Altamiro Borges
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Reproduzo matéria de Guilherme Amorim, publicada na Rede Brasil Atual:
Durante entrevista a blogueiros, na manhã desta quarta-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu trabalhar pela reforma política quando estiver fora do governo. Para ele, as mudanças no sistema eleitoral e na forma de funcionamento dos partidos tem de partir das próprias legendas e não pode ser organizada apenas pela Presidência da República. Por isso, ele diz pretender partir para a militância quando "desencarnar" do cargo. "A primeira batalha é dentro do PT", afirmou.
"É inconcebível esse país atravessar mais um período sem passar por uma reforma política", disse o presidente. Ele comentou que pretente, depois de um tempo, avaliar seu governo com uma perpectiva mais clara, de fora do processo, e então trabalhar com os partidos para que eles se estruturem e organizem a verdadeira reforma na estrutura na qual se baseia o Estado. Lula falou também do modelo de arrecadação de recursos para campanha: "Seria muito melhor que todo finaciamento fosse público, aí ficaria claro cada centavo gasto nas campanhas, e os partidos se responsabilizariam por eles".
Vários temas foram abordados por Lula durante duas horas e três minutos de entrevista coletiva com os dez representantes dos blogueiros progressistas, perguntas sobre a censura à mídia e à internet, liberdade de expressão, economia, relações internacionais etc.
Sindicalismo
Lula falou de seu relacionamento com o movimento sindical e de questões trabalhistas. "Sinto orgulho da minha relação com o movimento sindical. O movimento apresenta todo ano a pauta de reivindicação, nós discutimos com o governo. Nunca se exercitou a plenitude democrática como estamos exercitando", declarou.
O presidente lembrou de que, quando era sindicalista, via-se obrigado a encerrar greves sem conseguir garantir avanços salariais e de melhores condições de trabalho. "Várias vezes eu voltei a trabalhar sem ganhar nada. Durante o meu governo, todas as categorias, sem exceção, conseguiram reajustes acima da inflação", comemorou.
Em relação à redução da jornada de trabalho, Lula disse que tentou levar essa questão aos sindicatos como uma questão de agenda política. Ele defendeu que a diminuição de 44 para 40 horas semanais é inevitável.
Sobre do fator previdenciário, Lula disse que não pode retirá-lo porque teria um impacto grande sobre a Previdência Social. "Quem está na cadeira de presidente tem que ter mais dureza nas coisas, eu vetei (o fim do fator previdenciário) e o movimento social sabe que não podemos prejudicar os trabalhadores na aposentadoria", explica. A extinção do fator, que funciona como um redutor do valor do benefício pago a aposentados, chegou a ser aprovada no Congresso neste ano, mas foi vetado em junho.
Política externa
O presidente respondeu sobre posições recentes do Brasil na relação com o Irã e seu programa nuclear. Lula considera que foi criticado por apoiar a autonomia da nação iraniana. Ele afirma ter sido o único líder mundial a se reunir e deliberar com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. "Eu disse: 'Estou aqui dando as minhas costas para tomar chicotada com você, mas nós precisamos de um acordo'", disse Lula a Ahmadinejad.
O ministro Celso Amorim foi muito elogiado por Lula: "É o maior ministro das Relações Exteriores que eu conheço no mundo". O presidente afirmou que essa posição é compartilhada por outros líderes mundiais. "Nós atingimos um patamar de respeito aos outros países e um patamar de respeito a nós", declarou.
Corrupção
Em relação a denúncias de corrupção que ocuparam boa parte do noticiário durante seus dois mandatos, Lula acredita que se trata do resultado dos esforços de combate a irregularidades no poder público. "Eu sairei do governo com a tranquilidade de que nunca ninguém investigou 20% do que a Policia Federal investigou neste país", calculou. "Nunca foram presos tantos policiais federais, tantos funcionários públicos de quadrilhas historicamente montadas neste país", acrescentou.
Ele foi questionado sobre o caso do banqueiro Daniel Dantas, afirmando que o delegado Paulo Lacerda deixou o comando da Polícia Federal por decisão política. "Ele estava há muito tempo na PF", disse. A avaliação de críticos da medida é de que a mudança em 2007 foi adotada por pressão de Dantas.
"A Policia Federal como um todo só merece elogios", avaliou Lula. "No meu governo, no meu mandato, a minha família foi investigada. Sei de abusos que houve, tomei cuidado para que outros não acontecessem. Você precisa cuidar da integridade das pessoas. Quero que investiguem tudo e na hora que tiver provas, escancare (o inquérito), senão você coloca o cidadão em uma situação muito complicada", ponderou.
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