Em sua defesa, Eduardo Jorge diz que o depósito de julho de 2007, no valor de R$ 1,47 milhão, foi feito em sua conta na condição de inventariante do espólio do sogro. Com o sogro morto, recebeu o depósito e em seguida depositou na conta vinculada da Justiça do Rio, de acordo com determinação do juiz do espólio. Em ambos os casos, foram contas abertas no Banco do Brasil. Sustenta que a própria decisão do CNJ, de interromper o inquérito, é sinal de que está sendo abusivo. O fato da movimentação ser no BB e, portanto, exposta a toda sorte de fiscalização, seria outra prova de sua legalidade
É questão que caberá ao inquérito apurar.
Enquanto o inquérito caminhava, o repórter Leonardo de Souza, da Folha, soltou matérias garantindo que as informações constam de um dossiê do PT. Na matéria, a única entrevista em on é com Eduardo Jorge. Do lado das investigações, sustenta-se que o suposto vazamento foi uma armação  visando repetir o trancamento do primeiro inquérito. Pode ter sido vazamento do PT; pode ter sido armação. O jornal não tem fé pública para sustentar a primeira tese sem apresentar mais elementos.
Além disso, deixou de lado a notícia efetiva: a de que o coordenador de campanha de José Serra foi apanhado pelo COAF com movimentações extraordinárias em sua conta corrente. E que está sendo alvo de um inquérito do MPF. Ao contrário das acusações de 2002, dá-se a matéria e a versão do acusado e até se conclui pela culpa ou inocência, mas com todos os elementos divulgados.
Se conseguirá provar ou não sua inocência, o processo dirá. Em outras épocas, com amplo beneplácito da Folha, Eduardo Jorge foi alvo de perseguição do MP, sem direito à defesa.
Mas a Folha jamais conseguirá explicar a dificuldade que está tendo para contar uma história relativamente simples.
Para entender o caso Eduardo Jorge | Brasilianas.Org

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Caro Visitante,
Publicaremos todos os comentários e opiniões que não sejam considerados ofensas, calúnias ou difamações que possam se reverter em processo contra os autores do blog.
Após publicados, os comentários anônimos não serão mais removidos.
Comentários identificados pela conta ou e-mail poderão ser removidos pelo autor ou a pedido.
Gratos,
Os editores.