segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Kassab planeja mais terceirização na saúde

Kassab pretende entregar ainda mais a saúde ao setor privado
Além das terceirizações destes anos pela entrega das unidades da saúde às OSs (Organizações Sociais), agora a proposta é de promover a ampliação do sistema por PPPs (Parcerias Público-Privada).
Depois de prontas as novas unidades seriam geridas por mais OSs. Esses parceiros do setor privado lucrarão com a terceirização de serviços de limpeza, manutenção, vigilância e nutrição. Veja detalhes abaixo, na matéria do Estadão republicada por Nassif.
Há uma lógica defendida por Kassab, Serra e Alckmin de que o servidor público é o problema do serviço público. Maluf também gostava dessa tese. Para provar tal tese estes gestores do Estado, primeiro sucateiam os serviços e desvalorizam os trabalhadores por anos e décadas. Depois, surgem com uma solução mágica: entregar ao “eficiente” setor privado. A eficiência do setor privado está em lucrar. Para aumentar lucros, a lógica é simples. Amplia-se o atendimento com redução de custos. Quem conheceu o PAS ou conhece as AMAs sabe o que significa. Garante-se o primeiro atendimento, evitando-se filas. Se não for sério o problema de saúde, o usuário sai feliz se o médico passou mais um antibiótico para a criança febril. Se precisar de acompanhamento prolongado, bom, aí, ele sai no mínimo, enganado. Praticamente não se conseguirá especialistas ou consultas na rede conforme a necessidade. Exames, nem pensar. Tudo isso é caro e não compensa ao governo, muito menos às Organizações “Sociais”.
O cidadão é despolitizado pela mídia que vibra com as terceirizações que atendem aos interesses dos seus anunciantes e donos. O cidadão fica feliz com a AMA e reclama da UBS, sem perceber que pertencem ao mesmo sistema de saúde desintegrado pelo gestor municipal ou estadual. A UBS atende pelo modelo do Programa de Saúde da Família, cujo conceito é fantástico, com acompanhamento das famílias na comunidade, mas que acaba quando se descobre no posto que não tem médico, nem exame para acompanhar o paciente, conforme previsto no Sistema Único de Saúde.
O setor privado quer é lucro e sem fiscalização. As OSs não recebem controle social. Os parceiros da PPP também querem lucro. Apostarão em trabalhadores ganhando salário mínimo, exercendo a atividade de dois trabalhadores. Toda essa mão de obra barata, com uso de recursos controlados e escassos, evitam que o governo invista em qualidade e que tenha de fazer concursos públicos. Não precisa pensar em carreira, greves por salários.
Uma terrível consequência para o funcionalismo também será a redução do caixa para aposentadoria. Em São Paulo a contribuição é administrada pelo IPREM. Menos concursos, menos contribuição, menos dinheiro para pagar aposentados. O que faltar sai dos cofres da Prefeitura que usa de uma lei salarial da época do Maluf que proíbe gastar com servidores um limite pouco maior do que 40% enquanto a Lei de Responsabilidade Fiscal permite algo em torno de 60%. Quanto menos concursos, menos contribuição, mais gasto da Prefeitura, mais desculpas para não reajustar salários dos servidores. 0,01%. Esse tem sido o reajuste geral de Kassab que tenta passar lei na Câmara para aumentar seu salário em 90%.
Poucos servidores percebem essa lógica. Mais despolitização. Para se ter um pouco mais de noção de como o sistema público de saúde pode ser lucrativo para o setor privado ao negar direitos ao cidadão assista ao documentário de Michael Moore clicando
aqui.

Brasilianas.Org
Enviado por luisnassif, qui, 18/11/2010 - 11:02

A PPP de Kassab para a saúde 

Do Estadão
Kassab lança Parceria Público-Privada de R$ 6 bilhões para a área de Saúde
18 de novembro de 2010 | 0h 00
Diego Zanchetta - O Estado de S.Paulo
O prefeito Gilberto Kassab (DEM) lança hoje a consulta da terceira Parceria Público-Privada (PPP) na área da saúde no País e a maior da história. Por R$ 6 bilhões, a Prefeitura de São Paulo vai delegar à iniciativa privada, pelo prazo de 15 anos, a construção e a reforma de 16 unidades de atendimento público gratuito, incluindo três novos hospitais.
A concessão prevê a criação de 987 leitos, o que representa incremento de 25% nas 3 mil vagas disponíveis hoje na rede municipal de Saúde. O modelo proposto funciona de forma diferente do gerenciamento realizado hoje por Organizações Sociais (OSs) nas 115 Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs) construídas pelo governo.,
"A PPP paulistana é uma mudança de paradigma no gerenciamento hospitalar do País. As OSs não investem recursos próprios, elas apenas gerenciam equipamentos já existentes ou construídos pelo poder público. Já nas PPPs, os concessionários investem dinheiro do setor privado na Saúde, em troca da concessão para exploração do serviço", afirma o secretário municipal da Saúde, Januário Montone. "Mas os concessionários só podem cobrar pelos serviços depois que as unidades estiverem prontas."
Nos primeiros 24 meses, a previsão é de que os concessionários invistam R$ 1,2 bilhão e deixem prontos os três hospitais prometidos por Kassab em sua campanha à reeleição, em 2008. Mas houve uma mudança de planos em relação ao que consta no Plano de Metas 2009-2012: em vez de construir o hospital planejado para a Vila Matilde, na zona leste, a PPP prevê somente a reforma da estrutura do Hospital de Artur Alvim.
Na PPP constam a construção de um hospital com 250 leitos na Brasilândia, zona norte, e outro com 250 leitos na zona sul, na Capela do Socorro. E haverá um terceiro na zona sul, em Parelheiros, com 50 leitos. Na zona leste também estão previstas as reformas do Tide Setúbal (São Miguel Paulista), do Hospital Inácio Gouveia (Mooca) e do Valdomiro de Paula (Itaquera).
Os concessionários não vão poder explorar os atendimentos clínicos das futuras unidades, segundo Montone. "O que poderá ser explorado serão os serviços de vigilância, de nutrição. Isso vai baratear custos operacionais dos hospitais", diz Montone.

LÁ TEM...
Espanha
O sistema de saúde é organizado sob a ótica da medicina geral de família, gerido por 17 comunidades autônomas. Cobre 99,9% da população com 70% da rede hospitalar. Tem financiamento público: 71,4% da verba. Há um médico para cada 1.500 habitantes, um centro de saúde para cada 15 mil habitantes e um hospital para cada 150 mil habitantes.
Concessão terceiriza 70% dos leitos de SP
987 vagas criadas pelas PPPs serão posteriormente administrados por OSs
18 de novembro de 2010 | 0h 00
Diego Zanchetta - O Estado de S.Paulo
O gerenciamento terceirizado da Saúde na Prefeitura de São Paulo vai atingir 70% dos 4 mil leitos municipais com a implementação da Parceria Público-Privada (PPP) no setor. Segundo o secretário municipal da Saúde, Januário Montone, os 987 leitos que serão criados pelas concessionárias da PPP serão posteriormente concedidos a Organizações Sociais (OSs).
"É um ciclo de gestão que se complementa e acelera os procedimentos de atendimento em toda a rede. As nossas parceiras da PPP vão investir cerca de R$ 300 milhões em modernização e nas instalações, como prevê o contrato. Mas quem vai fazer a concessão dos serviços clínicos para as OSs é a própria Prefeitura, depois que a estrutura montada pelas parceiras ficar pronta", diz o secretário.
Hoje, as OSs comandam cerca de 1.800 das 3 mil vagas disponíveis na rede municipal. O modelo entrou em vigor em agosto de 2005, durante a gestão de José Serra (PSDB) como prefeito. Fora 115 Assistências Médico Ambulatoriais (AMAs) e dezenas de prontos-socorros, os hospitais de M"Boi Mirim, na zona sul, e de Cidade Tiradentes, no extremo da zona leste, também são gerenciados por parceiras privadas. São 11 OSs que administram 358 unidades municipais de Saúde.
Dois dos principais parceiros da Prefeitura na gestão dessas unidades de atendimento gratuito são o Sírio Libanês e o Albert Einstein. O Einstein gerencia, por exemplo, o Hospital do M''Boi Mirim, e o Sírio Libanês atua no Hospital Menino Jesus, na Bela Vista, região central.
Outras parcerias foram firmadas nos últimos dois anos com entidades como a Associação Congregação Santa Catarina, a Casa de Saúde Santa Marcelina, a Fundação Faculdade de Medicina da USP e a Santa Casa de São Paulo. "Essas parcerias são fundamentais para que a demanda de uma cidade de 11 milhões de habitantes seja atendida com maior eficiência", defende Montone.
Empregos. O edital com a consulta pública para a PPP da Saúde estará disponível a partir de hoje no site da Prefeitura de São Paulo. O lançamento oficial dos três lotes que serão concedidos à iniciativa privada será feito pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) no Edifício Matarazzo. A previsão é de que as parcerias rendam 1.600 empregos diretos e beneficiem cerca de 1 milhão de pessoas.
As duas primeiras PPPs na área da Saúde foram firmadas este ano em Salvador e em Belo Horizonte. Em março, na primeira PPP do País no setor e a segunda do mundo, a Bovespa, por meio de um leilão, definiu um consórcio para administrar o Hospital do Subúrbio, em Salvador. O Consórcio Promédica & Dalkia foi o vencedor ao apresentar valor de R$ 103,5 milhões para contraprestação anual máxima.
PARA ENTENDER
Hoje, no sistema em vigência, os recursos para a construção de hospitais vêm da Prefeitura. E a gerência das unidades pode ser direta ou terceirizada para organizações sociais (OS).
No novo modelo, as empresas poderão investir na construção de novos hospitais e unidades de saúde e equipar esses locais. Em troca deverão assumir os serviços de limpeza, de manutenção e de segurança da unidade. Essa prestação de serviços será remunerada pela Prefeitura. A gerência poderá ser direta ou terceirizada. A escolha será feita por meio de licitação.

2 comentários:

  1. TIRANDO TODA A POLITICAGEM E SUJEIRA QUE EXISTE, ACREDITO NO psf. ELE FUNCIONA MUITO BEM QUANDO HÁ PROFISSIONAIS DEDICADOS EM CUMPRIR SEU DEVER, VISANDO O BEM ESTAR DA SOCIEDADE. É UM TRABALHO DIFÍCIL E LONGO, MAS QUE AOS POUCOS FAZEM A DIFERENÇA, AINDA QUE PEQUENA. É NECESSÁRIO TAMBÉM QUE A POPULAÇAO DEIXE DE SER MEDÍOCRE E INGRATA, E PASSE A ENXERGAR O QUE O SUS TEM LHE PROPORCIONADO ATRAVÉS DO PSF, AO INVÉS DE SÓ SE QUEIXAREM. NÃO PODEMOS GENERALIZAR MAS MUITAS VEZES SÃO REBELDES SEM CAUSA DESCONTENTES COM OUTROS PROBLEMAS, QUE NADA TEM A VER COM A SAÚDE PÚBLICA, E ACHAM QUE RECLAMAR E PROTESTAR TRARÁ ALGUMA SOLUÇÃO. O PSF FUNCIONA SIM, E MUITO BEM. PODE FUNCIONAR MELHOR AINDA SE OS COLABORADORES COMO AS "OS'S" GOSTAM DE FALAR, FOSSEM MELHOR VALORIZADOS.

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  2. Creio que o PSF é um excelente programa com origem no Brasil a partir de alguns municípios tendo como fonte externa as experiências em Canadá, Cuba e Reino Unido. O problema não está nos seus funcionários, não. QUando a população reclama é porque não há continuidade no excelente trabalho do PSF. Sabemos que os casos que chegam às UBS não tem para onde serem encaminhados. Não há ambulatórios nem clínicas suficientes para garantir exames e especialistas. Rompe assim com a proposta do SUS. Sabemos que as OS´s em nada resolvem esse problema. Há um descontrole social dos gastos e sabemos que o setor privado não assume prejuízo. Pelo contrário, existe pelo lucro. As AMAs fazem um primeiro atendimento que também não tem continuidade. Sobra pro PSF que faz acompanhamento e não tem como solucionar problemas como encaminhamento. As AMAS atendem e mandam para casa. Não recebem a reclamação e a população acredita que esse sistema funciona. Entregar para o setor privado é risco imenso. Assista o filme de Michael Moore e veja como tem sido a saúde por lá até recentemente:
    http://politikei.blogspot.com/2010/12/sicko-o-saude-michael-moore.html

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