Solange Spigliatti – O Estado de S.Paulo
Militantes do movimento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) e entidades sociais vão promover no domingo uma manifestação em repúdio e para reivindicar providências contra a série de atentados violentos cometidos na Avenida Paulista. O protesto está previsto para começar às 15 horas, no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), de onde os manifestantes vão caminhar até o local das agressões, próximo da Estação Brigadeiro do Metrô.
Um abaixo-assinado virtual direcionado às autoridades públicas também já está disponível. O movimento questiona a falta de uma legislação específica que criminalize a homofobia, assim como já se enquadra o racismo. O foco do movimento é o crime cometido no domingo pelos cinco jovens de classe média – que estudam juntos em um colégio do Itaim-Bibi. Para os organizadores do evento, há diversos indícios que comprovam o crime de intolerância.
Jovem atacado na Paulista escapou da morte, diz polícia
Após vídeo e testemunha, delegado agora fala em tentativa de homicídio
Vigia diz que vítima foi encurralada e não pôde se defender; polícia não conseguiu definir quem é quem nas imagens
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DE SÃO PAULO
O depoimento de uma testemunha ontem à polícia de SP complicou ainda mais a situação dos cinco jovens acusados de participar de uma série de agressões na av. Paulista no último domingo.
Após ouvir a versão do vigia Rafael Fernandes, que trabalha em um dos prédios da avenida Paulista, a polícia passou a falar no crime de tentativa de homicídio e pode levar a novo pedido de prisão ou internação dos jovens.
Antes, a polícia falava em formação de quadrilha e lesão corporal gravíssima. Para o delegado-assistente Renato Felisoni, se o vigia não tivesse agido em defesa da vítima, ela poderia ter morrido.
Fernandes disse aos policiais que interveio na agressão contra o estudante Luís, 23, e ainda questionou por que faziam aquilo. “Porque ele é “veado”, teria respondido um dos jovens.
O relato do vigia foi dado um dia depois de imagens das câmeras do prédio serem divulgadas pelo “SBT Brasil”, anteontem.
Ele diz que, após os três golpes com lâmpada fluorescente (que aparecem no vídeo), Luís acaba encurralado. Leva socos e chutes no rosto de três dos cinco jovens, e continua apanhando mesmo após desfalecer.
A polícia não conseguiu definir quem é quem nas imagens do vídeo.
Na semana que vem, mais duas testemunhas serão ouvidas. A busca por novas imagens continua. O inquérito deve ser concluído em uma semana.
O Ministério Público informou ontem que requisitou as imagens do vídeo. Haverá pedido de apreensão dos menores? “Ainda é cedo para falar”, disse o promotor Tales de Oliveira, da Infância.
“O Ministério Público já havia pedido a internação provisória desses meninos, mas a Justiça não concordou. A posição da Promotoria, desde o início do processo, é muito clara no sentindo da necessidade da internação desses adolescentes.”
“Uma coisa ficou clara: não ocorreu legítima defesa. A vítima não tentou investir fisicamente. Ela foi tomada de surpresa pela agressão”, disse Oliveira.MANIFESTAÇÃO
O deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL-SP) organizou ontem, na esquina da Paulista com a Brigadeiro Luis Antonio, perto do local da agressão, uma manifestação contra a homofobia.
Ele e ativistas do movimento gay coletaram assinaturas em prol da aprovação do projeto de lei 122/2006, que criminaliza a homofobia.
(CRISTINA MORENO DE CASTRO, ROGÉRIO PAGNAN e JAMES CIMINO)Promotor vê omissão de pais de agressores
Para Tales Cezar de Oliveira, promotor da Infância e Juventude da capital, “bom pai é o que diz “não’” aos filhos
“Um bom pai jamais permitiria que o filho menor de 18 anos ficasse até as 6h numa balada”, afirma ele
ROGÉRIO PAGNAN – FOLHA SP
DE SÃO PAULO
O promotor Tales Cezar de Oliveira, da Infância e Juventude da capital, critica os pais dos adolescentes envolvidos na agressão contra outros jovens na avenida Paulista, em São Paulo. Primeiro, por permitir que estivessem numa balada até as 6h. Depois, por defendê-los. “Bom pai é o que diz “não’”, disse ele. Leia trechos abaixo.
Folha – Qual foi a sensação do sr. ao ver as imagens?
Tales Cezar de Oliveira - A sensação, como cidadão, assim como provavelmente deve ter sido com 99% das pessoas, de absoluta repulsa ao ato gratuito de violência.
Isso mostra que a violência urbana está chegado a um ponto extremamente complicado. Nós, cidadãos de bem, estamos ilhados. Por quê?
Porque o Estado está fraco. Ele não tem uma política pública social de prevenção. E, ao mesmo tempo, o Estado repressor é fraco.
Nós, cidadão honestos, estamos entregues à própria sorte.
No lugar desse cidadão agredido poderia ter sido eu, você, minha esposa, meu filho… Qualquer um de nós.Os pais chegaram a dizer que são meninos de bem, não são violentos, e só reagiram.
Isso só demonstra por que esses filhos chegaram aonde chegaram. Pais omissos, que passam a mão na cabeça dos filhos. Pais que acham que ser bons pais é proteger o filho, não dizer “não” ao filho.
O bom pai é aquele que castiga o filho, desde pequeno, quando faz uma coisa errada. Para ele aprender, quando for grande, os limites das outras pessoas.
O bom pai é aquele que diz “não”.
Um bom pai jamais permitiria que o filho menor de 18 anos ficasse até as 6h numa balada.
Isso demonstra claramente que a família falhou em algum momento na educação dos filhos.O que pode acontecer com esses pais?
Não vou dizer sobre esse caso específico.
Mas, sempre que estivermos diante de um caso de falha do pai ou da mãe na educação do filho, o estatuto [da Criança e do Adolescente] prevê medidas aplicáveis aos pais, como orientação social e psicológica.
Há muita gente com dinheiro sem estrutura psicológica para enfrentar a vicissitude do dia a dia.
http://blogdofavre.ig.com.br/2010/11/movimento-lgbt-convoca-protesto-para-domingo/
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